quarta-feira, 29 de julho de 2009

Os senhores dos Trabuncos


sr fulano de tal...

Perto das férias...estou tão pertinho das férias e não lhes posso tocar. Mas daqui a uma semana ja lhes sinto o cheiro. Mas ando cansado e sinto o meu corpo clamar por um descanso e a mente...a mente essa vai tirando férias aos retalhos quando me é possivel libertar de tudo e todos e seguir sem horários nem cartões, nem contas ao tacógrafo nem nada. São horas em que sou só meu...mas quero uns dias para ser só meu, uns dias para definitivamente arrumar de vez com umas cenitas que tenho que arrumar para então fechar a porta desses assuntos e sentar-me na sala da minha vida.

Esta semana fui para Alicante, a sul de Valência. O sol rompeu-me pela caminete dentro e queimou a pele...Que calor. Nestes dias a minha arca frigorico abre-se vezes sem conta porque se há coisa que procuro evitar é desidratar e a água fresquinha sabe sempre bem enquanto sob um sol ardente se rasga o silêncio e se desliza no asfalto.

Comigo pude contar com a presença de um amigo daqueles...daqueles de infância que o tempo não levou e que as circuntâncias mantiveram perto de mim. O Nuno Ferreira é a peça desafinada dos meus dias e eu adoro desafinar. Quando juntos fazemos trinta por uma linha e hoje até contava algumas cenas que temos juntos. Sim, porque o Nuno vive a 1 km de mim e se a viagem não é para o mesmo país de forma a irmos juntos por aí acima durante 2 ou 3 dias, resta o fim-de-semana para nos vermos e rirmos das merditas que criámos ou provocámos. Vou falar-vos deste amigo sportinguista nos tempos livres e companheiro a tempo inteiro. Por vezes viajámos juntos desde Penafiel a Viseu. Ou de Viseu para Penafiel. Uma vez dei boleia ao Nuno desde o parque onde repousa a "caminete" até Penafiel. Era tarde e a fome chegava á velocidade da chuva. Íamos a contar peripércias da viagem de cada um e o que é que nos aparece no meio da estrada, perdido na noite e sem documentos? - Um pato-

- Nuno, que é esta merda?- perguntei

-É um pato, man, pera aí.

-Tá tudo...paramos aqui e fumamos um cigarro. Se o pato não fôr para casa levamo-lo connosco.

-O meu cigarro já está a acabar e não me apetece fumar mais.Eu ja vouuuu

E lá foi ele a correr atrás de um pato em pánico. Eu ria-me de caralho a ver aquilo, o pato a correr e a dar á asa e o Nuno atrás dele tambem á dar curvas e a tentar apanha-lo...como se fora um pato maior tendo as asas nos braços. Arranquei estrada abaixo para iluminar a cena e o Nuno já vinha com o bicho pelo pescoço. Uma saca, pato lá dentro e mala com ele. Chegamos á terra e encontramos uma patuscada de um amigo que se despedia de solteiro. Contribuímos na ceia com um pato que foi logo morto.

- É pá, alguém que aqueça água, caralho, para depenar o gajo- diz um

- E panela? Alguém arranje uma panela que eu faço isso- dizia outro já bem maduro por uns copos bem bebidos, a julgar pelos bigodes nos beiços.

- Caralho, ninguem me ajuda, pa? Dass, não há quem meta uma merda de uma panela ao lume para depenar o pato? - diz o chefe da festa, enquanto não se lembrava que estava em sua casa e que deveria ser ele a indicar onde estavam as panelas e até, onde era a cozinha para as ir buscar.

Eu, não os conhecendo bem, até porque são amigos do Nuno, estava encostado á porta a fumar um cigarro e a observar o que me estava a saber tão bem, porque apesar de tudo não evitava rir á custa de tudo aquilo. No meio daquela confusão o Nuno apanha uma rebarbadeira e toca a depenar o pato com a rebarbadeira...parecia uma batalha de indios, era só setas no ar. Foi a primeira vez que comi aletria de pato...não havia arroz então foi aletria que se arranjou.

Mas as histórias com o Nuno não ficam por aqui...também nas piores lhe apareço porque no fundo é o meu melhor colega de trabalho, são muitos anos a crescer e muitos saltos de paraquedas.

