sexta-feira, 16 de abril de 2010

Avionetes e caminetes


sr fulano de tal...

Ás vezes deito-me a pensar que um dias destes o meu "boss" se vai virar a mim e vai dizer:
-Oh Sr Sicrano (o sicrano neste caso sou eu :D ), veja bem a sua caminete, toda remendada já e você não lhe manda uma estucada. Ao menos dê-lhe uma também, mas pequenina, tipo simbólica, é que andam outros a estreá-la...
Na verdade está um pouquito matratada, nada de grave, apenas eu sei todas de cor e sei a história de cada marca.Mas elas lá estão. Na verdade posso ter uma porta amassada por uma carrinha Francesa, o que acho chiquérrimo, mas contente fico por estar vivo, contente por sentir que a minha caminete também tem os cavalitos todos saudáveis (embora me pareça que um deles deva ter tosse, a média acusa uma décima crescente a cada viagem), contente por ter uma caminete de que sei toda a história, cumplice, companheira, colo meu, casa,refugio, abraço, meu cantinho de mundo, regaço...Um dia chamarei todos os seus cavalos pelo nome.
Esta semana lá fomos...o destino Emden, norte da Alemanha. Foi uma dura jornada para mim, uma vez que era de noite de fazia os percursos mais criticos, susceptiveis de imenso trafego em horas de ponta. Vi a todos os dias o sol romper a noite, vi tulipas, vi Amsterdam e lembrei a cançao com o mesmo nome do Jacques Brell. Vi e captei com a camera do telemóvel um avião que passa lentamente o viaduto sobre a auto-estrada no Charles De Gaulle (sei que não se pode mas o fascinio por aviões...), vi putas a atacar nos recheados parques de Paris, vi troços de estrada abaixo do nivel das águas do mar, passei numa auto-estrada que passa sob um rio. Vi com olhos de turista esta intensa e exigente semana de trabalho.
Porta amassada mas ela lá foi, galgando fronteiras, devorando quilometros, esforçada mas sempre leal, a Xaleca lá me foi servindo e guardando em si o seu mais precioso bem: o seu motorista (parece-me bem). O ar-condicionado avariado não é problema por agora. A todas as manhãs esperei as emissões da RDP internacional. Quando amanheceu num dos dias já sabia que haveria cinzas de um vulcão em erupção na Islândia. Tal como as más noticias correm rápido, também as nuvens negras são céleres e em poucas horas a negra nuvem de minusculas articulas vulcánicas causaram o caos no negócio das "avionetes".
"Ai e tal porque num sei quê e as cinzas entopem os motores do avião e tornam opacos os vidros e os pilotos, coitados não podem vêem nada" - diz um perito aviador em tom de caso. E tem razão. Se é perigoso então espera-se que haja condições de segurança para aliviar um pouco a estrada. Param as "avionetes" mas as caminetes desafiam tais particulas e népias, não entopem. As "avionetes" são pois meios de transportes maricas, tossem com pouco. Ainda se fossem alérgicas ao enxofre...
E é sob um ceu azul amarelado que o regresso se faz, sem perpectivas de ver um A-380 passar numa das pistas que se sobrepõem á faixa larga continua ao mais movimentado aeroporto Francês. Um regresso sem ver uma única mini-saia nas pernas das zelosas automobilistas francesas. Irónico é que há um léxico próprio que a malta usa como codigos. Paris é precisamente a "Capital da mini-saia". Designa-se assim quando pelo radio cb nos referimos á cidade luz. Espanha é monarquia, fronteira é arame farpado, ausencia de contratempos que impeçam a normal circulação explica-se com um "tá tudo limpinho, é só dar canha á burra", um café é um "chico escuro" e patrão é Calça Larga. É curioso este léxico porque surge para despistar quem esteja a ouvir sem se falar nas palavras chave, ou seja, mesmo que autoridades estejam a ouvir-nos, há a ausencia de palavras-chave que eles possam entender.
Seja como fôr, a viagem vai a meio, vou para a monarquia e depois logo se vê se volto á capital da mini-saia antes de ir até casa. O fim de semana será na zona dos Pirineus, onde algo em mim me disser: Ei, pára. è mesmo aqui que ficas bem. Só esper que a nuvem negra me permita ter um fim-de-semana descansado apesar de ausente e me permita encontrar malta amiga que queira alinhar numa patuscada bem regada e que tenha um certo jeito para cantar. Será bem melhor assim.

sábado, 10 de abril de 2010

Enfeite de camião


sr fulano de tal...

Começam a pairar sobre mim os mosquitos e as moscas noctivagas que não permitem que coma sossegado. Anda um gajo a puxar do fogareiro, fazer um arroz com atum para depois ser incomodado em tao faustoso repasto por esses minúsculos abutres, que seja eu ceguinho, se não me apeteceria vê-los num cartaz como insectos em vias de extinçaõ. Trocava-se o lince ibérico que desde putos vemos em anuncios alertando para a preservação do lince da Malcata pela mosca e pelo mosquito (como bónus uma vez que a mosca á tão pequena...). Mas seria impossivel tal coisa. O lince ibérico situa-se sobretudo na peninsula ibérica (Joca, corrige-me se estiver enganado). Deve ter sido fácil fazer o cartaz que desde a 1ª classe vem nos meus livros: Salvem o Lince da Malcata. Agora obra seria quem conseguisse fazer um cartaz a dizer: Salvem a mosca da Etiópia, da area de serviço do suco, a mosca o Urzebiquistão, a mosca de Istambul, a melga de Rio de Moinhos (?), o mosquito das Cestas... Muito mais fácil também dar uma paulada no lince para lhe arrancar a pele para fazer um casaco de peles para a amante costureira, do que dar um par de estálos ao mosquito, sacar-lhe 3 dentes e oferecer á legitima esposa um fabuloso anel de marfim feito com os mais afiados dentes dos mais atrevidos mosquitos que o encomodaram...Tou tão cansado que nem me apetece pensar.
Só sei que a partir de agora, a minha Xaleca, trará a enfeita-la um milhar de moscas esborrachadas e espraidas em minusculas manchas de sangue, sugadas aqui e ali. Por isso o vermelho me impressiona. Sentir-se-á também em certos recantos um cheiro nauseabundo que é mijo...mijo sêco queimado e esturricado pelo mais requintado raio de sol da zona mijatória.
Com o mosquitos também regressam as gajas boas que conduzem os seus automóveis, lentamente, lado a lado com a nossa janela, naquelas solarenga fila de trânsito do imenso mar de alcatrão. Julgando-se boas como o milho são capazes de provocar até o mais incauto dos motoristas e distrações de boa perna por vezes dão em acidente. Eu olho, mas sempre atento á estrada.
Espero agora que com a nuvem de cinzas proveniente do vulcão Islandês as moscas sejam retidas também pousadinhas, sem voar, a ver se me deixam descansadinho uns dias. A ver vamos. Eu agradeço e concerteza que a Xaleca tambem