segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Chegamos ao Outono?


Sr fulano de tal...

Passei rapidamente para deixar o seguinte registo: passámos o Outono e nem dei por isso e só agora na Alemanha percebi que estámos num Inverno ameno ainda. Ainda resistem verdes algumas folhas que teimosamente se recusam cair das árvores. Em anos anteriores já teria enfrentado fortes chuvadas e temido o manto branco de neve que ousa cobrir as estradas, mas este ano, a não ser as temperaturas nocturnas que me roçam a pele e me lembram da época em que estámos, o Outono passou tão despercebido, com laivos de Verão em alguns dias e de Inverno noutros, que nem lembrei de deixar aqui qualquer registo.



Assim, entre dias de sol e de fortes chuvadas apercebo-me que o meu herói aguarda com ansiedade o dia 12 de Dezembro onde certamente atingirá os 90 anos de vida e tal como este ano, o seu Outono vai passando sem que o Inverno da vida se instale e que assim continue por mais anos. E se os dias não tem cor, ou a vida a perdeu, então colorimo-la, nem que seja apenas para rirmos os dois, eu e o Avô Felisberto, por certo o farol mais forte que serve de referência a um rumo com o qual procuro seguir com a proa da minha jangada frágil mas, até ver, contínua.




Assim sendo, e depois de um fim-de-semana com caracteristicas familiares em Hosingen, Luxemburgo, pouso a viola e vou desde já agarrar-me a outro instrumento, o de trabalho, que hoje a música é outra e eu parece-me estar um pouco desanimado tendo em conta que me debati com uma gripe em plena viagem e aprendi que na Alemanha não se deve procurar uma cruz verde a dizer "Farmacia ou pharmacy" mas antes procurar uma serpente vermelha a subir para uma taça e onde se possa ler "Apotheke". Certo é que a gripe se foi e eu fiquei para contar a história.

Queiram passar bem, boa semana e boas ventanias durante as vossas viagens.

Tenho um pequeno adereço na boca que quem me conhece sabe que é apenas para a foto...nem sei que aquilo é

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Quatrocentos mil...


Peñafiel e o seu castelo ali pousado...

Sr fulano de tal...

Poderia ter gravado a comunicação rádio mas não o fiz embora o momento fosse mais um pedaço de história nossa, meu e da minha 07 sempre fiel, audaz e abnegada. Amanhecemos em Penãfiel, pequena mas próspera localidade logo após Valladolid e segue em direcção* a Sória, o destino era Barcelona para embarcar no ferry e seguir para a ilha Sardenha, Itália. Faltavam exactamente 150 quilómetros de atingir os quatrocentos mil quilometros a bordo da minha Xaleca, veloz e prudente, e o Antunes fazia contas aos seus quilometros e dizia-me:
- Eh pá, vai ser ali 1 km antes da rotunda de Sória. É lá que estaremos quando avançarmos 150 kms.
- Ok, eu vou controlando.

O café de panela feito para 4 ou 5 motoristas sabe sempre bem...assim ao nascer do dia ainda melhor. Olhava o sol nascer e a luz a invadir o Castelo que no alto do povo se ergue. Penafiel tem o Sameiro, Penãfiel um Castelo. O Castelo talvez mais perto do povo do que a igreja...saiba-se lá porquê. Aproveito e tiro uma foto com Peñafiel e a sua sobranceira fortaleza como cenário e arranco.
A viagem decorre bem e em bom ritmo, vou usando o meio rádio disponivel para ir trocando algumas impressões com o Antunes que seguia na frente da expedição. E lá ia ele conferindo e perguntado:
- Faltam 49 kms, certo Queiroz?
- É correcto, tás a trabalhar bem.
- Aí atrás, está tudo bem? pelo retrovisor só vejo dois camiões e somos seis...~
- Ok, vou cá trás e vejo-os todos á frente...a scania nas subidas trasa-se e não o vou passar. Atrás deve vir alguém com rádio. Abranda aí á frente para a malta ter contacto visual
- Ok

E assim se passava a manhã de 30 de Setembro...

E a xaleca deslizava na sinuosa estrada de Sória, troço que sinceramente adoro fazer. Aproxima-se Sória, o Antunes vai fazendo a contagem decrescente pelo rádio e quando o ultimo 9 passou a 0 a buzina tocou e a xaleca percebeu que a festa era dela e foi assim, que registei o momento em que atingi mais um objectivo que agora passa a ser o meio milhão...
- Queiroz, tás ná copia?
- Yeap, Antunes, diz lá...
- Pah...parabens, foi agora, né?
- Certinho, não falhaste. Obrigado. A Xaleca saúda-te...


Quatrocentos mil...o momento


E assim pús uma pequena musica no ar no canal rádio em que estavamos a comunicar e as cornetas das buzinas soaram forte como leão esfomeado por correr por muitos e muitos mais kms.Agora o objectivo será atingir quinhentos mil kms, que sinceramente espero alcançar lá para Junho do ano que vem. Tenho que fazer contas em que dia será mais ou menos, para não aceitar convites de casamento desse dia...
Quatrocentos mil...é muita hora, muitos dias..820 jornadas de trabalho ( o tacógrafo "chiba" tudo), vários Países, dois ou três toques dos quais sei a história...aliás, sei de cor a história de cada escanadela que 33 meses de amadurecimento me ditaram. E gosto que assim seja...saber a história de cada cicatriz que vejo. Acredito que uma viatura tendo um só condutor, fixo, corre o risco sério de trabalhar uns anos mais que algumas viaturas que andam de mão em mão e ironia do destino cada vez mais abandonadas são, até estarem assassinadas de todo e acabem precocemente num parque qualquer sem condições de circular seja para onde fôr. Talvez a xaleca seja o meu reflexo...arranjadinha e tal mas podia estar melhor, mas há muitas que estão bem piores e além disso esta ao meu gosto, mesmo as 5 bruxas e o Pai Natal ao voar a cada curva...e o espanta-espiritos que penduro de noite para que o vento a abanar a cabine o agite, serenamente, de forma a soar suave até onde durmo. A jovem xaleca é o meu canto quando não estou em casa. Tenho de ter tudo o que possa precisar...e viola essa não pode faltar, acho que não sei ir para lado nenhum sem que pense que me pode apetecer tocar um pouco de viola para mim. Papel e lápis para desenhar também não, livros para ler e papel para escrever. Quatrocentos mil quilómetros tão distribuídos por euforia, alegria, tristeza, saudade, ira e ás vezes raiva. Mas em suma quase todas consumidas aqui, a 2 , eu e a almofada. Histórias de viagens, avarias, avanços, travessias e travessuras...que acabei a comemorar no navio "Cruise Barcelona" com os colegas que partilharam comigo o destino e o fim-de-semana.


Esqª para dta: Antunes, Armando, Queiroz, Jorge Amaral, José e o Slva.

E aquele ponto, a iniciar a subida ligeira para a rotunda de Sória fica assim intrisecamente ligado a este momento e sempre que lá passarmos, será como passar o local onde fizemos os 300 mil...tocamos se fôr de dia ou dá-mos piscas se fôr de noite porque de facto há locais e momentos que não se esquecem. Embora vamos a outros 100 mil...assim Deus queira e o patrão deixe. Assim seja...amén.


* Já vos disse o que acho do acordo ortográfico? Acho que já o escrevi aqui num qualquer post recesso colocado aí há meses mas em suma...não vou muito com moderniçes, para ser educado até diria que quero que o acordo ortográfico nunca me siga o rasto.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Metrónomo nulo


Sr fulano de tal...
Tias Polly e Ester:

Começam a cair as noites quentes, erguem-se mudas e lentas as noites frias e em breve o coro de sofagens de parque, será uma realidade...é assim que recebemos as noites frias onde as temperaturas serão em algumas ocasiões inferiores aos -8º. Os itinerários em gelo negro numa pelicula tão fina que é quase impossivel distingui-la do alcatrão molhado. Os bloqueios imensos causados pelos nevões com centenas de carros e camiões bloqueados nas auto-estradas, parados e sem qualquer hipotese de sair ali senão quando a estrada fôr desloqueada e aos poucos, limpa. E em dia de nevão voltaremos a cruzar Burgos com óculos de sol, porque quando neva a zona por ser ampla e aberta transforma-se em gigantes lençois almofadados que refectem a luz do sol, causando uma densidade de luz tão grande que me ardem os olhos e se sente o esforço que é necessário fazer para os manter com 60 % das suas capacidades. É fantástica a natureza...

E assim me vou despedindo e despindo das minhas t-shirts de andar por fora...claro que continuarão aqui as mais reles, até porque sabe bem sentir o frio no exterior e estar aqui dentro, nesta cabine, a desfolhar umas canções á viola e a manter a minha mente sempre mas sempre activa. A música mantem-me activo, sustem os meus primeiros impulsos...sejam eles de que indole fôr, é pelo meu ritmo que vou tocando o que sei e posso, ajusto musicas ao estado de espirito e é assim que eu vou. Vou, venho, fui, regresso e volto e em todos estes tempos verbais trago a viola. Tal como qualquer um de nós pode estar no Dragão, em dia de estádio cheio num Porto vs Benfica, e sentir-se mais só que o Socrates em noite de dia de eleições perdidas, também eu poderei trazer a viola comigo, ou estar a tocar e a cantar, nunca significará que estou em festa comigo mesmo até porque quando estou mesmo bem, prefiro não tocar... Andarei sempre ao meu ritmo nas canções que canto, ao ritmo do que consigo ao ritmo do que preciso. E este compasso que ninguém o tente alterar, nem com a mais temivel batuta em mãos de mestre que esteja...e é esta a cadência por onde me arrasto, sai a musica, a letra, o conteúdo mas sem o espalhafato que não desejo de todo.