Um dia encontramo-nos na casa de pneus afecta á empresa. Tipo, a gente até nem foi muito bem recebida, quando a empregada lá do sítio nos vê chegar deita as mãos á cabeça e reza um pouco, pedindo a Deus que sejámos breves por lá. Houve um sábado de manhã que lá fomos no meu xsara, tipo, tinha uns pneus com uns arames a saltar e achei que era hora de meter um bocado de borracha nas rodas. Para passar o tempo saquei da viola e o Nuno a cantar as mais belas musicas de encantar pessoal que se irrita pelos outros estarem bem. E assim foi aquela hora e meia, em que até houve quem fosse a um café comprar 2 minis para que continuassemos a cantar. Esse dia acabou já em Penafiel com o Nuno ainda a cantar e eu de viola em punho. Temos planos de um dia passar o dia em saltos de paraquedas...e estamos a elaborar um trabalho musical que se chamará "filhos da pauta no asfalto", já estou a fazer umas letras e ele também. Cada cd custará um balúrdio, e como somos amigos não queremos fazer algo muito belo, ainda se endividavam pessoas só para terem o nosso futuro cd ainda em fase de escavações. De qualquer forma já temos um concerto a ser tratado no Pavilhão Atlântico em Lisboa, parece que um dos seguranças daquilo era paraquedista com o Nuno na tropa e vai deixar-nos tocar nas escadas durante 10 minutos sem correr connosco por suposta mendicidade. Vida de artistas tem destas coisas.

Juntos partilhamos também o gosto pela paragem no alto da Serra de Montemuro, seja de Verão para uma mini fresquinha antes da descida da Serra, seja no Inverno, para na lareira aguardar, serenos e quentinhos, pela passagem do limpa-neves. Já quando esava em Viseu colocado no RI14 para seguir para Timor, ali parava no alto. É um mundo que se desenrola ali diante dos meus olhos...ficava ali horas se pudesse e se não tivesse mais nada para fazer. Subir de Cinfães para o alto da Serra é algo tão bom para quem gosta de sentir a estrada, um pouco de adrenalina no perigo que a estrada representa por ser sinuosa...mas adoro aquela parte, é tud a subir, é a ansiedade de chegar lá em cima e pedir um café, sentar-me no capot da xsara (aqui parei de escrever para me rir) a ver o sol em nascente, são os niveis de adrenalina se se espetam no meu tecto de tanto subirem...mexe em mim.

Numa qualquer semana de junho vinha eu a descer numa estradita no norte de França e ouvi a voz do Nuno no cb...Chamei e ele respondeu, vinha a descer também e estavamos a fcar perto, ele já vinha numa nacional onde eu iria entrar daí a minutos. Descemos juntos e sempre a falar ao rádio. Contado não dá para acreditar, mas aqueles rádios ferviam...a gente metia-se com toda a gente, todos riam de nos ouvir e alguns foram que se juntaram a nós na descida, rindo de caraiii connosco. No dia seguinte á noite já ficamos perto pe Irun, ficamos num parque maluco na recta de Bordéus. Estavamos no meu camião a fumar e a ver um gajo a rir-se sozinho enquanto andava a ver as rodas do camião. O nuno disse logo que o gajo estava a fumar um trabunco e chamou-o com uma pose autoritária...o gajo era de leste e lá veio, a medo. Eu estava no volante quieto, de viola nos braços a ver o que o Nuno ía arranjar desta vez...chega o gajo e o Nuno:

-Ei camone, falas Português?

- hmum?

-Paquito, hablas Espanhol?

-No

-Speak English?

-Oh, no

-Oh que caralho...como é que te pergunto se gostas de Pearl Jam? Vens sem saber falar nada morres á fome, desgraçado...

-Pearl jam? Ok

Começei a tocar Betterman e o gajo sabia-a toda...e lá ficou sem o caldo verde que estava nas suas mãos. E lá foi o amigo de leste embora segundos depois, estava a fazer uma pausa de meia-hora. Descemos para ir ás malas jantar, levei a viola, sempre curtimos e cantamos enquanto as batatas não cozem. Apareceu um colega Português creio que da TNC ou da Brites, cantamo-lhe uma canção em troca de um pouco de vinho. Na noite anterior tinha aberto a unica garrafa que trazia, sempre á espera que a mesma me servisse para um fim-de-semana que passasse fora...ajuda a dormir enquanto as horas parecem não passar. Diz o colega:

- Oh rapazes, até vos dou um copo de vinho, mas está ali a policia e é fodido passar para aqui com a garrafa. Dai aí um copo que eu encho e trago cá...

