sábado, 26 de dezembro de 2009

Carta ao Pai Natal


sr fulano de tal...

"Querido Pai Natal,
Acharás estranho que te escreva hoje, 26 de Dezembro, mas quero esclarecer umas coisas que me ocorreram desde que te enviei a carta cheia de ilusões na qual pedia que trouxesses uma bicicleta, um comboio eléctrico, um Nintendo e um par de patins.
Quero dizer-te que me matei a estudar todo o ano, tanto que, não só fui dos primeiros da minha turma, mas também tirei 20 a todas as disciplinas e não te estou a enganar. Ninguém se portou melhor do que eu, nem com os pais, nem com os irmãos, nem com os amigos, nem com os vizinhos. Fiz recados sem cobrar, ajudei velhinhos a atravessar a rua e não houve nada que eu não fizesse pelos meus semelhantes e mesmo assim, que grande lata... oh Pai Natal.
É que deixar debaixo da Árvore de Natal um cabrão dum pião, uma merda duma corneta e um car*lh* dum par de meias... f*d*-se... quem é que pensas que és... barrigudo do car*lh*?
Pois é, porto-me como um camelo a merda do ano inteiro, para vires com essa merda de prendas e como se não bastasse, ao paneleiro do filho da vizinha, esse otário estúpido como car*lh* que grita com a vaca da mãe e é um pandemónio lá em casa, tu deste-lhe tudo o que ele pediu.
Agora quero que te f*das e que venha o car*lh* de um terramoto e nos engula a todos, porque um Pai Natal incompetente como tu, não faz falta a ninguém.
Mas não deixes de regressar no ano que vem, porque vou rebentar à pedrada as p*tas das tuas renas e hás-de vir bater com os cornos cá em baixo, que te hás-de f*der.
Vou começar pela tua rena Rudolph, que tem nome de maricas, e hás-de andar a pé, já que a merda da bicicleta que pedi era para ir pra escola, que é longe comá merda.
Ah!!!...É verdade...não me quero despedir, sem te mandar para a p*ta que te pariu, pois tu és um filho da p*ta. E aviso-te que para o ano vais saber o que é bom, pois vou f*der o juízo a toda a gente o ano todo.


P.S.Quando quiseres, podes vir buscar o pião, a corneta e as meias, mas acorda-me para eu te enfiar essas merdas todas pelo cu acima.

In : http://jocayahhhh.spaces.live.com/?_c11_BlogPart_BlogPart=blogview&_c=BlogPart&partqs=amonth%3d12%26ayear%3d2005

domingo, 20 de dezembro de 2009

O sol a destempo


Sr fulano de tal...

Queira vossa Excª saber que entre o Sol e a Crise há uma diferença fundamental. O Sol quando nasce é para todos, já a crise...bem, essa quando nasce é sobretudo para os mais pobres...A propósito tenho que realmente partilhar outra coisa que hoje me preocupa...o estado do tempo. Este ano choveu quando devia fazer sol e há sol quando devia chover ou nevar.Penso que a razão do descontrolo do tempo reside do facto de a meteoroligia ainda não ter sido privatizada. Talvez se uma multinacional tomasse conta do caso o tempo voltasse ao normal.

PS- A foto vem a calhar com o momento...
PSD- Não é aqui chamado...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O minuto maior...