Fechei o vidro á noite...começa a ser demasiado fresca para entrar livremente pela janela e instalar-se comigo aqui. Deixo-lhe apenas uma fresta aberta para que circule, fraca e fresca sem no entanto ser forte e gelada. Solto uns acordes de viola e rebusco da memória coisas que toquei em momentos que hoje sei terem sido marcantes para mim...pela frincha aberta da janela oposta vejo o fumo do cigarro que se queima como ampulheta na borda do cinzeiro vermelho, especial para colocar beatas a queimarem-se sozinhas. Não é Inquisição nenhuma, refiro-me ás pontas de cigarros. E apenas com uma ténue luz azul neón, expurgo o meu dia...deixo-me estar, ali, alheio a tudo e a todos sem no entando me deslocar do meio de nada. Vejo apenas o fumo a sair pela fresta...fumo branco, há paz e consenso, sou eu de acordo comigo mesmo. E a luz azul mostra-me o fumo a sinalizar a noite que vai saindo um pouco mais quente, um pouco mais colorida e pulverizada em acordes perdidos de musicas perdidas, só em mim achadas e em mim cumpridas...mas sempre sob a minha batuta, que acreditem, é para mim mesmo por vezes muito mais exigente do que a de algum entendido da matéria.
Começaram a cair as noites frias...

domingo, 4 de setembro de 2011

Lavanda poente

"O regresso...o fim do dia em Béziers...a 07 companheira sem a placa "Cão k Fuma" nem parece a mesma hihihi"


Sr fulano de tal...

Setembro...eis a ante-câmara do Outono que virá aí a passos largos, dourando os campos e as serras, onde cada pinga de orvalho será diamante a brilhar quando nascer o sol...é a invasão do amarelo e o fim de vida de muitas mil folhas que nos deram sombra. Eu gosto do Outono, não há calor a mais nem demasiado frio...não se toca em extremos, penso.
Viagem de regresso ao trabalho, destino Marselha, a senhora Lavanda das cidades de França. Enquanto em Portugal chovia a potes, aqui o sol brilhava em todo o seu explendor e os termómetros quase se viam sem mercurio para se esticarem até onde tinham que ir. Pessoalmente não gosto muito de Marselha, há muitos relatos de assaltos a camiões e vandalismo aos mesmos, nomeadamente cortes com facas nas lonas que protegem as cargas das chuvas. Sente-se a insegurança na area, daí que prefira sempre ficar um pouco distante do centro da cidade. Até porque nas imediações de Marselha, a parte das serras que a encerram a sul de Aix-en-Provence o ar colorido enebria-se com o aroma doce e paralisante a lavanda...viciei-me no aroma natural da lavanda. Já nos suburbio urbano, o ar cinzento que se respira é o mesmo de todas as urbes...o fumo e gazes que formam uma ténue nuvem negra que as absorvem.

As vistas sobre o porto e o aeroporto de Marselha. Desde uma colina em Les Pennes Mirabeau...onde me sentei e fumei


Dormi no alto de uma montanha com vistas para o mediterraneo...fiquei a ver aviões pousar e levantar voo, na pista do aeroporto de Marigname.Precisava berrar sem ser ouvio, abrir pulmões a tão delicado perfume a que me rendi. Em cada avião colocava uma dúvida que via seguir até onde os meus olhos podiam alcançar. cada um que chegava era a certeza de algo. A pista entra pelo mar dentro tornando mais belas as aterragens e descolagens, porque parece que vão mergulhar no mar mas não...eis que sobem e eis que descem em segurança. Sozinho, assim, no alto da montanha...pude sentar-me num rochedo e fazer um pic-nic a sós, cantando, fumando e tocando viola, afinal a companhia que muito me apraz nas horas mais vazias em que o trabalho não me preenche os sentidos. Corre um vento quente enquanto o sol se põe, passa a policia e pára mesmo ao lado do meu camião, metido na mata por falta de local onde estacionar junto á fabrica onde iria carregar pela manhã. Vejo-os em silêncio rondar atentamente o camião...até que me faço anunciar. Explico-lhes que estou ali por falta de parque e porque fui encaminhado pelo segurança da fabrica expedidora. Foram-se embora sem chatear e desejando boa noite. E fiquei ali, sentado a ver aviões chegarem e a partirem.
E voltei, iniciei regresso a casa não sem antes trazer Lavanda a perfumar até Portugal o habitáculo que me sustem. As noticias que me chegam de Portugal por intermédio dos amigos com quem vou contactando por mail ou msn falam-me de chuvas e frio em Portugal enquanto eu tento proteger a pele do sol que parece incidir mais nesse momento. Saio de Marselha com o sol a queimar-me a pele e sigo-o até assistir ao momento em que ele se esconde atrás do espaço mais longinquo que os meus olhos podem alcançar, desde Hastingues, já pertinho de Bayonne, em direcção aos lados do mar.
E Setembro é isto...o começo de uma renovação, ficam as folhas mais fortes e as mais fracas vão caindo...os dias ficam curtos e não chegam senão para o que é e quem é importante. Voltam os dias de agitação nas escolas e consequentemente um visivel aumento de viaturas ligeiras nas estradas de pais que levam ou recolhem os seus filhos das escolas. É derramar duvidas quase adquiridas por certezas absolutas irremediávelmente achadas e é sobretudo onde tudo começa para mim: o Outono. Caiam as folhas mortas de fracas raízes...mas venham dias amenos até que p´lo menos chegue o Inverno e torne a estrada em extensos e finos mantos brancos de neve.
Se vos pudesse dizer ou fazer sentir o quanto cheira a lavanda este bocado de letras...





sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Parabens sandalita


Sr fulano de tal...

Parabens Sandalita...não me esqueci de ti nem deste dia :)
Esejas onde estiveres...Parabens.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Banco de jardim


Sr fulano de tal...

Tardes de sol que arrefecem a alma e isolam um corpo, só, sem alegria, num banco do Jardim da Praça da República. Sentado de costas para o sol, uma sombra e um antigo caminho. Os meus olhos seguem, um caminho imaginário de onde antes colocava os meus pés, neste jardim quando andava ali, no Quartel General. Sentado e só...no meio de uma cidade povoada de gente, Sta Catarina da desaguar ali, a 3 minutos a pé, e eu ali...apenas a ver passados e caminhos imaginários. Resumi-me a traçar cenários imaginários e caminhar, voar, nadar e mergulhar neles. o que era antes uma praça de sol quente, uma especie de hall para a cidade, parece hoje um espaço soalheiro de recolha para gente só e triste e com um local próprio para o caezinhos irem cagar. Para mendigos e homens vazios que assustam...e hoje, um daqueles bancos de jardim que esperam a companhia de um homem só, suportou não só o meu peso, mas o peso do que trazia na trouxa que não espalhei no chão, no meio das demais pessoas sós.
Senti-me hoje um vazio...tremendo. Um ninguém diante daquele edificio em que tive tantos amigos. Hoje a praça está vazia, o Quartel sem vida...e eu.
Levantei-me, segui coordenadas e vagueei no trânsito de um Porto quase em hora de ponto e cheio de caras estranhas e que se mantiveram estranhas. Acendi o cigarro artesanal e meti-me á estrada...já não sei andar nos caminhos felizes da cidade e da praça onde um dia, não procurei um dqueles bancos para me sentar.
Virei o jogo ao contrário, respirei fundo...enchi os pulmões de ar ao subir os aliados numa tentativa vã de ver um rosto conhecido e arranquei. Peito cheio e de coração cheio. Pelo menos respirei um pouco das cinzas do passado. E convenci-me de facto que pessoas que buscam bancos de jardim, são pessoas que não encontram, por entre transeuntes, carros, buzinas, semaforos eu sei lá...toda a parafernália que um centro de cidade pode ter, uma face de sorriso aberto ao sol para dar.
Hoje preciso de um abraço mesmo amigo...há um sentimento de perda e nem sei de quê, de medo e não sei do quê e de fuga sem saber porquê...mas é assim hoje, o rapazito que sou, se define enquanto o sol me acena um adeus, um até amanhã.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O meu ovo de chocolate

Estes são os amigos que acamparam comigo em Vila Flor, chamo-lhe "a corja", tudo pessoal da banda.


Sr fulano de tal...

Se lhe dissesse que geralmente se tira férias para descansar, não estaria a dizer nada que lhe fosse surpreender de nenhuma forma. Mas não seria novo se lhe dissesse que ando cansado, não de férias, mas das férias...Mal durmo, não quero perder cada nascer do sol, ás vezes deito-me só depois de ver a lua cruzar o largo de ponta a ponta é que então adormeço. Cansado talvez porque no fundo parecem-me vazias. Ocas talvez...mas com alguns momentos cheios, como se fosse um daqueles ovos de chocolate que são ocos, mas lá dentro andam aos tombos peças de algo que geralmente é positivo para os putos...ou não. Vou abrir o ovo a ver que coisas saiem de boas.

Vila flôr. É daqueles sítios que fazem parte da minha vida e o melhor é que nem sei explicar porquê. Sei que começei por ir sozinho, um dia, sem destino. Não sonhava ainda em conduzir camiões, talvez ainda não tivesse ido para Angola. Creio que foi em 95...Ainda era eu militar em regime de voluntariado. Tive férias e fui sozinho. Meti tenda e bicicleta na mala, cobertor, a viola e um mapa e fui... Fui conhecer um Portugal que não conhecia senão do que dava pela tv e por aguns sitios por onde passei quando fui para Lisboa, para a tropa. Nesses dias de Agosto, abri o mapa e vi Caminha...achei simpática a ideia de ir acampar para Caminha e lá fui eu. Duas tardes e uma noite, foi o que aguentei lá. O parque era numa zona arenosa, rodeado de tendas lá encontrei espaço para montar a minha (hoje ainda é a mesma) canadiana. A água do mar estava fria, parecia gelada e voltei para a tenda...era a minha 1ª viagem a descobrir mundo. Nessa noite o vento arrancou as endas todas do chão...eu andei atrás da minha dentro de uma daquelas tendas grandes, de uns bacanos estrangeiros. Ninguém dormiu nessa noite...só de manhã, ao nascer do sol consegui montar de novo a tenda, mas com menos de metade das espias...Dormi um pouco. Acordei ao meio dia com uma mordidela de um moscardo que me inchou o pescoço...Lá fui eu para uma farmácia mesmo no centro de Caminha, 3 minutos para lá chegar, explicar o que me aconteceu e trazer uma bisnaga de fenistil...quando cheguei já estavam dois militares da GNR a passar-me o respectivo talãozinho. Cheguei a tempo de lhes explicar e mostrar que era mesmo uma urgência e lá me deixaram seguir com o aviso de não voltar a estacionar na praça do táxi. Arrumei a tenda e decidi abandonar o Minho...a agonia era muita, mais que em Viana do Castelo e a sua Sra. Lembro de olhar para Mirandela e ver no mapa uma localidade de nome sugestivo: Vila Flôr. E lá fui eu, de costas voltadas ao pôr-do-sol, á água fria e ao moscardo.