Levou uma cafeteira...e ainda o ouvimos reclamar e a comentar com outro que se estava a rir do que eu e o Nuno estavamos a armar :

-Ora ora, já me foderam, oh colega, está a ver estes gajos? este é o copo de pedir...o copo de dar deve ser uma chavena...

Que bela pomada bebemos...ainda assim eu e o Nuno fomos amigos do homem, teve direito a mais ma canção. Foi muito fixe mesmo. Com um quilo de morangos o Nuno fez um batido e juntou-lhe mais uns ingredientes e estava o máximo a sobremesa. Fomos para a cabine outra vez e quando já estava escuro ligamos o cb e ouviamos o pessoal falar enquanto passavam a recta...Eu e o Nuno simulavamos que íamos em viagem, cada um no seu camião e a rolar...eu falava com som de radio, passava ao Nuno e punha musica...quem ns ouvia parecia estarmos mesmo a rolar. Passado um bocado ouve-se um colega a comentar para o outro: Dass, que hoje as ondas rádio estão muito boas, estes gajs ainda se ouvem e bem e ja devem ter passado aí há 20 min...foi a gargalhada dentro da caminete. Eu e o Nuno tinhamos conseguido que alguém caisse na história do rádio potente. Lol.

Bem, estava a escrever-nos enfiado num barraco em Seia, enquanto me descarregam o camião e eu aguardo ansioso a sada daqui para o parque. Nao sei um carai de Francês, mas se me quero safar agora que andam aí os emigrantes, terei que saber expressar-me na lingua deles faladas nas esplanadas do meu rico Portugal. Portanto, aqui segue um pequeno ensaio como despedida deste texto:
Mons amis, Xsara, je va de vacances.

sábado, 18 de julho de 2009

Eram altas da manhã


sr fulano de tal...