sr fulano de tal...
Passaram três semanas, quase 8000 kms sem que o solo pisado fosse Portugal. A viagem começou em Vieira de Leiria e depois daí os objectivos finas de viagem foram Ponferrada (Espanha), Treviglio (Itália), Vitória (Espanha), Dortmund e Dusseldorf (Alemanha), Bilbau (Espanha) e finalmente Avanca (Portugal). Deslumbrei-me imenso com o muito do mundo que os meus olhos puderam ver enquanto a cruzada não chegou ao fim. Mas também a saudade de casa pesa, os olhos carregados pesam e a cada dia a menos para o regresso é um dia a mais na nossa penitência...
Vieira de Leiria...entro na mata nacional. Nunca vim para estes lados, nem quando ando sem destino a passar uns dias de repouso em que nada é planeado. Vou para onde me dá na gana, se me apetecer amanhecer em Vila Flôr e anoitecer em Caminha só porque pensei que lá seria um lugar fantástico para acabar o dia, faço-o. Fiquei com vontade de ir para aqueles lados nos dias quentes do Verão...sozinho ou não, é lá que levarei a minha vontade...após descarregar e levar uma liçao de vida de sofrimento contido e mal escondido de um homem que afinal apenas quer esconder a fragilidade que a vida e as coisas menos boas com que por ela foi contemplado, segui, já "vazio" em direcçao ao local de carga.
Entro na N 109 direcçao norte...conheço esta estrada onde passei tantas vezes quando estava a ter instrução de conduçao categorias D+E. Tirei todas as cartas na tropa com excepção da ligeiros, que de resto ja tinha quando fui á Inspecção Militar. Lembro cada um dos instrutores...já os conhecia. Paro na Guia...vi uma loja que vende instrumentos musicais. Nao tinha cordas e precisava de cordas para a minha viola. Sinalizo a paragem, 4 piscas, o agente de autoridade observa e antes de me chamar já me vê ir na direcção dele:
- Bom, dia...sei que tou mal parado...é um minuto.Preciso de cordas e ali tem...tou de partida e isto ajuda-me naquelas horas...
Ele olhou e com um sorriso transmitiu-me a calma que precisava naquela hora...Só queria um minuto e ele deu-mo. Simples. Aquele minuto valeu de muito...mais que outros minutos que teve essa hora. Não é fácil para um camiao em segurança numa localidade. O custo elevado das multas que são aplicadas fazem-me muitas vezes adiar as coisas...e coisas tão elementares como ir a um multibanco. Aquele minuto dado pelo GNR iliminou algum pánico que poderia existir se simplismente abandonasse o camiao na faixa de rodagem, numa estrada nacional dentro de uma localidade como foi em Guia, Fig da Foz. Porque há sempre um ou outro que nao entende que se parei ali é porque seria para demorar mesmo pouco, há sempre quem nao entenda que se quiser ir a um multibanco terei de ir por o camião fora da localidade, parqueado em segurança, seguir até ao MB, nem que isso implique uma caminhada de meia-hora. E assim foi...mal saí do camião ouvi uma buzinadela. Falei com o agente de transito, entrei na loja, comprei dois jogos de cordas de nylon e saí sob o olhar compreensivo do agente que evitou ali as cenas das buzinadelas. Conclusão...consegui ao fim de um mês com a viola sem a 5ª corda resolver a situação.
Subo a A25...é terça-feira, o destino é Itália. Até á fronteira sinto o meu corpo pedir para não seguir como se as dores que se sentem fossem tão fisicas pelo que por vezes magoam...e ao passar o arame farpado tudo se torna mais distante...e a distancia de Salamanca para aqui torna-se igual, em certa forma, igual á distância que vai daqui até á China. Porque ao passar o arame farpado (fronteira) passamos a ser estrangeiros, passamos a ter roaming e o custo da saudade lembrado a cada telefonema e msg. E mandar uma msg de Salamanca (cidade a cerca de 110 km de Portugal) custa os mesmo 0.50€ que me custaria enviar a mesma msg da China ou da Samoa. Porque a lingua é diferente, a capacidade de expressão passa a ser reduzida e então, não conseguimos explicar como queremos, o que nos é por vezes solicitado quer por autoridades de transito ou minesteriais ou com certos clientes. Passa a ser distante porque diminuem os contactos com