E ao longo dos anos fui indo e levando amigos para lá, malta da banda, e agora é quase um hábito ir até lá e levrar instrumentos.

Tive um encontro, ou melhor, um convivio com umas das companhias de Infantaria que intregrei em Timor. Foi muito bom poder rever as pessoas em quem foi um privilégio confiar. Passados oito anos parecem todos iguais, ligeiramente carecas, ligeiramente mais gordos e muito mais pais. A alegria de ver pessoas que pensei nunca mais encontrar na vida...sim, porque a tropa é isso mesmo, a malta passa, há um ou tro que fica na nossa história e um dia vai-se embora e a vida continua. O tempo lá vai levando o sentimento breve da ausência de alguém a quem estavamos habituados a ter por perto, como camarada ou amigo. Mas um dia quando os encontro, deixo no araço toda a alegria qe possa sentir de ver aqueles gajos que não conhecia de nenhum lado mas eram quem me podia valer. Um bom dia para a alma.
O 1º convivio da 1ª Cat...poucos mas bons. Sou o que está ai, de viola...


Tive horas felizes, já apanhei duas bebedeiras muito fixes com os meus amigos, uma em Vila Flôr e outra na minha terra numa noite em que eram sete da manhã e eu esperava o dia com uma garrafa de whysky na mão e outra de cola. É mesmo muito feliz, podem crer.

Faltam mais uns dias, e haverá no ovo espaço para mais coisas boas qe me vão ser positivas. Um ovo assim, gigante, mas que rebente sempre de tão cheio, é o que vou esperar destes dias que ainda vou ver o sol nascer, sentado no telhado, de cigarro na mão. Também adoro deitar-me no telhado á noite, sem a luz dos postes que transbordam de luz curiosa por saber quem sob eles namora a lua. Ali é que eu tou bem...se quiser ver as estrelas e quem nelas vive. Por vezes parece que sinto que elas me olham como se fossem essoas que lá vivem e que já foram arrancadas dos nossos dias, das nossas horas. Talvez estas estrelinhas sejam coisas boas pequeninas polvilhadas do ovo. Ando cansado e não me apetece descansar. São férias para poder ser o que sou. Um gajo que não é bom em nada e se safa em quase tudo. Até se calhar na forma de abrir o ovo. Odeio os momentos vazios assim como os momentos cheios de nada. Valha-me ao menos o meu FCP que já vai dando umas alegrias, assim como o vosso SLB e no caso de outros o SCP. E o Cerveira também...

sábado, 13 de agosto de 2011

Artesanato casual


sr fulano de tal...

Mando este telegrama, apenas para lhe dizer que as férias estão a correr bem. Faltava-me de facto não ter horas para nada.
Durante estes dias voltei a Vila Flôr, esse ponto de encontro comigo mesmo e com o que sou e com os meus amigos. Este ano jurei que me ia controlar e não apanhar nenhuma moca de vinho...mas descuidei-me nas caipirinhas e ainda trago o sabor da vontade de lá voltar para beber apenas mais uma caipirinha.
Tenho aprofundado o gosto de contemplar a beleza de algumas peças de artesanato Português e hoje, caricatamente, lembrei-me de escrever algo sobre o meu País. Escolhi falar de artesanato...

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Arroba.cão


Sr fulano de tal...

Ás vezes saio daqui do teclado do computador mais gelado que o mais profundo banco de gelo glaciar. Sinto que não há sitio para estar, como se fora peça de um puzzle imensamente gigante que aguarda ver ao longe um lugar onde estar sem que seja o monstro e o susto, homemneolitico da cabine, com meia duzia de rótulos que nos tatuam de mitos...
Não me conforta constatar que apenas vou sendo mais um endereço de uma maquina que escreve, que uma pessoa.
Acho que dei de caras com a minha primeira noite de melancolia, da qual falava no último post...como que se o nosso mundo se despovoasse e não houvesse lugar algum onde gostassemos de estar, senão em frente ao computador e ser um mero endereço electrónico.
Há noites assim e eu tenho-as.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Mete-me um barraco em cima...vai chover


Sr fulano de tal...
Antes de mais deixe-me dizer-lhe que se me dá chuva na minha primeira noite de férias, eu retribuo com seca. Mas contudo, e após este pequeno aparte (quem não quiser seca, é melhor ir curtir a chuva) dirijo-me a si.
Saiba o senhor que durante uns dias por certo não virei cá trazer-lhe novas teorias geradas e criadas ao volante da minha Xaleca. Poderei eventualmente vir e abordar algum assunto resultante da melancolia que muitos dos homens temporariamente sós acabam por sentir nas férias. Eu apesar de tudo procuro ser uma pessoa normal, completamente normal, com familia, amigos e umas cadelitas para cuidar. Intemporávemente só.
Conheço homens que não tiram férias. Sentem-se estranhos perante os filhos que cresceram sob a ausência do pai e apenas ás mãos das respectivas mães, homens que não sabem estar mais que dois dias em casa porque se sentem estranhos. E é quando quando as malas se abram, a dis, que ouço dessas histórias. Pais que não fazem a minima ideia do que o filho faz, as palavras que ele já aprendeu a dizer : papá, mamã, porto e Pinto da Costa. Eu não...posso chegar ao 10º dia de férias e sentir uma certa melancolia por constatar que não vou conseguir fazer nas férias as coisas que durante onze meses arquitecto no meu caco craneano, sob a quase certeza absoluta que o conseguiria fazer. Mas no fundo, para muita boa gente, um motorista não passa do outro lado do negócio das putas e de gajos que cheiram mal, arrotam e coçam o cú com o dedo mindinho. E este conceito vai-se sentindo e eu perco a coragem de levar a cabo muitas das coisas que gostava de fazer porque senti na pele a vergonha que pessoas antes minhas amigas sentem por ter escolhido uma profissão quem tem carimbado a negro muitos mitos que no fundo não correspondem á verdade.
Eu quero férias, eu não vou de férias, eu prefiro ficar de férias até para organizar muita coisa que a minha vida normal não permite que tenha tempo ou disponibilidade de as levar a bom porto. Ficar em casa ver o sol nascer no largo, passear a pé pelos campos com as minhas cadelitas, encontrar todos os dias a minha familia, amigos do meu núcleo forte e poder também entregar-me a eles, são ambições de férias. Meter-me no meu carro e sair sem destino para qualquer recondita vila ou aldeia de Portugal, ir com o pessoal da banda acampar para Vila Flôr, beber uns copos em S.Mamede de Ribatua, ir ao Artur a Torre de Moncorvo fazer contas a uma posta á Mirandesa. Quero sentar-me junto ao meu avô e poder estar com ele sem lhe dar a sucessiva preocupação que lhe causam as viagens e as partidas. Não quero saber de partidas, apenas de chegadas, estar com pessoas que realmente se sintam bem por eu estar ali, ficar pela madrugada com amigos a tocar viola nas esplanadas e a cantar. É um sonho poder sonhar com cada madrugada iniciada com amigos numa esplanada seja a conversar ou a cantar para as pedras que fazem as casas do meu lugar. Pedras douradas de sol e lavadas de chuva. Provável que tambem acabe por servir de baby-sitter da minha sobrinha que para azar do meu irmão, havia de seguir as pisadas de um tio maluco que sou, nascendo na manhã de 24 de julho como eu, sendo leâo como eu e do ano do tigre como eu. E como eu gosto daquela menina com carinha de meu irmão quando era puto, menina de sorriso fácil e indefeso.
Mau prenúncio é a chuva que me abraça nestas manhãs primeiras de Agosto...oxalá que ao recolher do camião no parque, S.Pedro me recompense pelas procissões feitas em sua honra...mas, dass...chuva a começar o mês de Agosto? Por alma de quem? Não...assim não. Férias de cinzento e guarda-chuva, não. Além disso os meus pobres sapatos estão rotos e andar com um lagar portátil ao fim da pata, não, muito obrigado, Senhor S. Pedro. Sempre que como galinha ou frango assado, lembro que o mesmo, já depois de estar a ser mastigado, pode cantar (só espero não estar a comer o pescoço do galo cantor)** e inevitavelmente lembro o Senhor, senhor S.Pedro. Também me lembro quando vejo as indefesas do um tal de Roberto...chamam-lhe frangueiro e lá vem o pensamento...e lá me lembro do galo e do Senhor. Dai-me sol...deixai-me apresentar bronzeado no inferno, que gajos como eu nem no céu acordam para ir á missa ao domingo de manhã. Se fôr ao sábado á tarde é coisa que até não tá mal...é onde se pode observar parte da densidade populacional aqui da freguesia. Dai-me sol S.Pedro porque tenho andado a trabalhar, exposto á moderada temperatura como a foto documenta
Posso ser multado por um policia chegar aqui ao blog e disser: alto lá, oh escrivão...tás a transgedir e de maneira. que é essa coisa de tirar a foto ao manómetro da temperatura do habitáculo so sr chauffer enquanto sobe a a25 na zona da Guarda, hein?)



como que um estágio para mostrar o osso aí ao fiambre e o Senhor, dá-me chuva no dia em que fico de férias? E a Samarra, vou precisar dela? Diga-me...
E já a madrugada já me abraça enquanto vos escrevo e estou na montra, como não sou patrocinado por nenhuma marca de cerveja bebo uma mini sagres, fresquinha, e depois uma mini super bock, fresquissima ... e embalo-me naquela montra que namora os coretos e o lago e esplanadas desertas sacudidas por um sopro morno de vento que me leva o fumo do cigarro. Cheguei há pouco...tenho atrás de mim a alma da xaleca nas imensas coisas que nela comigo trago. Os despojos de meses de trabalho...atrás de mim, atrás, passado. Á frente...a montra e a árvore que dançá, o lago e a sombra, o corto e a luz. Há vento, morno, e eu registo a prece, aqui, que desejo a mim mesmo, dias de sol, para mim...dias de sol. Do nascer ao morrer...mas só um pouco de sol, como adeus para um amanhã que há-de vir...que convêm, contudo, me apanhe bronzeado.