Hoje, como homem e como animal me assumo...e faço-o quase por desespero por não aceitar, não saber entender, porque é que um gajo há-de ser sempre a parte de baixo onde bate qualquer martelão. Chega...não venham com merdas, há homens que cresceram de formas diferentes, uns impregnados de educação e sentimentos,outros há que correspondem ao que se diz, mas nada que não aconteça em todos os ramos de serviço. Hoje venho aqui falar-vos de um gajo amigo...chama-se Joca, professor de Geografia ou outra qualquer disciplina cuja designação não lembro ou não me interessa. Naõ o conheço pessoalmente mas sei que somos amigos até porque já se passou da net, mas que encontrou na TIR um desafio interessante e talvez enriquecedor enquanto foi engrossar listas de professores não colocados. Melhor que eu ele define até que ponto as atitudes que se tomam podem tocar o alvo quando a intençao é falar mal...não de todo, mas mal. Arrepio quando entro no seu blog e leio a pagina que guardei nos favoritos. Eu vou colocar o link para deixar que entendam por palavras de quem as sabe utilizar devidamente, a diferença de trato a uma pessoa. Enquanto motorista, enquanto professor (felizmente colocado em Portimão e feliz a dar aulas...ensinar, afinal o que sempre gostou). O joca é um gajo do qual não sei a idade, sei que é mais novo que eu e que tinha um sonho, um ideal e foi atrás...Eis o blog: http://joni-driver.blogspot.com/2008/12/faz-hoje-um-ano.html
Arrepio ao ler isto...arrepio pela imposição de palavras, de um homem que esteve deste lado e agora está no outro.Palavras frias e cinzentas que o assunto impõe.
Apresento-vos todo um mar que não sei desenhar, mas no qual artilho tanta onda e tanta alga. Na verdade é detro da cabine que devems permanecer, orque não podemos pensar, não podemos sentir, não podemos sair á rua e vir tomar um café...ai e tal porque parecem os gajos das cavernas. Se soubessem...
(passam dois dias...)
A camineta hoje parou...parou mas não foi muito...apanhamos o Tour de França a subir de Barcelona para Andorra. Fintei o esquema todo e atravessei para o outro lado da estrada por um caminho secundário, a reboque lá dum simpáico Catalão que me mostrou como poderia passar para o outro lado do super vigiado c-58. E não pude deixar de parar e de ver em segundos algo que será eterno e depois de ver o grosso do pelotão vazámos. Por acaso penesei sempre poder aproveitar uma viagem deste que casualmente se cruzasse com a Volta á França...e se mais o sonhei mais foi possivel de o ver...mas na Espanha. Torço pelo Amstrong, porque a força do homem e brutal e depois ver um gajo, que em pequeno idolatrei, Bernard Hinault, sempre a descascar no Lance, ainda mais motivos encontro para gostar do Lance. Porque o Hinault venceu a volta, o Tour, mas nunca o fez por sete vezes, sete vezes que o doping foi sempre uma suspeita, sete vezes que as analises davam todas negativo...Foram sete vezes a correr por correr, pedalar por não se querer saber fazer mais nada, sete vezes campeão. E com 36 anos, vai terminar no pódio, porque quem nasce para ganhar fá-lo-á até acabar e o Lance não terminou...vai lançado.
Caramba, sempre que chego aqui apetece-me parar e dormir aqui, como que berço emprestado, como que embalo que reconheço pela forma como se escreve: Penãfiel.`verdade, tenho 9 horas e pouco feitas, e já avisto a rotunda...no alto ergue-se um castelo que altivo espreita o povo que a seus pés se desenrola. Penãfiel não é seguramente Penafiel, mas é seguramente terra onde gosto de pernoitar. Um destes dias aviso o meu "chefinho" e a meio da tarde faço lá a pausa de subo ao Castelo. Tentar perceber a importância dele ali e se era dali que se controlava o acesso ao Douro ou teria sido por outr motivo que a sua construção seria ali afectuada. Paro, o dia acabou...a minha chaleca dá agora a sua ultima volta ao motor. Caiu agora num silêncio profundo, enquanto arrefece e respira para mais 4 horas e meia de viagem que de manhã ligarão Penãfiel (Valadolid) a Viseu, terras do General pastor, Sr Viriato. Vou fazer arroz com carne estufada. Há vinho e a música está excelente, além disso vem aí um