um mundo que criei para mim. Não me lembro de passar a fronteira para lá de sorriso aberto, mas lembro algumas vezes que a passei a chorar, como homem perdido, como que se o uico rumo que seguisse fosse apenas o da carga...custa-me. Quase se sente a solidão entrar e sentar-se ali ao lado. O baque que a solidão faz em nós quando se faz sentir é mil vezes superior ao bater de uma porta. E vemo-la ali...como puta vadia que me espera ali na fronteira e se instala no banco da direita e ali segue, de pés no tablier, como companheira. Aí, mal a rede do telemovel passa a ser estrangeira, eu meto musica...e dez minutos depois de estar para lá de Portugal, sou um homem que segue um rumo de vida e nao somente um rumo de carga rascunhada num CMR que a acompanha (CMR é documento que deve sempre acompanhar qualquer carga internacional, especie de uma guia.- Guia? Sim, não a Guia freguesia onde vende cords de nylon para a viola, mas sim a guia de carga). Ali cada dia de viagem não é mais um dia de viagem, é menos um dia de viagem. E cada cliente um objectivo que terei o prazer de superar e a marcha da "xaleca" lá segue.
Fim-de-semana na Iália...Fiquei numa area onde nem um colega Português parava...Passei a tarde de sabado dentro da cabine. Pelo rádio Cb lá ía falando com os "Tugas" que passavam no meu sentido mas que ainda tinham horário para trabalhar. Ao meu lado meia-duzia de motoristas Polacos, um Francês e um Checo. O frio que as expressões deles continham mesmo assim era superior ao do termómetro. Caíam os 1ºs flocos de neve na Xaleca. Não pensem que sou pouco sociável com os colegas de outros países, mas eles estavam na boa a falar a lingua deles e eu se nao fôr em Português não me sei exprimir como tal, o frio e o vento convidaram-me a ficar quentinho na cabine. Peguei na viola e cantei, até me cansar e até me apetecer fazer outra coisa qualquer que me permitisse passar o tempo sem que eu o contasse minuto a minuto, como tantas vezes aconteceu no passado e que me derrubavam por apenas ali estar...a contar minutos de horas que ainda teriam que passar até estar absorvido de novo pelo rumo...não meu, mas da carga.
Mas quando o rumo da carga é Portugal...quando sentimos que o rumo da carga segue paralelo a um rumo bem mais importante que é o rumo dos homens que mesmo sós não são vazios, que o sorriso volta, mesmo sem ser para saudar alguém. Sinto isso...sente-se isso pelos colegas Portugueses que passam e nos saúdam pelo Cb. Quem vem a descer para Portugal vem com uma vontade de trabalhar imensa, mas limitada pela consciência do excesso. Mas o espirito é que conta e é disso que estou a falar...os meus olhos quase riem quando na mensagem de carga o Bruno (meu operador) me aponta Portugal como destino. E canto sozinho, assumo a calma de quem sabe o caminho a percorrer...sem incertezas de ruas ou de distâncias. Apenas sabendo, tranquilo, que as placas a seguir são as que dizem Aachen, Liege, Valenciennes, Paris, Bordeús, Irun...Burgos e depois qualquer arame farpado. Desde que do outro lado seja Camões e não Cervantes.
E tantos kms depois o roaming fica na fronteira, a puta vadia salta fora para me aguardar de novo ali ou noutro qualquer lugar onde o arame farfado rompa alma e o coraçao quando pintado de fronteira que me separa. Sei que me hei-de arrepender de escrever isto, ou pelos menos questionar-me se o espirito de Natal mexe assim tanto comigo, mas até fico contente quando vejo a 1ª patrulha da BT/GNR...sem ter qualquer tipo de saudades da actividade deles, sei que pelo menos poderei ser multado em Português ou então compreendido por um homem que se sentiu compreendido pela outra parte do serviço: os condutores.
Tantas dias depois, tantas horas passadas e desmultiplicadas em minutos todos parecidos...mas nenhum tão importante do que aquele minuto concedido pelo sorriso compreensivo de um homem fardado que vigia a estrada, e que revisto na tela da memória me parece dizer:
- Vai lá...não é por um minuto que vais perder 3 semanas bem piores do que aquelas que essas cordas te podem proporcionar.