** Por falar neste tema, lembrai-me um dia de vos contar como é que em Ataúro, ilha ao largo de Dili, a malta sobreviveu do que conseguia por ter comido tudo em pastuscadas silenciosas, a contar com o ovo no cú da galinha com a cena do " ai e tal amanhã vem o helicóptero e traz mantimentos...mas o gajo do heli deve ter pensado: -olha-me estes marmanjos...que rica vida. E nunca mais voltou. Lembrem-me de vos dizer como é que um galo phodeu (sou dos ph...acordo ortgráfico não) 5 gajos armados :)

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Um domingo de gente...


O largo desde minha casa, hoje ao amanhecer...o sol, os coretos e as sombras.


sr fulano de tal...

Há uma luz...uma pequena luz que me ilumina. Apesar do homem que conduz um camião que há em mim, há o puto que não envelhece lá dentro porque se recusa a acreditar que um homem perca o sentido de se divertir com o anoitecer da idade.
Escrevo-vos desde uma montra do que outrora foi a mercearia do meu avô, o meu lider espiritual.Aprend aqui com ele a escrever, a ler, a gostar de musica mas sobretudo de crescer aqui com ele. Tenho grandes recordações dos dias de magem de cafés e cevadas, o cheiro a café todo o dia...arrepio quando entro num lugar onde cheira a café, é como se o aroma me rasgasse os pulmões e me chegasse ao coração. E recordo essa minha infância aqui. Recordo-a muitas horas do dia, aqui, nesta montra, vitrina transparente,de uma posterior taberna, em que me sento e me deleito com o sol a inundar de ouro o largo granitico onde vivo e em que amanheço.
Desci as escadas a tempo de ver o sol se atirar ás paredes, os coretos desertos hoje, parecem ainda bailar ao som das vibrações impostas no último domingo. As árvores do jardim respiram hoje mais silêncio e as pedras da calçada podem enfim adormecer. O fim de festa é apenas o lançamento para a que virá depois. Puxei de um cigarro e pedi um café...não há momentos assim tão gratificantes para mim do que tomar um café em total sintonia com o que me rodeia. Observava o largo que dormia depois da agitaçao de domingo passado, onde abarrotou de gente para ouvirem a musica das bandas. Uma enorme mutidão que se juntou á cor e se rendeu á noite de festa na minha terra. Vi a multidao desde um coreto, apesar de ter um trabalho que não me garante qualquer tipo de rotina, esforço-me por estar presente no maior numero de ensaios possivel e serviços, e o Verão é a parte mais forte da época. Toco tuba, por vezes levo-a comigo nas viagens, para estudar e para que possa assim acompanhar a progressão da banda da minha terra no nivel qualitativo.
Não é fácil, mas não me vejo sem a banda, sem a musica, mas também não me vejo prejudicar o meu trabalho ou emprego por causa de uma actividade extra.Não seria possivel tocar em quase todos os serviços senão houvesse uma magnifica coordenação de esforços da parte da cadeia hierarquica que está sobre mim no meu trabalho. E faço os meus sacrificios também mas todos eles são recompensados nestas horas em que há praças cheias de gente atentas aos coretos, cada vez mais juventude a aproximar-se das filarmónicas e terminar actuações depois da uma da manhã ao som de aplausos e de "mais uma, mais uma" num coro geral que acaba por fazer valer a pena o sacrificio.

Caiu a tarde, esvai-se o azul por entre o dourado do Carvalhal.


Hoje apenas observo desta vitrina...e penso o quão seria bom puder dividir-me em 2 e descer, descontraído, e juntar-me no largo inundado de olhares curiosos e atentos e de ouvido em cada pormenor a cada obra. Não há como o norte no que toca a bandas de musica e á importância que têm nas grandes festas e romarias do norte. As noitadas com duas boas bandas em despique, tocando alternadamente como se de um desafio se tratasse um ambiente de toada e resposta. Se uma toca 1812 a outra toca Juizo Final, se a outra toca Guilherme Tell a outra replica com Marcha Eslava e quem ganha é o publico.

http://www.youtube.com/watch?v=vCRhCSB6AB0&feature=player_embedded



Quando as bandas terminam as pessoas procuram um lugar mais seguro para estar porque vem a vaca de fogo mandar toda a gente embora para casa. E é isto que realmente vale a pena na vida de um homem que é motorista...viver também um pouco de vida de gente normal.
Partilho aqui um pouco do meu lugar, do meu domingo e um pouco do que é o centro onde vivo. E é por gostar tanto que escrevo e partilho.

http://www.youtube.com/watch?v=qX3xb99OB0g

quinta-feira, 16 de junho de 2011

P....que Paris


sr fulano de tal...

Paris...oh quantas almas sonham vir a Paris e ver-lhe ser proporcionados uns dias que por certo lhes vão fazer transbordar o coração de amor e romantismo? Muitas. Até eu desejo vir a Paris. Paris é cidade luz, Paris é capital de romantismo e no seio de homens e mulheres que diariamente se desembaraçam nas estradas da Europa, Paris é apenas a capital de mini-saia. Há uma Paris dentro da Paris que conhecemos. Ou seja, há Paris para quem vem em turismo e há Paris para quem tem de vir cá e desenrascar-se neste formigueiro de formigas mil e que vou conhecendo aos poucos.
Paris, estamos a chegar a Paris. Sente-se a orla negra do fumo que paira sobre a cidade que baptizaram de cidade Luz, aos poucos a estrada desaparece coberta de veículos em marcha lenta que tentam entrar na cidade. São as longas horas de filas de trânsito em que a nossa atenção deve centrar-se mais nos espelhos retrovisores do que no carro que segue imediatamente a seguir. Estar no trânsito de Paris não é mais que um jogo de estratégia onde se procura não ser parte de nenhum acidente, é estar muito mais atento ao que nos rodeia e ao que fazem alguns condutores e tentar adivinhar ou antecer alguma situação iminente de perigo. Um exemplo? Viagem que me trouxe até aqui, Paris. Entrada no periférico, duas faixas de rodagem quase paradas, a confusão de veículos é imunda e parece nascer do chão. Sigo ali do alto da xaleca a observar o que me rodeia enquanto vou circulando a passo. Observo a pericia dos motociclistas que vão circulando entre as filas de trânsito e reparo que na fila á minha esquerda um carro procura passar para a minha fila. Sei que agora vou ter de ter cuidado pois quando menos esperar aquele carro vai-se meter bem na minha frente e eu não lhe poderei passar por cima. Vou atento. Olho o espelho, mais um motard aí vem serpenteando o trânsito, passa por mim e nesse momento o carro muda de faixa. Ora aí está o que queria dizer...era expectável que aquele carro fosse fazer estragos, e a certeza disso ficou evidente quando vi a mota bater no carro que mudou de faixa sem olhar bem pelos espelhos e vi a mota mas mais que isso, o corpo do motard, ser projectado para os rails...ali, diante de mim, pedaços da mota e uma confusão instalada. Salto do camião e corro para o motard que não mexe, que não reage ao que lhe tento dizer no meu Francês de passar fome e sede. Parecem minutos os segundos em que noto que parece que ninguém se quer meter naquilo. O homem do carro saiu e a 1ª cisa que faz é ver os estragos na lateral do carro...mete-me nojo. Em segundos havia ali médicos e enfermeiros, pessoas que iam ara os seus empregos e estavam parados no trânsito. Não mexi no homem deitado no chão, vi-o apenas bater com violência na barra que suporta os rails...há sangue a escorrer-lhe de dentro do capacete e eu prefiro não mexer a vitima porque na verdade, senti-me melhor que fosse quem sabe lidar com estes casos. Deixei o local do acidente depois de recuar uns metros, a custo, para poder contornar o acidente e seguir. O homem morreu? Não sei...estava demasiado chocado com o que estava a acontecer diante de mim e como já estavam médicos e pessoal a assistir achei bem trar dali camião para que o trânsito fluísse melhor na faixa que ficou aberta.
Esta Paris é a que conheço...uma Paris com uma periferia constituída por bairros obscuros e demasiado perigosos á noite, uma Paris quase vedada a turistas que se preenchem em visitas ao Louvre, á Torre Eiffel e ao Notre Dame e que se deixam passear de bateaux pelo rio Sena. É essa Paris cheia de luz e de côr que quero conhecer também...ir ao cair da noite a St Michel e correr todos os bares até encontrar o ideal onde beber vinho e ver um qualquer musical Francês.
Gostava de ir ao cemitério de Pere-Lachaise, não por ser o maior cemitério de Paris e um dos maiores do mundo, mas sim porque creio que o ser humano é uma coisa extremente complicada e acredito que eu também tenho as minhas pancadas no miolo, e por isso a vontade de ir lá junto de algumas sepulturas. Gostaria de poder rezar um pequeno obrigado e um silencioso pedido de desculpa a James Douglas Morrison, Jim Morrison para quem sabe que era o vocalista dos The Doors. Obrigado por criar a musica que muito me acompanha nas viagens pela madrugada e pedir-lhe desculpa por uma vez ter dito que ele era bêbado e drogado. Mas antes de terminar com esta apoteótica visita ao túmulo do Rei Lagarto, iria passear junto de outras sepulturas como a do escritores Balzac e Óscar Wilde, de gente da música como Edit Piaf, Maria Callas, Chopin e Rossini. Este é um objectivo para uma próxima viagem a Paris que me obrigue a um fim-de-semana aqui. Isso sim, é Paris. Que se lixe o bateaux porque uma vez andei de cacilheiro e deve ser a mesma coisa...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

A loja


Sr fulano de tal...
Tenho, ás vezes horas, em que penso que se fosse um edificio seria apenas uma loja de coisas absolutamente desinteressantes. Uma loja de prateleiras forradas a papel colorido e preenchidas de coisas desiteressantes, própria para pessoas que passam por lá depois de repararem que ainda há espaço vazio no saco das compras, porque ir ás compras e não rentabilizar o espaço vazio que se traz no saco dá a sensação que fomos ás compras sem precisarmos de ir ás compras.
Uma loja numa esquina onde nem o sol chega, onde uma luz ténue resiste para lá do desinteresse iminente e eis-me ali, a minha figura, velho e perdido entre prateleiras de coisas desinteressantes que acumulei lá dentro apenas para serem levadas em espaços vazios dentro de sacas que já transbordam. Uma porta e duas pequenas montras, um canto frio e cinzento, mas de cortinados amarelos.
Uma loja de coisas desinteressantes apenas.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Recado a uma estrela


fulana de tal...