companheiro jantar ás malas. Hoje sinto paz...sei lá porquê. Do outro lado da rua um plasma mostras as corridas de touros em honra de S.Firmin, em Pamplona. Há touros de morte e eu confesso, não aprecio e viro a cara ao lado. Respeito a tradiçao...nao me peçam á qe aprecie. Mas adoro ver o que acho ser a verdadeira tourada. Os grupos de Forcados. Isso sim, isso aprecio porque não é para qualquer um ir aos cornos do touro, literalmente falando...Podem vir com a história de estar com os amigos no café e dizer: "oh, tás a ver? até eu fazia aquela merda merda, os cornos do bicho estão serrados"- não, não venham com coisas, porque tivessem as astes do animal almodafas, com air bags, seja là o que fôr...500 kgs embalados são muito peso para a minha caminete. Até porque na verdade ir á frente do touro qualquer pode ir...é livre. Pode é não fazer então o que o forcado sabe tão bem fazer: olhar na cara o touro, anda para trás e assim amortece o choque mas sempre antes que o touro entre no pique máximo e então, num gesto forte e eximio encaixa os braços no touro e segue ali, numa viagem que imagino durar horas, esperando ajuda do grupo nas costas e o amontoado de corpos atrás de si, ou então o duro golpe nas tábuas da cerca...dass, eu morria logo. Só iria para a praça muito bebido e com um trabunco bem enrolado á mistura. Mas para ir para o meio da praça chamar benfiquista ao bicho para ele se indignar e dar a correr em direcção a mim, eu teria que estar mesmo todo fodido. Ora, eu quando tou já nesse estado quero é rir, cantar, tocar viola e rir outra vez, portanto, acabaria por pôr o touro a rir. Mas pronto, ali estava...eu e o touro. Eu, na paz, a rir de caralho dos cornos do bicho e ele a vir em diracção a mim...Portanto, ele mandava-me uma cabeçada que de mim apareciam apenas as asas e uns ossinhos...para enterrar. Ou então atirava-me para o chão e ele andava ali armado em jojador da bola, aos toque de habilidade comigo. E porquê? Porque eu não tenho a coragem de me colocar assim como um forcado, porque não saberia segurar-me...eu sei lá. Ele sai a rir, eu sairia todo empenado. Uma vantagem do caralho...matar um boi com a espada. Pode até ser interessante e o gajo também te coragem porque primeiro lida o touro, mostra-lhe a capa vermelha e o touro investe no vazio ( outra alusão ao benfica...mas juo que esta foi sem querer) do vermelho mas quanto a mim fode tudo ao matar impiedosamente o bicho aos olhos do povo. Portanto, mariquices. Gostava de os ver pegar um touro. Eles já viram...vêm a Portugal e é se querem.
Como não podia deixar de ser aqui a parte mais rádiofónica da coisa. Ouvi um top qualquer da rádio alto ave ou coisa parecida, enquanto descia a Serra de Montemuro já em direcção a Cinfães. Casualmente encontrei o locutor dessa rádio a dar a conhecer o 3º lugar das musicas mais pedidas e ouvi Gaivota, interpretado ( e muito bem, diferente e muito bem sem tirar qualquer brilho a esse deusa Amália) pela Sonia Tavares enquanto tambem vocalista dos Amália Hoje. Adoro a música, fantástico...descer aquela serra ao som de Gaivota. Em segundo lugar Pedro Khima e em primeiro uma musica tipo Nel Monteiro ou Jorge Ferreira, com quadars marotas a insinuar uma descida de lingua pela mulher abaixo...cortei. Bolas...a coisa prometia, Amália Hoje no 3º posto e eu pensava o que viria depois...espera grandiosidade musical e sai-me um acordeão e um tambor. Népias...não me apetece ouvir mais nada. "Deixem-me navegar na estrada de cabeça vazia só uma vez , não vou suplicar,não vou pôr-me de joelhos, não estou em condições de dar luta".
PS- São quase 4 da manhã e eu aqui a escrever...fim-de-semana, mini fresca e tal e alguns erros acontecem. Este post contem linguaguem obscena...Mãe se vieste ler, esquece a cena da pimenta na lingua por causa das caralhadas, porque eu não disse nada, apenas escrevi. Agora já se sabe que castigo maior é pimenta nas pontas dos dedos que escreveram as palavras que o povo consagrou. São dez dedos...qual castigas? Escrevi todos os palavrões com um só dedo. Qual será? Ao qual vais pôr pimenta? Hm...dizes-me? Não vais castigar dedos inocentes, pois não??