O meu amigo Joca, o outro, o tal que agora vai ás manif de Professores, dizia uma vez que a impressão geral que sentia da parte das pessoas pelos motoristas TIR era no sentido de que os motoristas seriam a outra parte do negócio do putedo. Seria então legitimo dizer que por vezes os agentes de trânsito são a outra parte da camionagem. Parece-me injustas as coisas vistas assim...

sábado, 12 de dezembro de 2009

As Renas e o pai Natal

Sr fulano de tal...

Chegou o Natal. As ruas iluminam-se de côr, transbordam de som e alegria, tudo tem um encanto especial nesta quadra. É neste especial quadra que também a cada esquina encontrámos o Pai Natal, figura carismática que marca esta época.Nas montras, na rua tocando os sinos, nas latas de coca-cola, nos papeis dos chocolates, nos placards de publicidade e em cartazes pendurados nos autocarros de transporte publico.Ele está em todas. O Pai Natal é hoje um simbolo comercial. O natal perdeu um pouco o seu valor em termos de religião, deixou de ser aquele dia em que se celebra o nascimento do Menino Jesus e passou a ser uma época comercial. As familias juntam-se para o grande jantar.Desde o bacalhau ao perú as ementas ainda têm os doces tradicionais. Aguarde-se o fim do jantar para a troca de prendas, outras vezes as prendas colocam-se nos sapatinhos para que as crianças cresçam mantendo a ilusão da existência do Pai Natal. No fim do jantar sai-se com o pretexto de ir á missa do galo, toma-se o café na tasca do taberneiro mais ganancioso da freguesia (único que abre a tasca mesmo no dia de consoada), encontramo-nos com aqueles amigos que procuraram dias melhores no estrangeiro ( com este governo não admira nada) e joga-se ás copas ou ao raspa.Tudo serve para sair de casa, desde o facto de a televisão estar ligada e termos que levar com o discurso do Exmo Sr Pres. da Republica, o discurso do Exmo Sr Primeiro Ministro e de sua Santidade o Cardeal de Lisboa D.Policarpo.Mas o que me traz aqui é falar do Pai Natal.
O Pai Natal...essa figura mítica.Nasceu na Lapónia há muitos anos atrás.A Lapónia é uma provincia nórdica, muito fria portanto, e durante o ano, o Pai Natal encontra-se por lá como que em retiro para a grande viagem que faz nesta noite em que distribui milhões e milhões de prendinhas pelo mundo inteiro.O trenó vai á oficina reparar o desgaste e as renas são encurraladas para recuperarem o esforço destas longas viagens e assim se restalecerem da jornada e d jarda também.
O trenó é uma geringonça feita em metal ou em madeira. É um veículo deslizante (não tem rodas , portanto) e para o Pai Natal o conduzir não precisou nem precisa de aturar o sempre aborrecido instrutor de condução...O trenó anda como os ladrões na rua, muito á vontade e sem problema algum. O trenó não consome qualquer combustivel e é de fácil manutenção e sem grandes custos (uns pregos ou uns pingos de solda).Tal como os arrumadores-auto nas nossas grandes metrópoles, os trenós proliferam na Lapónia.
São aos milhares, puxados por cães ou por renas, tornam-se logo nuns veiculos de tracção animal.
Em 1956 foi assinado o tratado de "la trenoire" em que Esquimós e Lapões acordavam entre si qual o tipo de animal a usar para puxar o trenó, a fim de caracterizar também através desse facto os hábitos e costumes de um povo.Assim sendo, os esquimós escolheram os cães e o Lapões escolheram as renas.É claro que a opção foi bem feita por parte dos Lapões uma vez que seria um inconveniente um cão ladrar perto das chaminés e assim acordar os meninos e meninas durante a visita nocturna que efectua no dia ou noite de distribuição de prendinhas.
A rena é um animal quadrúpede, o que permite dar uma certa velocidade ao trenó e como maior vantagem tem o facto de não atascar.Comendo ervas e plantas que sobrevivem aos nevões, as renas comem pouco e só o fazem três vezes por semana.Quase se pode comparar o camelo e a rena.Um bebe pouco e aguenta muitos dias, o outro come pouco e mesmo assim apresenta um alto indice de resistência.
As renas distinguem-se dos outros animais por terem uma pele castanha com pequenas manchas brancas que a protejem do frio e da humidade.Têm também uma enorme ornamentação na cabeça e orgulham-se muito disso e sentem-se vaidosas ( embora haja quem não se envaideça com isso e até se chateie).
Quando as renas ficam teimosas ou desobedientes e não querem puxar o trenó, os Lapões dão-lhe pontapés, chamam-lhe corcumelas ou vuarsas e em determinadas situações mais agrestes chegam-lhes a chamar filhas das putas.
Após este elaborado discurso percebemos que o velho não tem dinheiro quase nenhum, o Pai Natal é pobre.Poderia andar de helicóptero mas não anda.Prefere invadir a mente sã das crianças e dos adultos que sonham e creem que ele voa no seu trenó mágico.Seja como fôr e não vá o velho tecêlas, eu vou pôr a bota no fogão (devidamente apagado, não vá queimar-me um bem precioso que tanta falta faz nos pezinhos) e se amanha de manhã encontrar lá um rebuçado que seja ou uma latita de cerveja, farei um esforço para acreditar que o Pai Natal existe...plo menos no coração de alguém.
Um Feliz Natal deste vosso amigo Joca