Senta-te aqui, vamos lá falar com calma, está bem? Conta-me o que sabes de mim...vá lá, diz-me coisas do meu passado, fala-me de coisas que me traumatizaram, marcaram, condenaram...vá lá, fala do que sabes de mim. Pois é...não sabes nada de mim. sabes as coisas vagas da vida, que gosto de futebol e de conduzir sem destino, pena que o preço dos combustíveis não permita meter gasóleo no carro e ir até á Roménia abraçar a metade da minha carne que em Bucareste se agita em saudade. Sabes que gosto de bandas e que adoro tocar viola e cantar para os amigos. Que gostavas de saber realmente de mim? Porque não me escreves um bilhete e mo pões na mão fechado, para que eu faça de minha mão um cofre migratório e o abra apenas em minha casa, no meu cantinho e o leia de forma a dar-te de mim o que precisas de saber?
De que cor é a tua letra? Como a escreves? Nunca a vi...Há uns quantos homens sábios que atravês da letra dizem conhecer a especie de pessoa ou o caracter da pessoa...e eu, não sendo sábio, nem o desenho da tua letra conheço. Não te conheço o arrastar dos pés pelo caminho que te traria até mim.
Acreditamos nas estrelas porque as vemos daqui...mesmo estando tão longe vemo-las. Mas a ti não te vejo, talvez existas só mesmo num espaço cósmico meu e que no fundo até saibas da minha existência, mas é só isso mesmo. Saber que existe.

domingo, 15 de maio de 2011

Paralelo certo


sr fulano de tal...

Andamos como se nada fosse. Após o ritmo cromático dos dias, começa tudo a ser muito igual. Sinto saudades de quando havia algo sempre a novo a descobrir a dois. Agora resta ver a primavera colorir de flores mil os campos e o verde do horizonte em fundo azul. Mas já sabemos que adiante virão os dias de tórriso calor, dias em que o corpo suado se cola ao banco. Dias em que se levantar cedo para andar, cedo irei parar e tarde irei dormir, porque o calor impera no habitáculo, porque o corpo coze e a mina irritação frita. Também sabemos o que virá depois de Setembro...os ventos e as folhas em dourado e o doce migrar da passarada antes das primeiras chuvas de Outono e do sopro dos ventos que lhes atira os ninhos ao solo. Também sabemos o que virá depois...
Neste puzzle falta sempre a peça que somos nós e por isso, apesar de sabermos o que vem a seguir, vamos sempre a par, para o abismo da peça em falta, ou seja, também sem nós não haveria em nós novos dias, novos rumos e novos poços negros onde afogámos cada vez mais voltas passadas e abrimos espaço assim a novas viagens que se anunciam.


Permitam-me dizer-vos que o autor deste pequeno retalho em cima, é Portista e pediu para vos dizer que está imensamente feliz pelos êxitos alcançados pelos rivais do Slb...

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Devolvam-me Portugal, O Grande


Sr fulano de tal...