domingo, 5 de julho de 2009

Rádio Pirata


sr fulano de tal...

Durante muitos meses andei enfiado numa Scania marreca que de resto adorava. Era a minha companheira de estrada, sempre amiga e leal companheira. Lembro do dia em que me foi distribuída pelo responsavel lá do parque da empresa. Meti-me nela, coloquei as coisas dentro e arranquei naquilo. A primeira impressão foi de que naquela bombaça não passaria da subida de Mangualde...e olhava em volta a localizar o extintor ou então a treinar o gesto de largar cinto e abrir porta...subi a medo, a bombassa ía subindo com os seus cavalos, penso que 380...ou seriam 400 - sinceramente, falar de cavalagem e cilindrada de motores é como falar de lagares de azeite, não entendo um caraiii. Ia avançando na estrada, as subidas iam sendo ultrapassadas e eu procurava identificar-me com o pequeno cubiculo. Olho para o aparelho de som, um rádio leitor de cassetes...-"tá tudo"- pensei. Desprevenido sem cassetes lá fui galgando a serra até Vilar Formoso...a marrequita não ardeu. Tive caminete até ma arrancarrem. Passei a fronteira, perdi o sinal da rádio Portuguesa e toca a levar com a rádio espanhola...fiz de uma estação de rádio espanhola a minha companhia sempre que me encontrava na Pátria de Cervantes. Ainda hoje menos, mas ainda a oiço pela manhã...Quarenta Principales, o nome da estação. Talvez devido á vizinhança um gajo sempre lá foi entendendo uma ou outra palavra em Espanhol e de facto eu começei a compreender a Lingua Espanhola como consequência do facto de fazer muitos milhares de quilometros em estradas Espanholas e tendo por companhia só a rádio...com todas as limitações próprias das ondas rádio, umas vezes fortes outras vezes não. Não me sei expressar, aprendi apenas a interpretar cada palavra sem a saber dizer. Na França...era o caos. Não tenho uma de preferencia embora a RFM se oiça bem e a RTL2. Mas não entendo nada de Francês e não me seduz minimamente o idioma. Já tentei gostar, a começar por uma introdução através da musica. E encantei-me por Brell e Piaf ( Amsterdam e La vie en rose), Aznavour e Dassin...e adorei. Adorei sem saber o que diziam, sem ter a noçao do que cantavam. Pude enfim compreender como é que os Japoneses adoravam Amália...mesmo sem entenderem Português. Havia ali um supremo derrame emocional porque bastava ouvir a voz e o tom triste da frase que Amália cantava, para se deixar ir onde aquela voz as levava. Sem perceber um caralho de Francês (sou bem capaz de morrer á sede e á fome por nem pão e água fresca saber pedir...ok, sei, mas não me desenrasco mesmo com eles), eu mergulhava em coisas que a voz e a emoção colocada ao serviço da palavra produziam em mim...Eu já ando a tratar de aprender Francês, pelo menos o Franciú Emigrantino (sem desprezo pelos nossos emigrantes, obviamente) que sempre dá para um gajo se orientar pelo menos com utilidade para a parte profissional da coisa. Aos que ainda resistem desse lado a ler estes autênticos ataques de caganeira mental, surge agora uma questão : Mas então este cromo, porque não levou então cassetes? Cassetes...toca a gravar cassetes com as minhas musicas referência...aquelas que posso ouvir em qualquer estado de espirito em que me encontre. Lá arranjei um aparelho que me gravasse as cassetes. Muito Pearl Jam, Guns, Trovante, Gnr, algumas canções de Coimbra do mano e uma ou outra mais coisa... Segunda viagem a bordo da bombassa. Ligo o rádio e aproveito para ouvir a RR ou TSF até se esgotar a informação...sigo um pouco para a RNE para ouvir noticiários e zás, enfio a primeira cassete. Nada, algo se passa que a cassete não toca. Tiro a cassete e não é que o filha da mãe do aparelhómetro comeu a fita á cassete? Lixo com a cassete. Uns dias mais tarde, outra cassete...dass, tenho que ganhar coragem para pedir ao menos uma puta de uma grafonola para eu ouvir o que me apetecer ouvir. E assim foi...um dia o patrão comentou qualquer coisa de eu me fazer acompanhar sempre da viola e eu disse: só há rádio...não há cds nem cassetes além. O emu espanto foi quando cheguei ao parque para arrancar...tinha uma prenda! Um aparelho que alem de ser digital lia cd, mp3 e o carraiii...era um aparelho turbo diesel. Desde aí ouvia noticiários e mudava para os cds que então me consolavem e me consumiam o tempo irmanado na solidão da cabine. Agora a minha cúmplice é outra...equipada com um som fixe ( vou ver se me metem as colunas atrás para eu então tornar aquilo o meu auditório) proporciona-me momentos arrepiantes quando estou apenas a ouvir musica...Mas é também aí que oiço as noticias e não posso deixar de constatar que há maquinas poderosas e a rádio é uma delas. Vamos a exemplos, já vos introduzi no espirito em que me encontro neste momento e será mais fácil