sábado, 21 de novembro de 2009

Desencontro


sr fulano de tal...
Esta viagem mais recente, em que saí em dia de S.Martinho, não me proporcionou vinho novo e o doce assado das castanhas...mas a visão de uma situação castanha, quase escura da coisa. Que os dias dias frios e cinzentos já se haviam instalado já sabia...mas que a minha maior liberdade de ser eu próprio e não o que outros querem que eu seja me iriam colocar numa situação negra sob o ponto de vista emocional, não. E tudo se aliou.
Entrei a medo pelo sul de França, passei a fronteira de Irún pela madrugada...ali vou eu. Estradas que estranhámos desertas que estão, na portagem nem uma farda a olhar para mim a obrigar-me a "desprazar" o gesto de que se nada fosse. Na verdade o pánico liberta-se um pouco em mim em cada portagem, em cada entrada ou saida ou mesmo nas portagens intermédias em que a França é rica. Não que esteja de alguma forma ilegal, mas é uma sorte...um descuido num horário e lá estamos nós á perna de uma multa de milhares de euros. E a informação é contida num registo que tem que nos acompanhar por 28 dias, ou seja, estamos lixados. Deixem-me imaginar o seguinte:
Um criminoso ou alguem que viole uma lei ou ainda alguém que mesmo, ainda que por descuido, esteja em situação de não concordância com a lei andaria com a prova do crime no bolso durante 28 dias, ou seja, seria pedir muito ao Vara que andasse com a tal mala dos 10 mil euros com ele durante 28 dias, seria pedir aos assaltantes que andassem com as facas ensanguentadas e as pistolas no bolso durante 28 dias, seria pedir a cada um de vós que explicasse os vossos 28 dias de trabalho...
Pronto, confesso, eu ando com medo do dia 27 do mes passado, fiz uns minutos a menos num descanso...o cliente ía fechar e por 11 minutos pude vir de fim-de-semana porque descarreguei ali na hora exacta do fecho do cliente, senão o fim-de-semana seria em qualquer parte da Europa onde eu sentisse o meu corpo pedir que fosse ali o local de descanso e se respirasse paz.Muita paz interior. Até dia 25 deste mês não queria ser controlado pelos amigos do control...porque, se o jogador da bola Cristiano, que ganha 100 mil euros/mês joga a 1ª parte do jogo, usa o intervalo para exercitar o corpo, faz exercicios de forma que o corpo não arrefeça, e assim prescinde dos 15 minutos de descanso que a lei que rege lá a coisa deles da bola, é logo considerado um excelente profissional...já um motorista, teve 11 minutos para não estagnar a sua vida profissional, usou-os, e agora fica com a sua vida pessoal em jogo. Ou seja...ando com a prova da ilegalidade e a malta diz "ai e tal tem que ser porque os camiões e tal...o cansaço" -alto. Mais um momento aqui...não me lixem, a lei só existe porque é decidida por gajos a quem temos de escolher para lhes garantir tacho, ou seja, eu ao votar estou a contribuír pra o filho de sr Sicrano, amigo do Beltrano, ir para deputado, decidir e regular coisas sobre as quais ele não faz nenhuma ideia. Usando um palavrão ( até porque ando revoltado com uma pessoa com quem me enganei ) , não me fodam, que-se dizer...Vamos supor que eu acordei um dia em Bruxelas ás 7 da manhã. Depois dos preparativos que fazem parte do meu ritual a cada inicio de dia de trabalho arranco ás 8. Ando 4 horas e paro o tempo que me apetece pra o almoço, desde o o minimo seja 45 min. Ás 13 arranco e ás 17 encosto e faço uma nova pausa. Tenho nesse momento 8 horas de trabalho. De facto pode haver fadiga mas não muita...os camiões de longo curso já conferem um bem-estar e proporcionam muito conforto a quem os conduz.Já não são tão cansativos e maçudos. Prossigámos...por um ou outro motivo tive que mexer o camiao ás 17 e 34, ou seja, quando faltavam 11 minutos para os tais 45 min de pausa obrigatória entre periodos de condução cujo maximo de tempo pode ser de 4h30m. Mexi uns metros e no mesmo minuto parei mas ficou o registo de que nao garanti a imobilidade do camião. Ás 18 horas segui e ás 20 horas parei. Balanço do dia: Por hoje chega, 10 horinhas de condução...vou comer algo e ver um filme e dormir...daqui a 11 horas há um novo dia de trabaho. E se vos disser que posso pagar uma multa que pode ir até 2 mil euros por quando devia estar parado, cheguei atrás uns 15 metros? Pois é...passo a ilegal e incumpridor, perante a lei e os amigos do Ministério de Trabalho Francês que adoram tanto o bolso do Zé Tuga. Agora penso, entre uma duvidosa passa, se os gajos que legislam lá em cima, se alguma vez vieram de camiao de Bruxelas ao Porto ou Lisboa...pronto, também pode ser Alguidares de Cima, ou de carro? Claro que não. Claro que não. Passo até a recordar um episódio fantástico ocorrido há cerca de 1 ano atrás: Vinha eu na A10, sentido Paris - Bordeus, tinha já passado Orleans...Chovia imenso e o trânsito parava ali mesmo, entre Orleans e Tours. Um acidente grave, helicopteros pousados na auto-estrada e 30 minutos ali parados. Daí a pouco levantam os heli, os bombeiros limpam a estrada e em minutos sigo, embora que lentamento, porque apenas uma faixa estava aberta e apesar disso há sempre a curiosidade. Nesse pára-arranca vi pelo espelho um carro igual o de um dos meus melhores amigos, Avelino, e lembrei que até pudesse ser ele e de facto era. Deu tempo a descer e ir á janela do carro dar aquele abraço aos amigos que vinham de carro do Luxemburgo. Com ele vinha o Celso, que se aventurou nessa viagem fantástica sem rádio...Combinámos parar logo na area de serviço