Arrastado entre duas águas: as que já choveram e as que chovem. Eis-me regressado á Pátria que amo mas que cada vez mais parece menos aquela que me habituaram a amar. É de semblante triste e carregado que aqui escrevo e vos falo da falta de orgulho que hoje sinto em mim em ostentar algo tão digno como a identidade Portuguesa. Aprendi todos os valores plantados na minha formação moral e pessoal. Inspirado muito pelo meu avô materno, os dez anos nas fileiras do Exército não foram por amor ás armas mas sim pelo facto de estar a viver uma experiência tão grande a nivel profissional em que esses valores eram efectivamente postos em prática. Lembro o orgulho que senti em ser Português num momento em que em Angola, formado numa parada com cerca de 100 homens, o comandante Prelhaz (major então, hoje é o adido militar Português em Timor) da minha companhia (clog6) se dirigiu a nós e disse no seu tom sempre mau e agressivo: "Rapazes, o meu orgulho em vós é elevado...o valor do nosso exército não está nas armas que usamos mas sim na qualidade e lealdade dos homens que as carregam". Lembro de arrepiar e de me sentir gente, de me sentir parte de uma máquina que funcionava muito acima do que lhe era exigido e em que os tais valores eram acima de tudo prática habitual entre nós, militares. Lembro concerteza o orgulho que tinha nessa altura surgir fardado de bandeira Portuguesa na farda numa qualquer rua de Huambo ou Luanda. Hoje o meu mundo é outro, o meu mundo é o lado do caos e do conflito, é o lado do protesto mudo e da revolta, é o mundo em que me questiono se o Portgal que a tropa me ensinou é este liderado por quem nunca foi saber o que eram valores como lealdade, coragem, disciplina e sobretudo camaradagem. Merdas, há em mim revolta e mais revolta. E o pior é que não tenho com quem conversar estas coisas porque se o faço estarei a dar impressão que nunca fui realmente convicto das minhas lutas e tomadas de posição.
"Perguntei quem sou, o que faço aqui"...música que marca o festival da canção de 1974, ano em que nasci para o mundo, tatuado de português. Entre o cheiro dos cravos ainda frescos emergi a tempo de crescer nm ambiente de café onde se falava das contestações e reniões de partido, do tempo de ver homens crescidos serem escorraçados dos cafés por zelosos homens da gnr...Cresci num Portugal que hoje já não existe. Vamos a ver, as pessoas já não acreditam em nada, ou seja, há politicos com força e politicas nenhumas. Mais que um porto vs benfica, simbolo máximo da luta em portugal, um duelo televisivo Sócrates - Passos Coelho atrairá a malta sedenta de uma boa luta, só ofuscada pela dureza da verdadeira luta de galos que tantas vezes vi em Timor. Hoje já nem sei se o facto de ser socialista foi bom ou não, afinal de contas não há diferenças. Quem está lá GOVERNA-se e quem não está vai-se desgovernando...devia era logo ter gostado de um qualquer grande grupo Português. Era isso, talvez hoje em vez de andar com uma bandeira do Partido aos ombros por vocaçao, andasse com um cartaz da Belmiro de Azevedo ou Jerónimo Martins ao peito. Ou um pom-pom do grupo sonae.
Hoje o meu Portugal é liderado por politicos que muito devem a estes interesses dos grandes senhores do capital privado. A estes senhores devem obrigações os homens que ocupam o poder. E a politica que temos é esta, onde por perrice não se passa um pec e onde vemos agora um grupo de cidadãos de paises que julgavamos sempre demasiado pequenos quando comparados a Portugal e agora vemos que nos vem aqui resolver os problemas conjugais de um pequeno grupo de interessados que vai tendo departamento politico a gerir o País. Fodasse...é triste o contraste que sinto hoje. Sinto que fui pequeno na hora de escolher em quem confiar o meu Portugal. Escolhi mal politicamente. Hoje o que importa são os mercados, não é a vontade do povo, são as vontades do mercado.
Hoje sou um dissolvente...procuro resistir mas decididamente não encontrei espaço onde viver valores fixes que aprendi.O meu Portugal é agora um destino onde encontro a familia e amigos e a minha cadelita que me faz sempre uma festa á chegada...
Trinta e seis anos e um punhado de sonhos realizados, uma vida que achei tão rica em experiências, e que hoje vejo só ter sido possivel porque haviam ideais em mim. Ajudar a construir um mundo melhor, viajar, deixar de me fechar em Rio de Moinhos e sair conhecer mundo...hoje era apenas mais um. Portugal desanima-me, mehor, os mandantes de Portugal desanimam-me.
Portugal até hoje orgulhava-me por saber receber bem os forasteiros...nada tenho contra e quem me conhece sabe, que sou a favor de receber bem toda a pessoa que queira em Portugal viver e conviver cá com o que somos e o que temos, mas que não posso é calar a revolta de esta semana ter ouvido na RDP internacional uma sequência de coisas que me revoltam tanto que me faz vir aqui, decididamente, escrever, se bem que tenha que ter bebido um copo para na minha derrota vos dizer quem sou e porque sou assim.
Primeiro oiço o presidente da RTP a dizer que este ano pela 1ª vez a RTP deu lucros e não assim tão poucos milhões. Depois uma decisão de "provisóriamente" suspender as emissões de rádio em onda curta (estas emissões são emitidas por satélite para pequenos rádios a pilhas que durante o dia são ligados e que chegam aos 5 cantos do mundo). E depois oiço um responsável de um grupo televisivo dizer que estão com problemas e encontrar a norte frequências livres para a emissão da RTP Africa. Sou motorista de um camião,uso diariamente a RDP internacional para me manter informado, ciente da situação do País, de certa forma para me sentir mais perto e ligado a Portugal. Como eu muitos outros motoristas Tir, tripulações Portuguesas a bordo de navios de carga ou de lazer, homens que trabalham no campo, oficinas, operam máquinas, vivem longe de cá e que tem na onda curta o seu pequeno cordão umbilical diário. Ouvidas as explicações da decisão da provisoriedade da coisa que neste caso toda a gente sabe que é algo definitivo, é explicado que o emissor gasta luz e a politica de cortes diz que o melhor é desliga-lo para poupar. Ora fodasse, que Portugueses são estes? Que gajos estão no poder que nem olham para quem apenas tem isso para estar com Portugal? "Ai e tal porque de hje em dia há net e outros meios onde ver canais portugueses" - dizem eles que estão lá para apresentarem lucros, apenas isso. Adoro a ideia de viver num País que trata bem cidadões estrangeiros e os acolhe, mas não num Portugal, que pensava ter ajudado a crescer, retirasse aos Portugueses no exterior a comunicação. Como posso estar se por um lado oiço a manifestação de tristeza de todo um universo Português (e não só) por a partir de um dia breve não poder dar uso ao rádio por onde diariamente nos saía Portugal em palavras e em musica? Hoje calam o emissor porque pensam que todos os Portugeses no exterior possam trabalhar com a net por perto. Como cá em Portugal se trabalha com a RFM ou a TSF ligada na sala de escritórios (acho muito bem) há gente que como eu não pode ou de certa forma não dá jeito ligar a net ou a parabólica para ouvir enquanto conduzo a emissão da RDPi. O mais importante é a RTP Africa aqui a norte...os portugueses que se fodam. E eu ajudei a por estes gajos lá...ou de certa forma contribuí para a eleição de um homem servidor dos grandes interesses económicos para liderar este país que vai asfixiar Portugueses e os irá privar do seu país radiofónico. Estou triste por tanta coisa no meu país que me apetece é ser avulso.
Mas não...acredito que haja ainda quem governe para bem de todos e não só para o bem de alguns. Estou disposto ainda a esperar que apareça malta que descubra que as greves não resolvem nada. Enoja-me a greve de certos sectores cuja paragem afectam mesmo a vida de muitos e muitos Portugueses a quem a vida não corre de modo fácil. Custa-me ver um maquinista da CP dizer que o serviço dele por vezes impõe dormida fora de casa, o que o priva da familia e tal e que fica numa pensão em Lisboa para voltar no dia seguinte e se queixa porque acha que os 2100 euros não pagam essa ausência. Parvo por ver que há pessoas que param por causa disso, deixando desesperadas pessoas nas estações aflitas por mais uma vez poderem dar ao patrão motivo para as despedir...gera-se um clima psicológico terrivel, de assombro. Não é por parar o camião e atirar pedras aos outros que mostro a importancia da minha função enquanto motorista. Tenho defeitos, e muitos, obviamente, mas tirar folga por perrice ou por sugestão do sindicato não é comigo. Nunca alinhei em greves nem em nada quis tirar proveito delas. Achei salutar uma altura e que estando em situação pré-depressiva recebi ordens para me deixar estar em casa sem sair á rua com o camião porque havia piquetes e a violência usada por colegas da mesma profissão era elevada. Fiquei uns dias fechado, sem trabahar é certo, mas porque não pude ir. Nunca sonhei sindicalizar-me seja em que fôr...nunca passou por mim dar um punhado de euros para uma organização que apenas aparece a fomentar greves disto e daquilo. A malta sabe que a malta parando bloqueia estradas, escasseiam produtos e tal...mas para quê usar da nossa posição para privar os outros? Há malta que ganha bem menos e que dorme 15 dias fora de casa. Malta que suspira por chegar a casa para estar com a familia enquanto o homem se calhar suspira pela noite em que dorme fora de casa. Calma...primeiro dar erva á vaca e depois esperar a mama.Mas a vaca é de todos, atençao.
Por vezes penso e falo com os meus amigos no que nos trouxe aqui. Adoro quando em torno de um café a conversa é falada por linguagem de quem conhecemos, linguagem que conhecemos e de coisas que desconhecemos...mas a minha opinião não muda, apesar de aceitar a opinião dos meus amigos, mas penso que se fez o 25 de abril a horas certas. Acho que o 25 de Abril foi um êxito militar e um erro politico enorme, na medida que não soubemos o que fazer depois. Hoje vivemos essa consequência ainda.
Antes, trafulhar a conta ou a fuga ao fico era um acto heroico - "eh pah, fulano é que é esperto, está ali a foder o governo com uma pinta do caralho". Antes era assim, tinha de ser assim...não se tinha muito e o que se tinha era controlado pela ditadura. De um momento para o outro já havia dinheiro para tudo e se não havia pedia-se ao Totta e ele dava. As injecções de fundos da CEE eram diários e a malta ia-se desenrascando: "Eh pá, fulano é que é fino, pediu apoio lá á cee para plantar kiwis e tal e quando veio a massa pagou a casa, comprou jipe e foi ao Brasil de férias". Hoje pagamos isso e muito mais...pagamos sobretudo pela dor moral das escolhas politicas e da solidariedade ao amigo que está no desemprego mas que trabalha ali umas horas por fora...até aqui falhamos por mantermos ainda a filosofia da ditadura em que o importante era desenrascar-se perante uma ditadura. Hoje, somos uma especie de nação em que somos contra muita coisa em geral mas no fundo não temos nada contra em particular. Também é verdade que nunca se teve muito bom por onde escolher mas o que é certo é que há uns que nos lixam bem mais que outros. Porque Portugal para eles não é um País, é apenas um problema, um exercicio,para outros o tacho, para outros politicos que elegemos o problema é para eles não haver problema algum. Nenhum politico mesmo que esteja no poder, que diga BASTA a esta merda da RDP internacional (apenas um exemplo por ser cliente deste meio de difusão do estado para o qual contribuo). Acreditava que o Jorge Lacão fosse um gajo mais nobre nas opiniões. Apreciei quando ele disse que o País tinha deputados a mais, mas depois não defende os Portugueses que ficam a menos... Ouço o Luis Amado a ter atitudes politicas correctas mesmo que as mesmas sejam diferentes do que o Partido estipula, mas depois também não diz que não é o emissor que vai alterar uma virgula do PIB...não vem dizer que os politicos, os tais que discutem se eu devo comer arroz e atum ou então ter dinheiro para comer um bife diário, se recusam viajar em voos mais baratos, ou viajar em carros tão caros assim. Não falam dos privilegios dos quais não abdicam...E fico triste. Trsite por perceber que um destes dias a Torre de Belem sera um Continemte ou que os Jerónimos um Pingo Doce. Triste por perceber que afinal tudo se vende e tudo se compra em Portugal. Triste por perceber que um destes dias vou ter de perguntar aos mercados se posso ir dar uma queca solidária algures em Portugal. Fomos vendidos e o FMI já tem lucros que cheguem...imaginem um abutre com uma placa a dizer FMI ao peito. O resto já sabem...o abtre espera a morte por agonia da vitima e depois come-a, ainda fresquinha...e come-a quando já está em decomposição. São turistas que nos levam Portugal aos poucos. Quem os meteu cá? Não sabemos...sabemos quem governou até aqui e sabemos quem não evitou o convite a tão ricos forasteiros.
As pessoas não tem tempo para nada hoje. Talvez nem tenham tempo a ler estes desvarios de gajo que não tem mais nada que fazer no 25 de Abril. Qualquer dia arranjam forma de se tomar café aqui e lá se perde o bom hábito de ir ao café, rodear uma mesa de amigos, e falar-se de coisas de todos.
Gostava que o 25 de Abril fosse mais festejado e menos politico. Gostava de ver as cerimónias de Abril mas não tenho roupa chique para lá ir...é vedado ao povo. Os vivas são apenas votem em nós. Calo a minha revolta, enrolo-a em mortalhas que queimo em incenso.
Alegrias? Algumas alegrias que felizmente não são (ainda) controlados pelo Governo. O meu FCP tem-me dado alegrias muitas e o Jesus tem estado á altura do que se espera de um treinador do clube rivalnem sei mesmo se com melhor desempenho que o enorme Artur Jorge que desfez a equipa toda. Ontem foi a Páscoa e então pude finalmente como Portista agradecer ao Jesus dando-lhe um beijo na Cruz e beber, claro, um bom Porto.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Herr...fui multado.


Pensei que era apenas a entrada...um jantar em França, 14Euros sem café...



Sr fulano de tal...