entenderem. Aqui vai: Nos noticiários Espanhois dá-se destaque a factos politicos e debates construtivos sobre politica e a situação dificil que agora atravessa a Espanha. Informa tambem os relevantes factos que ocorrem no mundo e dos mais diversos quadrantes. Há informação diversa em noticiários que não se regem pelas exigências publicitárias. Adiante...em contra-partida explora-se a toda a hora a contratação do Cristiano Ronaldo por tão elevado preço numa altura em que o país atravessa uma crise gravissima. Há debates e foruns. O que penso eu do negócio Ronaldo? - è de facto um grande futebolista, um mágico e um génio mas alguém a quem reconheço falta de humildade. Podemos ser ambiciosos sem contudo perder a humildade. Um clube ofereceu umas condições de trabalho fantásticas para um profisional de futebol. Ele iria ter vantagens monetárias e consequentes melhorias condições de vida e decidiu trabalhar para outro patrão que da mais e compra a sua licença de trabalho ao futuro ex-patrão. Nada confuso. Eu continuarei a torcer pelo Barça, talvez por tambem ser um clube que se opôs aos clubes da Capital...tal com cá. Mas não deixa de ser uma afronta á miséria e á pobreza onde vão sendo mergulhadas a todos os dias mais pessoas...em todo o mundo. Falava do noticiário...apercebia-me que Espanha está em crise e o momento politico é conturbado até por causa das regiões que querem independência. Porreiro páh...passei Salamanca há 20 minutos e já apanho a RR. Noticiário das 9 da manhã...Benfica e as suas eleições. Mas que raio...ouvir logo falar do Benfica ás portas de Portugal. Mudei de rádio...não acreditava. O que penso eu? - Respeito Benfica como instituição que tem uma equipa da bola que não vale nada. Sou Portista mas Português e se os noticiários abriram os seus blocos com a esmagadora vitória do Luis Filipe Vieira é porque o assunto é realmente de grande interesse nacional. Rapidamente agarrei uma opinião. Um candidato queixa-se que as eleições são ilegais mas burro como o caralho, não só foi votar numas eleições que ele não reconhecia como válidas. Ganhou quem se esperava da forma que se esperava. No fundo há uma tentativa clara de o LFV querer ser um presidente á altura do Pinto da Costa e de querer copiar o modelo de organização do campeão. Claro que negam...jamais assumiriam como o Bettencourt que pretendia um Sporting parecido com o modelo do FCP. Segundo...as palavras do Vilarinho que em vez de dizer qe não queria saber do assunto usou a expressou "estou-me cagando". Bolas...tá bem, tá mal, mas quem é que não pode dizer uma palavra, ter um desabafo que represente tudo em poucas palavras. Quando começei a ouvir depois excertos da declaração da vitória mudei de rádio...népias,ouvi uma local qualquer que passava musica. Parei em Vilar Formoso, banho e de novo estrada e de novo rádio. Encontro um programa do António Sala em que entrevista uma sra que era muito próxima de Amália. Fiquei a ouvir pois tenho m fascinio pela Amália. Qando terminou, novo bloco e mais Benfica, agora a informar ao Pais que o candidato Bruno Carvalho vai num sei quê e tal e não sei que mais. Fodasse, não há paciência....scan TSF. Pedro Mexia, Ricardo Araujo Pereira e outro artista, num programa onde a sátira é alimento e é ali, no meio de bocas cómicas e piadas que só mesmo o Ricardo sabe, que sei que o ministro fez cornos ao Bernardino Machado. Fiquei a perceber a dimensão do caso á medida que ia rindo da forma que encontraram para me informarem. Dass...e nada nos noticiários? Outra, vou criar o instituto da protecção á mosca preta. Se o governo nao me der tacho passo a ser cidadão Maltês. É uma ameaça séria. Está bem que a Maria João Pires é uma pianista reconhecidissima a nivel mundial e que de certa forma muito contribuíu para promover Portugal no meio musical, mas caramba, uma atitude destas não é castigar um ministro que não deu tacho, também não é uma forma de retaliação para com a entidade que foi fiscalizar as contas do instituto de Belgais e que detectaram demaiados erros de má gestão que acabaram por gerer milhares de euros em dividas. O gesto da Sra Maria João é uma ofensa ao povo Português, claro que está no seu direito de ser de outra nacionalidade, mas não o faz por querer ser Brasileira, fá-lo com vergonha de ser Portuguesa, portanto, deixa-la ir. A Fátima Felgueiras também foi e ninguém a chateou. Mudei para cd para ouvir o meu irmão ( http://www.youtube.com/watch?v=flOjKaSjkxQ )...muda logo tudo. E assim cheguei a casa, inundado num abraço do mano e cansado de tanto quilometro. Aos que resistiram até aqui confesso que sofro de amores e esta semana foi complicada...a tristeza vem sempre ao de cima...mas já vou aguentando como nos velhos temos...estou quase bem. Bem. até um destes dias.