adiante, a uns 4 kms depois do acidente. O trânsito fluiu e lá paramos nessa area de serviço. Aí pude conhecer um motard Português que era nada mais nada menos que um dos motoristas do Durão Barroso. Tinha a paixão pelas duas rodas e vinha de férias na mota...Bruxelas até zona centro de Portugal. Claro que falamos imenso mas a pergunta surgiu até cedo...Se o sim surge como resposta á pergunta se alguma vez veio de carro oficial para Portugal, já o não ecoou entre risos se o Durão lá vinha...Pois é. Não vinha. E se não vem de carro desde Bruxelas até Portugal, não sabe o que é estrada e deveria ter a consciência, não só ele (o Zé Manel de Bruxelas) como todos aos quais demos tacho, de que de facto legislam com base numa merda simples: experiência própria. E agora vós pensais: "Dass, este gajo quando dá para complicar é do caraiii". Até imagino um ser humano estranho, das beiras nascida (quase de Espanha), que me chama amigo estranho e a quem eu chamo coisa esquesita... Sabem o que acontece muitas vezes? Aqui vai...Um homem levantou-se, saiu de manha para o trabalho, 17 horas, chegou a casa, enquanto toma um banho a mulher veste os filhos e fecha as malas. Está tudo pronto. Apagam-se as luzes, fecha-se o gás e a água e fecha-se a porta do lar...há uma viagem do Luxemburgo até á aldeia imediatamente a seguir ao gesto de rodar a chave da porta de casa. E lá vem ele por aí abaixo...e entra na madrugada onde os filhos adormecem no banco de trás e a mulher já é mais alguém que ali vai a garantir que o marido nao adormece ao volante...Entre as 2 e 3 da manhã eles param...encostam 3 ou 4 horas numa area e descansam ( os mais machos fazem tudo por aguentarem a directa e só pararem mesmo n aldeia de onde um dia partiram. Mas, vamos ao que fazem uma pausa para dormir um pouco...bom, param e buscam um cobertor onde se enrolam e dormem nos bancos...fecham os olhos mas o corpo mantem-se naquela posição na mesma. Acordam e seguem...Mas isto não há quem controle, ou seja, um homem trabalha a sexta-feira normalmente no armazém, chega a casa e mete-se no carro com a familia em direcção a Portugal, aproveita a noite para progredir no terreno porque de facto há menos trânsito e se o objectivo é assar Paris, então está a pensar bem...mas o pior é que o objectivo é aguentar ver nascer dia já bem perto de Portugal....os corpos cansados da posição, um homem que não dorme há mais de 30 horas...e nada. Um gajo...11 min a menos de descanso sujeita-se a mamar a bucha.
Ninguém na fronteira, a noite ainda era bem escura e a xaleca já arrastava os seus cavalos a galope na terra dos milagres da bola (tenho a selecçao Francesa atravessada há muito...). Sigo para a Zona de Toullouse...Espero naquela que considero a mais bela área de serviço de França ( Aire des Pyrenées-Le tour dans les Pyrenées) o nascer do dia. Trago o café cá para fora e o prazer de sentir o café bem quente numa manhã fria redobra-se. O sol nasce e vai iluminando o enorme monumento monumento erguido em honra dos ciclistas que venceram gloriosamente o Toumalet, pico que se ergue nos Pirinéus...è realmente belo e como o é, não tenho palavras para o descrever mas imaginem...eu, de máquina fotográfica em punho a querer capturar o que os meus olhos captavam e nada (não tenho cabo de passar fotos para o pc por isso gamei esta foto do tal monumento aos ciclismo)...de cigarro e café quente de sentinela a aguardar o sol render a noite. O Dia termina em Dijon...sigo em direcção a Orleans e depois Paris. Sexta- Feira, 48h antes estava em casa, em Penafiel e agora, 3 clientes depois estou em Paris e quero descarregar e carregar, seja para onde fôr. Não me perdoaria passar o fim-de-semana vazio e parado á espera. Assim fiz, fiquei vazio e a carga que me arranjaram foi para a Bélgica. Ainda tinha cerca de 3 horas para andar nesse dia, caso entendesse fazê-lo e assim o fiz. Aproveitei o pouco trânsito na A13 para me esticar e acreditar que iria passar bem Paris, ás 17 horas locais...Aí estou eu...engolido no trânsito de Paris, a noite está já negra e o pára-arranca surge. Fotografo ao longe a Torre Eiffel, a uns escassos metros do Sena. O periférico era de facto o que menos convinha para a viagem, há filas e paragens por todo lado, mas para mim, até foi relaxante, pertencer por momentos aquele quadro de uma Paris colorida por reclames enormes, luzes por todo o lado. As pessoas agitadas aproveitam para do carro, enquanto aguardam andar mais uns metros, enviar uns mails e assim adiantar trabalho. Quero partilhar com alguém o cair da noite, o coração da cidade luz a bombear trânsito e eu a filmar com o telemovel. Envio o video...enganei-me na pessoa. Os enganos acontecem. Olho pelo espelho, ao longe, no meio de centenas de carros e camiões, umas luzes azuis dos "amigos" sinalizavam marcha de urgência. Entro num tunel, vou encostando á direita de forma a criar um corredor onde os veículos que viajam de forma urgente possam passar...e de que é que se tratava? Ora bom, era as motas da policia, sirenes e pirilampos activos a abrir caminho para o autocarro que transporta a selecção Francesa possa passar até ao aeroporto Charles de Gaulle. Nesse momento a rádio Alfa de Paris, noticiava que a selecção Francesa estava a caminho do aeroporto para irem jogar á Irlanda. O povo apitava e agitavam-se luzes e animava-se a malta da bola...o certo é que o caminho para a selecção estava aberto...mas não só no trânsito, como depois na 2ª mão viemos a comprovar. O trânsito evolui lentamente, quero sair para a A1 em direcçao a Lille e a coisa não anda...Estava preocupado com a hora...faltavam 20 minutos para ter de parar e ali estava eu na saída. Depois, andou-se bem, e pude disfrutar de algo que raramente acontece mas que devia acontecer mais vezes...imaginem a auto-estrada com outra a passar por cima, mas em vez de carros, sejam grandes aviões que "chovem" a cada hora naquele aeroporto...extraordinário, assustador mas que agita a adrenalina...ai se agita. Parei logo depois...adormeci a ouvir a rádio Alfa de Paris, a rádio em Português.