Esta semana fui á Alemanha. Não gosto da Alemanha, quer-se dizer...para o meu trabalho é um país bom, está bem ordenado, as estradas são boas e muito bem sinalizadas e há um enore respeito que se respira no que concerne ao comportamento na estrada por parte dos utilizadores das mesmas. Mas...não há necessidade de me multarem por não ter adquirido uma especie de bilhete previamente tirado nas imensas máquinas de toll collect espalhadas pelo país em areas de serviço. Cento e vinte e três euros só por não ter na zona de entrada nenhum posto com maquina para tirar o "bilhete". Apanhado pela autoridade enquanto ia a caminho da area de serviço para então lá o tirar...mas não me deram tempo de lá chegar. Paguei e ainda agradeci...a multa são 256 euros. Mas depois de me explicar e com ajuda de um amigo (gande Paulo, bigado) que traduziu as versões de cada uma das partes, arranjou forma de eu só pagar metade. Não gosto da frieza deles enquanto nos olham, frios e cinzentos, sem qualquer expressão no rosto, a sentir que para a minha carteira foi um rombo. Ainda por cima o papel da multa vem em Alemão, os meus dados mal escritos mas atençao ao requinte: Herr Queiroz.
Assim sim, com este respeitinho até lhes perdoo uma vez que de facto fui eu que transgredi, como muitos, que andam até á area de serviço para comprarem. Preferia ir jantar fora um mês em Portugal. Não admira pois, que a Alemanha seja um País com dinheiro. Tudo lhes serve, é verdade, então se fôr dinheiro estrangeiro, maravilha...eles dizem que dão aos países mais necessitados da Europa...mas depois também lhes arrancam a pele quando podem.
Gosto das paisagens da Alemanha...há lugares que seriam um sonho para mim e ali são realidade. Deslizar no serpenteado da B31 que se traça entre Lindau e Freiburg. Serpentear sobre pequenos tuneis onde passam pequenose lentos comboios. O verde que me rodeia, manchas brancas de neve que ainda resistem, quase raras, aos dias sem neve. Voltar a fazer companhia ao comboio. Gajas boas atiram beijos do comboio...divertem-se a enviarem beijinhos com sorrisos e eu aceno adeus e anda-se nisto uns bons 15 min. Depois a estrada afasta-se da linha e nem há adeus nem nada...vem só a minha Xaleca cheias de beijinhos das gajas boas do comboio alemão.
Além dos beijinhos ainda fresquinhos pela manhã, das estradas boas e das paisagens, a Alemanha não me traz mais nada de bom. Aos que me conhecem...sinto-me como se estivesse num campo de concentraçao em terra inimiga. Sentir que nos vigiam, os gestos, o que olhamos, como se fosse pegar em alguma sande e meter ao bolso. Tirando algumas pessoas com as quais por norma se lida, quando precisamos de informações que nos falam logo em Inglês ou aproveitam para dizer algumas coisas em Espanhol (que se percebe bem) e que sorriem e nos desarmam logo também a cara de quem teme ouvir uma resposta, ainda que simpática, em Alemão. Fico tão fodido por dentro quando me respondem em Alemão e sem mais nenhum tipo de apoio. Podiam esforçar-se por se fazerem entender, mas por norma nem perdem tempo com pessoal de 3º mundo. É como se as putas das calças que trago vestidas fossem pagas por eles enquanto eu estava, numa esplanada da minha terra, a beber mas minis e a arrotar tremoços.
Lembrar que nós, Portugueses, em Portugal recebemos tão bem tudo aquilo que não pareça Português. Fazemos croquis em papel limpo, tentamos falar o Inglês ou o Francês ou então uma especie de inglês da Ribeira, só para prestar auxilio quando nos é pedido. E depois andamos á chancada...se calhar até são muito simpáticos mas como não sei mais que 3 palavras de Alemão, acho-os arrogantes e pouco abertos ao auxilio.
E então o vinho e a comida? Sinceramente não gosto muito dos habitos nem da gastronomia alemã...aliás, gosto da cozinha Portuguesa e suporto a espanhola e a Italiana. Nada mais que isso.Não suporto mais nenhuma nem estou curioso para experimentar sequer
Sandes de salsicha,os molhos, McDonalds aqui e ali, vinho que parece água pá rafada. Nem sei como crescem tanto os gajos. Olha que engordar não engordam...e quando qualquer motorista Alemão que já tenha vindo a Portugal, fala do sol da cerveja e da comida. E dizem que acham baratissimo enchar a pança em Portugal. Falam mi maravilhas de Portugal. Pudera, até há bem pouco tempo as nossas autoridades nem lhes faziam paagem nem qualquer tipo de controle...não os podia multar, ou melhor, podia, mas não havia lei que obrigasse o forasteiro a pagar. Espero que Portugal já tenha essa lei para sacar algum também aos de fora porque o motorista em Portugal é uma fonte de dinheiro e na Europa também.
Por falar em gastronomia...vou fazer o jantar. Batata cozida com bacalhau e vinho Alentejano. Isto é que é bom e começa a tornar-se, cada vez mais, o melhor moment do dia. Falar nesta ultima parte deu-me mesmo fome.

sábado, 15 de janeiro de 2011

O porto que abandonei


Sra fulana de tal...

Chega-te a mim.
Vem de mansinho e descobre-me aqui, agachado e escondido de um mundo que procuro sem que nele entre de novo.Chega-te a mim ...abraça-me e não digas nada. Fica só com os teus braços a apertarem-me ligeiramente o corpo e não digas nada. Prefiro esse abraço que preciso em silêncio para que possas ter o teu corpo ali e a tua mente num qualquer outro lado. Sabes...já não me sei encontrar, acho que estes anos sozinho me fizeram perder o amor que sabia fazer crescer e tratar...hoje já não sei sentir se não o frio da ausência do que durante tanto tempo senti.
Vem, anda até aqui junto a mim, podes vir, ainda sei ser amigo, ainda sei pensar e conversar por cabeça própria...Anda, não demonstres que sentes vergonha pelas tuas amigas se rirem por teres um rapaz como eu como amigo.
Tomas café? Anda, o dia está bom e podemos ir a um café e falar, poderei ver se pôes açucar ou adoçante ou se simplesmente não colocas nada, poderei para que lado mexes o café e ainda com que mão ergues a chavena ao rosto. Podes vir até mim, não sou um monstro...nem o homem das cavernas por sobreviver aqui dentro e além disso preciso de falar dos meus demónios e fantasmas, do que não sou nem quero ser.
Preciso de um abraço...preciso ir de braços abertos a ti, sentir o calor do teu abraço, a força dele como quem quer bem...é como um pouco de vida mais. Preciso abraçar-te, depois olhar-te e sorrir-te e dizer-te então: Olá.
Quem me dera poder voltar atrás e recomeçar tantas coisas de novo...Estes dias cinzentos poêm-me assim. Pairam em mim retratos de que era para ser e nunca foi, voam e desfilam diante mim para me lembrar a cada instante onde me fui ausentando, prendendo em muralhas herméticas que fui fechando, de maneira a não deixar alguem entrar, a impedir-me de deixar sair. E as noites e a lua foram-me acompanhando, em tudo via a beleza de um olhar teu e sorriso teu. Habituava-me ás ausências mas não me habituava a sentir-me sozinho, habituava-me ao silêncio mas não ao sentir-me ninguém...
Um dia esta estrutura não sentiu o teu impacto forte, de noite usava óculos de sol, andava de farois acesos de dia. Jantava ás 10 da manhã e lanchava á meia-noite. Tinha perdido o sentido do mundo que me rodeia. Tinha caido no mais profundo dos abismos que me consumiam. E a força de me libertar causou um rombo enorme e por lá em pánico fugi...e fui voltando a mim aos poucos. A cada visita erguia uma pedra e outra, algo ameaçava ruir, figio de novo de mim...voltava de novo numa teimosia movida pelá ânsia de tudo reconstruir, de tudo remendar...E eis que voltam as barreiras, voltam as horas de não me querer mostrar a ninguém e a estar num mundo só meu...voltamos ao mesmo e voltamos a ser estranhos. E as grinaldas de Outono quando o mundo é amarelo e as primeiras fohas caiem de gastas de verde de verão? Perderam-se...dizemos que sendo petalas caidas de gastas já não foram sonoras mas antes um pequeno e surdo toque de vento que as levou...nem um tlim nem um tlam...grinaldas sonoras que foram e não voltam.
Desnascer..ás vezes é querer desnascer e voltar ao lugar de onde não devera ter sido expelido. Dividi-me em dois...e uma das partes entra no braço de ferro e voltamos a ser de novo estranhos...Este espirito aventureiro de mochila e viola ás costas, esta coisa de trabalhar e poder disfrutar de cada vez mais preciosos recantos de uma Europa que agora se vai abrindo diante de mim, m dia vai cessas e eu vou reparar ai que não tenho nada na mão...nem na outra. Terei somente a consolação de ter querido um mundo melhor, ir sem destino e voltar a casa cheio de coisas lindas de se descrever, de sentir...mas aí serei um homem só. Sem pernas para segurar o peso de uma viola ás costas...sem amor por quem essa viola toque...
Preciso de um abraço teu, em silêncio, mas sentir os teus braços em volta de mim...Oh, mas como preciso de lembrar o porto que deixei, o cais de amor e dádida de onde me desatraquei...por ser parte de mim palmilhar o mundo. Desabituei-me do corpo, do abraço...ganhei a força dos sentidos, do toque das palavras e das sensações que se me elevam e foi por aí que começo de novo a verter de novo, não com rombo, mas seguramente com frestas que não foram seladas. Preciso de um abraço...isso bastará por si só, aproximar-me-á desse porto de abrigo, do ombro amigo de um corpo que não traga palavras mas sim apenas um par de braços abertos. Isso basta-me. As palavras voltarão a dizer o que querem dizer e não tras coisas.
Chegas até mim? Sentas-te aqui ao meu lado a fazer companhia a esta mesa de café?

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Dois anos e 300 mil...




Sra Sicrana 07

Mal te conheço...quem és? Ao que vens? Cheiras a novo e estás aí, cativa no parque á espera de seres distribuída a um qualquer motorista. Aviso-te que só te vim ver porque me disseram que a partir de hoje serás a minha caminete. Não tenho nada contra ti, caminete nova e moderna, mas apenas me afeiçoei bastante á tua antecessora, a velha scânia sem dono que um dia me foi distribuída e da qual tratei como minha, nunca a deixando jamais abandonada por ser ao mesmo tempo minha praça forte nas estradas da Europa. Serás tu também derradeiro bastião da minha força? Vou abrir-te as portas com as chaves que me deram para te tirar daqui e te levar para o outro lado do parque para te ocupar. Vou entrar e tentar não te comparar á Scania que estou prestes a largar, velhinha mas fiável.
Cheiras a novo...pela 1ª vez te sentes perto de te sentir útil, irás crescer e irás para o serviço para o qual foste concebida. Tem calma...que alarmes estás a dar que ainda não te conheço? Procuro a tua embraiagem que não existe e o teu comutador de marcha mal se vê. Disseram-me que arrancas como o selector de velocidades na posiçao D. Se soubesses como não te quero, se soubesses o quanto não te quero talvez te recusasses pegar o motor quando definitivamente ganhar a coragem de te pôr o motor a trabalhar e a andar contigo o 1º metro. Isso é o aceitar-te como minha e não devia ser.
Pegaste...o teu motor parece forte, o seu trabalhar contagia-me aqui dentro. Tens espaço que sobra aqui dentro em arrumações. A velha scania marreca não tinha assim tanto espaço para me deixar esticar e espreguiçar. Tens um painel luminoso muito fixe...mais moderno que o da UN (a scania 50-44-UN). A data diz-me que são 6 de janeiro e desde já te aviso, já que ninguém nos ouve, que estás fodida comigo. Não terás sossego e mais...por ti sou capaz de ir ao fim do mundo recuperar-te se um dia vier a gostar de ti, mas também te aviso, se não me acompanhas na minha vida como dedicada e especial companheira de trabalho desfaço-me de ti num ápice. Sim, 07, estás a rolar ainda os 1ºs metros, daqui a minutos estás ali a receber os meus sacos, material de cozinha e passarás a ser o meu quartel, a minha casa, o meu restaurante, o meu hotel mas sobretudo a minha cumplice de uma vida que te desejo longo e esforçada. Antes de mais quero avisar-te que o teu dono, o meu patrão, proibiu a malta de fumar aqui dentro...diz que tens um sensor de fumos e que não sei quê e não sei que mais. Esquece...assim que arranque contigo daqui hoje, dia 6 de Janeiro de 2009, já carregada e a fazer de velha scania que fica ali, despida e calada, vais tossir então. Vamos a Itália...é a tua 1ª vez em Espanha, França e Italia. Lembra-te de me dares raia ou de me chibar atravês de algum aparelho moderno, que eu fumo aqui dentro. Livra-te.




