quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Mete-me um barraco em cima...vai chover


Sr fulano de tal...
Antes de mais deixe-me dizer-lhe que se me dá chuva na minha primeira noite de férias, eu retribuo com seca. Mas contudo, e após este pequeno aparte (quem não quiser seca, é melhor ir curtir a chuva) dirijo-me a si.
Saiba o senhor que durante uns dias por certo não virei cá trazer-lhe novas teorias geradas e criadas ao volante da minha Xaleca. Poderei eventualmente vir e abordar algum assunto resultante da melancolia que muitos dos homens temporariamente sós acabam por sentir nas férias. Eu apesar de tudo procuro ser uma pessoa normal, completamente normal, com familia, amigos e umas cadelitas para cuidar. Intemporávemente só.
Conheço homens que não tiram férias. Sentem-se estranhos perante os filhos que cresceram sob a ausência do pai e apenas ás mãos das respectivas mães, homens que não sabem estar mais que dois dias em casa porque se sentem estranhos. E é quando quando as malas se abram, a dis, que ouço dessas histórias. Pais que não fazem a minima ideia do que o filho faz, as palavras que ele já aprendeu a dizer : papá, mamã, porto e Pinto da Costa. Eu não...posso chegar ao 10º dia de férias e sentir uma certa melancolia por constatar que não vou conseguir fazer nas férias as coisas que durante onze meses arquitecto no meu caco craneano, sob a quase certeza absoluta que o conseguiria fazer. Mas no fundo, para muita boa gente, um motorista não passa do outro lado do negócio das putas e de gajos que cheiram mal, arrotam e coçam o cú com o dedo mindinho. E este conceito vai-se sentindo e eu perco a coragem de levar a cabo muitas das coisas que gostava de fazer porque senti na pele a vergonha que pessoas antes minhas amigas sentem por ter escolhido uma profissão quem tem carimbado a negro muitos mitos que no fundo não correspondem á verdade.
Eu quero férias, eu não vou de férias, eu prefiro ficar de férias até para organizar muita coisa que a minha vida normal não permite que tenha tempo ou disponibilidade de as levar a bom porto. Ficar em casa ver o sol nascer no largo, passear a pé pelos campos com as minhas cadelitas, encontrar todos os dias a minha familia, amigos do meu núcleo forte e poder também entregar-me a eles, são ambições de férias. Meter-me no meu carro e sair sem destino para qualquer recondita vila ou aldeia de Portugal, ir com o pessoal da banda acampar para Vila Flôr, beber uns copos em S.Mamede de Ribatua, ir ao Artur a Torre de Moncorvo fazer contas a uma posta á Mirandesa. Quero sentar-me junto ao meu avô e poder estar com ele sem lhe dar a sucessiva preocupação que lhe causam as viagens e as partidas. Não quero saber de partidas, apenas de chegadas, estar com pessoas que realmente se sintam bem por eu estar ali, ficar pela madrugada com amigos a tocar viola nas esplanadas e a cantar. É um sonho poder sonhar com cada madrugada iniciada com amigos numa esplanada seja a conversar ou a cantar para as pedras que fazem as casas do meu lugar. Pedras douradas de sol e lavadas de chuva. Provável que tambem acabe por servir de baby-sitter da minha sobrinha que para azar do meu irmão, havia de seguir as pisadas de um tio maluco que sou, nascendo na manhã de 24 de julho como eu, sendo leâo como eu e do ano do tigre como eu. E como eu gosto daquela menina com carinha de meu irmão quando era puto, menina de sorriso fácil e indefeso.
Mau prenúncio é a chuva que me abraça nestas manhãs primeiras de Agosto...oxalá que ao recolher do camião no parque, S.Pedro me recompense pelas procissões feitas em sua honra...mas, dass...chuva a começar o mês de Agosto? Por alma de quem? Não...assim não. Férias de cinzento e guarda-chuva, não. Além disso os meus pobres sapatos estão rotos e andar com um lagar portátil ao fim da pata, não, muito obrigado, Senhor S. Pedro. Sempre que como galinha ou frango assado, lembro que o mesmo, já depois de estar a ser mastigado, pode cantar (só espero não estar a comer o pescoço do galo cantor)** e inevitavelmente lembro o Senhor, senhor S.Pedro. Também me lembro quando vejo as indefesas do um tal de Roberto...chamam-lhe frangueiro e lá vem o pensamento...e lá me lembro do galo e do Senhor. Dai-me sol...deixai-me apresentar bronzeado no inferno, que gajos como eu nem no céu acordam para ir á missa ao domingo de manhã. Se fôr ao sábado á tarde é coisa que até não tá mal...é onde se pode observar parte da densidade populacional aqui da freguesia. Dai-me sol S.Pedro porque tenho andado a trabalhar, exposto á moderada temperatura como a foto documenta
Posso ser multado por um policia chegar aqui ao blog e disser: alto lá, oh escrivão...tás a transgedir e de maneira. que é essa coisa de tirar a foto ao manómetro da temperatura do habitáculo so sr chauffer enquanto sobe a a25 na zona da Guarda, hein?)



como que um estágio para mostrar o osso aí ao fiambre e o Senhor, dá-me chuva no dia em que fico de férias? E a Samarra, vou precisar dela? Diga-me...
E já a madrugada já me abraça enquanto vos escrevo e estou na montra, como não sou patrocinado por nenhuma marca de cerveja bebo uma mini sagres, fresquinha, e depois uma mini super bock, fresquissima ... e embalo-me naquela montra que namora os coretos e o lago e esplanadas desertas sacudidas por um sopro morno de vento que me leva o fumo do cigarro. Cheguei há pouco...tenho atrás de mim a alma da xaleca nas imensas coisas que nela comigo trago. Os despojos de meses de trabalho...atrás de mim, atrás, passado. Á frente...a montra e a árvore que dançá, o lago e a sombra, o corto e a luz. Há vento, morno, e eu registo a prece, aqui, que desejo a mim mesmo, dias de sol, para mim...dias de sol. Do nascer ao morrer...mas só um pouco de sol, como adeus para um amanhã que há-de vir...que convêm, contudo, me apanhe bronzeado.









** Por falar neste tema, lembrai-me um dia de vos contar como é que em Ataúro, ilha ao largo de Dili, a malta sobreviveu do que conseguia por ter comido tudo em pastuscadas silenciosas, a contar com o ovo no cú da galinha com a cena do " ai e tal amanhã vem o helicóptero e traz mantimentos...mas o gajo do heli deve ter pensado: -olha-me estes marmanjos...que rica vida. E nunca mais voltou. Lembrem-me de vos dizer como é que um galo phodeu (sou dos ph...acordo ortgráfico não) 5 gajos armados :)

1 comentário:

AmSilva® disse...

Penso que o S. Pedro tenha andado a beber junto com Baco, além de que tem estado demasiado próximo de Helios, vai daí que o tempo esteja como está, umas vezes mal outras vezes péssimo para a altura e pelo meio vai trocando o Inverno com o Verão...
Resumindo: Boas férias!!
Que Hélios esteja presente e o S.Pedro se aguente!!