No sabado acordo...dormi 15 horas. Apronto-me e sigo para a Belgica...Páro na última área de serviço de França, compro a vinheta para 3 dias e avanço então para Namur. Pelo caminho encontro dois colegas Portugueses e junto-me á marcha deles e á conversa, já que todos tinhamos rádio CB. A viagem torna-se mais leve, um deles pica o outro e falam de reforma. Eles seguem, eu viro aqui á direita...avanço em direcção a Andenne, vou reconhecer o local onde segunda de manhã iria descarregar. Encontro o cliente...estava aberto e ainda mesmo no sabado descarreguei. Restava-me agora a melhor das coisas...escolher onde ficar mais de 24 horas parado. Faltava entregar a carga a um cliente em Bruxelas portanto, teria muitos locais onde me apetecesse ficar. Sigo em direcção a Bruxelas. Pelo caminho um café e um duche numa área de serviço. Envio uma mensagem...A "xaleca", leve que estava, agitava-se bem entre os carros que iam aparecendo na 42. Sigo até ao cliente, reconheço o local, está fechado. Olho em volta, tenho um centro comercial, estação de serviço, cinema e uma cidade ali ao pé. Sigo para a área de serviço...desligo o motor e deixo a "caminete" dormir. A mensagem fez efeito, os amigos são para as ocasiões e como tal lá foi uma amiga buscar-me para um café e um reconhecimento a pé nas iluminadas ruas da zona. Cai a noite e a selecção joga. Na rádio não encontrava resposta ao que queria ouvir daí que procurasse em AM as emissões da Rádio Espanhola (aquela que apanhamos sempre quando mexemos no rádio a pilhas do avô). A França vencia por 2 a 1 a Irlanda. Sobre o Portugal-Bósnia nada. Pensava na França...no dia anterior os jogadores a passarem mesmo ao lado, a olharem para dentro da Xaleca, e agora estavam noutro país, já com uma vitória garantida...Recebo uma msg que não seria para mim mas que informava da vitória de Portugal por 1 a 0. Saio sozinho e entro num barzito e deixo-me diluir na musica. Adormeço tarde.
Vem o Domingo...uns filmes resolvem as horas vazias enquanto não saio para mais um café. E algo muda, porque algo nos escapa porque algo nos faz falta e logo tentamos colmatar isso. Passou o Domingo...trago ainda o doce sabor de um café.
Descarrego cedo, sigo para o lacal de carga onde iniciarei a viagem de retorno. Arranco tarde de Bruxelas, eram umas 5 da tarde. Queria passar Paris com o tempo que legalmente podia andar. Seria possivel? - Sim. Meti-me á estrada. Tudo parecia perfeito e a correr de feição. Passaria Paris pela noite, sem trânsito nem preciso de travão. Chego a Paris, saio para a A3, tenho tempo para chegar á N20. Sigo a 90 kms hora, na Rádio Alfa passavam uns fados. Entro na 86...obras. Uma enorme fila...o tempo a desaparecer e eu a ver que teria de ficar numa valeta 9 horas. Nem pensar. Avanço decidido a sair na 1ª saída que visse. Era para uma zona industrial...encostei numa avenida e ali dormi. França estava eufórica...a vitória da Irlanda motivava a coisa. A rádio Alfa emitia um especial selecçoes em que se debruçavam sobre França e Portugal, como é lógico. Um comentador luso anunciava que a França teria uma tarefa bem mais complicada que Portugal. Alertava que a Irlanda vinha jogar o que sabe e que o pior que lhe podia acontecer era perder. O locutor riu e lembrou que a Bósnia é qe era dificil porque isto e aquilo e tal e coisa, mas o locutor, reconheço agora, é um gajo de conhecimentos, sabe do que fala. A Irlanda só foi batida da forma escandalosa que se viu naquela mão do Thierry Henry. A Bósnia...ganhou o duelo na bancada e no lançamento do escarro, porque de resto, foi presa fácil para Portugal dentro do relvado.
Paris ja estava acordada quando 3ª feira de manhã abri as cortinas. Atirei-me de novo á estrada, em filas e obras, tudo parado e tudo a acompanhar o caracol...Tempo que se perdeu e que me levou a ficar uma outra noite em França, se bem que bem mais pertinho de Espanha. Estava tão pert de Espanha que apanhava em FM a RNE1 e ouvi o programa "tablero dos desportes" em que um jornalista Espanhol reportava a presença da selecçao Espanhola na Austria para um jogo amigável mas também o jogo de Portugal na Bósnia. Em directo da Bosnia e para a Rádio Nacional Espanhola, o enviado especial da TSF a acompanhar a selecção Portuguesa era o convidado que pelo telefone foi respondendo aos jornalistas Espanhois. Finda a entrevista a desligada a chamada, o comentário do jornalista espanhol foi o seguinte: Quem me dera. Mostrou claramente no seu comentário o seu gosto pessoal que Portugal fosse ao mundial...sinceramente gostei desta proximidade desportiva entre os Ibericos.
Descarrego em Espanha e recebo ordens de carga para Portugal.
E assim me fiz a Portugal na tarde de 5ª feira...ja de coração vazio. Hoje ja posso escrever de coração limpo...porque grande é a viagem...muitas as paragens.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Roma