É outubro de 2009...estámos viagem. Viemos perto de Brest, França,trazer sardinha em conserva. Descemos em direcçao a Quimper, com um parque infantil por montar, para um qualquer candidato a uma camara municipal. Lembras-te para onde era, xaleca?. O prazo de entrega era curto porque as eleiçoes seriam nesse final de semana e teriamos que estar em Portugal, na zona da grande Lisboa, até quinta-feira.
Sabes Xaleca...quando fizeste 100.ooo kms de companhia tirei-te esta foto e enviei-a ao Bruno, que já era o nosso "Chefinho". Um dia em que o telemovel deu raia perdi-a para sempre. Fiquei triste...100.000 kms em ti e eu não acautelara a foto do teu conta-quilometros nesse numero fantástico. A sorte é que o Bruno achou tanta piada á prendinha que a guardou e hoje está aqui neste blog escrito por nós.
Já lá vão dez meses de viagens...se sobesses como te odiei na tua 1ª viagem em que ainda não tinhas 3 mil kms já estavas na Daf em Albacete...largaste a água toda do radiador de sofagem, inundaste tudo aqui dentro. Não se faz...logo na 1ª viagem me deu vontade de te atirar ao mar e dizer que te acharam tão linda em itàlia que te roubaram. A raiva que te tive por não teres gostado de arrancar ás 2 da manhã de um dia de Janeiro de Alicante para casa. Nem sequer te fizeste sentir...só a sensaçao de pés a arder e de um cheiro carecteristico a liquido de refrigeração me alertou para a merda que acabaste de fazer...por um defeito de fabrico ou de montagem...o que é certo é que tiveste que ser assistida na estrada depis de me deixar 4 horas á seca e frio. A UN não me faria isso...mas tava tudo, não era? O remédio era aguentar já que precisava de ti...
Lembras da VCI Porto? Pois é, também a mim me lembra bem aquele bacano grande quadro da Sonae se meteu debaixo de ti com o mercedes e te "calçou". Lembras esse dia e que paramos o trânsito em plena vci por um iluminado se ter lembrado e passar por todas as zebras para chegar á frente com o seu vistoso mercedes e se colocar mesmo debaixo de ti para lhe lembrares que és mesmo pesada e forte? Lembras esse dia em que o homem dizia que era um prazer ter acidentes assim? Pois...sabes o que ouvi do teu dono?
-" Oh sr Beltrano, então dou-lhe uma caminete nova com uns calços amarelos, muito bnitos e em plástico e não lhe serve? Tinha logo que ser um mercedes? " - Pois, não pude escolher a marca. Nem tu o calço. Quem escolheu afinal foi o ilustrissimo advogado fatal.
Já curtimos umas viagens de Barco de Barcelona a Italia e vice-versa...não enjoas mas não és a mesma. Já passaste comigo todas a fronteiras de grande expressão Europeia, fomos felizes na Maia, não fomos, Xaleca? Pois fomos. Já fomos controlados e nada acusaste e eu também não e o tacógrafo também não. Não te digo mas já gosto de ti...afinal cem mil kms já é algo considerável. Vem aí o nosso 2º Inverno, aguentámos?



A doze de Maio 2010...estámos em Itália. Viemos á troca com o Papa Bento XVI...ele foi a Portugal e nós viemos a Italia. Ele bebe vinho lá e eu bebo vinho aqui. Uma bela troca em dia de fazeres 200.000 e servires de ombro amigo neste dia triste em que a Sandalita nao nos acompanha...ou melhor, acompanha mas não como até aí.
Viemos de Barco até Civitavecchia (Roma) onde desembarcamos quase ao fim da tarde. Estou cansado, o golfo de Lyon estava agitado e não se durmiu bem nessa noite. Ouvimos o Papa nas noticias, está a dar-se fixe lá em Portugal...grande novidade, não é Xaleca? Claro que o velhote como qualquer outra pessoa aprecia o sol e a boa pinga Portuguesa a baixo custo ainda por cima. Se lá o pagasse ao preço de como o pago aqui, Sua Santidade não riria tanto nem aperecia coradinho a dizer adeus aos Portugueses. Vamos andar a noite toda hoje, companheira? Vamos já fesejar e fotografar os teus 200.000? Sim, vamos.
Duzentos mil quilómetros, pequena. Já duplicamos o que vivemos juntos...já te sinto os cavalos puxarem lentamente pela manhã...tantas dias e noites felizes aqui, juntos....200.000 com uma única frase em ti pendurada que me lembra a cada instante que " a felicidade é uma viaem, não um destino". A Sandalita ofereceu isto para que eu te pusesse como quem coloca uma flôr o cabelo de uma jovem.
Que há para contar nestes 200.000? Népias, nada de especial, a não ser mais um frances numa lata velha como o carago querer ser calçado por ti enquanto fazia gincane no periférico interior. Enfim...más um cacetada que levas e aguentas por saberes que nada posso fazer quanto a isso.
Mês de Maio tão bom, tão cheio de odores naturais...respira-me cá para dentro o cheiro a alecrim e maias, do queiró e das mimosas...afinal não tens sensor merda nenhuma, fumas tanto como eu e ninguém sabe e também já isso não interessa, aposto que se te fizesses ouvir ou ler, dirias não queer deixar de ser minha e mijarias, qual cão, nas pernas de quem diz que não zelo muito por ti. Na verdade não te desejo tal castigo, Xaleca. Não consigo conceber agora perder-te...até fiz um blog em que te louvo no nome que le atribuí. Não imagino vir para ti um motorista qualquer que viesse cá com o brise e merdices de bom cheiro. Um morista que não fumasse aqui dentro ou não fumador como se foras malguinha de leite...Népias. Não te deixo e não quero também que dês raia. Vamos a mais cem mil, xaleca? Vamos a isso...



Ups...faltam metros e há pouca luz...bolas. Que ansiedade...Vou parar-te, 15 minutos devem chegar para conseguir fotografar o momento. Tal como queria e já havia uns dias pensava. Hoje fazes dois anos que me és guarida e farás 300.000. Mas olha, aguarda-me aqui neste parque da bomba de combustívél. Assiste por mim ao nascer do dia enquanto tomo café para despertar e ao mesmo tempo lidar de forma mais leve com a urgência que temos em estar em Lisboa ás 14 horas e ainda aqui estámos em Valladolid á volta desta paneleirice de te fotografar a cada cem mil que percorras. Mas porra, também mereces e faz dois anos hoje, hoje 6 de maio que me apresentei a ti e te apresentas-te...Será que chegas aos 300.000?

Parabens á Xaleca caraiiii, parabéns a esta cafeteira companheira e cumplice. És de raça caraiii. Ah grande caminete, 2 anos e de prenda 300000 kms. Até andas mais hoje, parece que sentes o dia, a hora e alegria que deposito em ti velha companheira. Gostava que soubesses que alguém soube que hoje fazes 2 anos e 300000 e e manda os parabens, a ti e ao Chauffer :) acertaste, a Sandalita nossa mandou dar-te duas sopradelas na buzina. Não foi fácil esperar a luz para te fotografar e muito mais dificil foi puxar duas vezes a baraça que te soprou forte duas vezes buzina fora. Rompia o dia e a gente já merecia uma multazita por duas buzinadelas injustificadas mas até hoje...já fomos controlados e nada. O gente porta-se e comporta-se.
Xaleca...vamos aos 400000 ou será que um de nós vai para a sucata? Eu não quero e por certo tu também não. Sito-te minha e sei que me sentes teu. Mitos são mitos e nunca te mijei na roda...porque gosto de ti.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Este sorriso que me faz falta...

sr fulano de tal...

Ano novo...a estrada de sempre. Eis que tudo volta ao cromatismo diário dos dias frios e cinzentos sem sorrisos e sem o alor de um amigo ou amiga. Voltamos á estrada e voltámos a ser peças de um relógio sediado e Viseu.

Dia 31 de Dezembro...a azafama de sempre, jantar, a expectativa de uma noite fantástica cujo sabor esperamos sentir até ao fim do novo ano. Bailes, festas, fogos de artificio, putos eufóricos agarrados a uma garrafa de champanhe a apanhar a sua primeira de muitas bebedeiras que os dias lhes trarão. O telemovel não pára, as mensagens passam baixo e intensas e esbarram mais de cem no meu telemovel...muitas repetidas mas em suma todas elas me desejam um bom ano e o voto renovado de uma amizade a cultivar cada vez mais.

As mesas do café vão ficando vazias...o pessoal vai saindo para os loais onde o ano será recebido...eu recolho a casa. Faltam 5 minutos para a meia-noite. Estou triste mas ao mesmo tempo em paz...triste por não fazer parte da vida de algumas pessoas que tinha por amigas e que a ausência e distância que este trabalho provoca foi afastando...triste por ser igual a um zero também. Pego numa garrafa de champanhe, sbo ao quarto do homem que quase mal respira já na sua cama e acordo-o com um beijinho e com a mão fria na sa testa. Acendo a luz ténue para não ferir a visão e entrego-me aquele momento: é este o sabor que quero manter até ao novo renovar de ano, estar junto do meu avô. Da janela aberta para a noite se escapa já a rolha da garrafa numa explosão forte, um pouquinho nos seus lábios e um copo para mim...dão as doze badaladas e há musica e foguetes, há festa semeada nessa noite fria que sobe Tâmega acima. Brindo ao meu avô e vejo-o cerrar os olhos pouco depois...deixou-me, ali, de garrafa em mão a olhar para ele numa alegria como quem não quer que esse momento termine. Saí em lagrimas contidas do quarto...

Ano novo, vida nova, diz o povo...mas só para alguns...para a grande maioria a vida volta ao mesmo, fica é a ilusão de um sorriso que se escapou entretanto pela vaga do fundo enquanto me chamam de louco e doente...