Sr fulano de tal...

O oposto de bonito é feio, assim como o oposto de rico é pobre, de preto é branco, isso aprende-se antes de entrar para a escola. Se observarmos tricas entre crianças, relembramos também que o contrário do amor é o ódio. Errado? Não, não é errado, não se pode exigir que uma criança saiba algo tão terrivel e tão pobre como a verdade. Já se observarmos gente mais adulta descobriremos a resposta certa: o contrário do amor não é o ódio como pensámos á partida, é a indiferença. Não é Roma.
O que será preferível entre estas duas situações? Que uma pessoa da qual gostámos passasse a odiar-nos, ou que lhe fossemos totalmente indiferentes? Que não dormisse só para imaginar mil e uma maneiras de nos fazer sentir mal ou que dormisse, como que se um anjo fosse, a noite inteira, esquecido por completo da nossa existência? O ódio é também uma forma de se estar com alguém e desengane-se quem pensar o contrário. Já a indiferença não aceita declarações ou reclamações: o nosso nome simplesmente deixa de contar na lista negra ou não. Ali já não existimos, a nossa existência já era.
Para odiar alguém, precisámos de reconhecer que esse alguém existe e que nos provoca sensações, por piores que sejam. Para odiar alguém, precisamos de um coração, ainda que frio, e raciocínio, ainda que doente. Para odiar alguém gastámos energia, neurônios e tempo. Aborrecemo-nos e nem lembramos que odiar cria-nos cabelos brancos, rugas no rosto e angústia no peito. Para odiar, necessitamos do objecto do ódio, necessitamos dele nem que seja para dedicar-lhe o nosso rancor,a nossa ira, a nossa pouca sabedoria para entendê-lo e pouco humor para aturá-lo. O ódio, se tivesse uma cor, seria vermelho, tal e qual a cor do amor.
Já para sermos indiferentes a alguém, precisamos do quê? De nada. A pessoa em questão pode saltar de para-quedas, assistir aula toda nua ou em cuecas amarelas, ganhar um óscar ou uma condenação a prisão perpétua, a gente nem quer saber "que se lixe". Não julgámos os seus actos, não queremos saber seus modos e atitudes, não testemunhámos a sua existência. Ela não nos exige o olhar, a palavra, o coração, o cérebro: o nosso corpo ignora a sua presença, e muito menos sentimos a sua ausência. Não temos o número do telefone das pessoas para quem não ligámos. A indiferença, se tivesse uma cor, seria cor da água, cor do ar, cor do nada.
Uma criança nunca experimentou essa sensação: ela ou é muito amada ou então repreendida pelas asneiras que faz. Uma criança está sempre num dos extremos, adorada ou maltatratada, mas nunca é ignorada. Só muito mais tarde, quando precisar de uma atenção que não seja materna ou paterna, é que descobrirá que o amor e o ódio habitam o mesmo universo, enquanto que a indiferença é um exílio no deserto

Dias de escuro


Sr fulano de tal...

Descalço...sinto-me descalço. Sem sandalita enfrento por agora os dias cinzentos e frios descalço. E é impossível não estar triste, impossível não sentir uma forte estrutura ruir. Um homem perdido numa cabine...está vazia, segue vazio o homem que vos escreve.
Mas prometo não falar de amor. Só me apetece sentir,não me apetece partilhar estas coisas de que também sofro.
Tenho mudado os meus próprios horários. Assisto agora ao nascer do dia já depois de testemunhar o fim da noite, do escuro e das estrelas. Os dias de Inverno alteram as minhas rotinas instaladas. Por norma acordo ás 3 ou 4, no exterior entre o frio granitico e o côro de aquecimentos de parque dos camiões ainda dança o vento com tudo que lhe atravessa o caminho e paro ás 14 ou 15, ainda a tempo de arranjar estacionamento com relativa facilidade e de ter luz natural para cozinhar. Prefiro assim...detesto cozinhar ás escuras. Sempre tive a impressão que o frio se aliou á noite. Não há luz, há frio. Andar assim cedo permite-me fazer 3 horas ou mais de conduçao antes de dormir quando a luz do sol começa a vencer a escuridão deixada pelo rasto da noite. Aí paro, preferencialmente de forma a ver o sol nascer e se os olhos não aguentarem ver esse momento que tanto mexe comigo, então durmo uns minutos. Nunca lembro um único dia em que tivesse amanhecido mal disposto com alguém do mundo. Agora entre uma passa, pareço recordar o momento em senti que o momento em que o sol se ergue é tão importante em mim. Em Angola, em Huambo, no acampamento das nossas tropas ao serviço da Onu, havia um posto de segurança (guarita para quem foi á tropa e também para muitos que não foram) que estava voltado para o aeroporto da grande cidade do planalto central. Um dia assisti dali ao nascer do dia...não lembro de nada mais a não ser a paz, o silêncio sossegado que me acompanhou nesse momento. Ausentei-me de mim, deixando ali um corpo a segurar um arma...eu estava ali mas não estava, amanhecia ali com o dia. Desde aí procuro assistir ao romper de cada dia.
Trabalhar mais cedo tambem permite parar mais cedo, claro que é com mais facilidade que encontro o lugar ideal para parar a xaleca, minha única companheira, e poder, já depois de uma refeiçao quente, assistir ao fim da luz, á invasão visual do frio. E adoro estar assim...a assistir ás rajadas de vento, ao frio cortante que dança entre a gente que caminha na rua, á chuva riscada em diagonais tocadas a vento porque no fundo, assisto sem lhe tocar porque o prazer está em assitir a este quadro de implacável frio, comodamente sentado no conforto quentinho que a xaleca me reserva. E quando há nevões até arrepio de tanta paz...é bom, estar de calções e t-shirt a ler um livro ou a fazer qualquer outra coisa enquanto do outro lado da vidraça está o Inverno, a insinuar-se e a manter a sua força da tradição. É do melhor, acreditem.
E já não assisto ao império negro que a noite impõe, já não sinto o colega que chegou e parou ali mesmo ao lado porque adormeço cedo...é a dança das horas e a dança dos dias de luz que passam depressa dando á noite o espaço que ela bem entende ter para nos dormir...para nos calar o pensamento.
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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Viva o partido...inteiro


sr fulano de tal...
Estamos no tempo das eleições...passo agora as estradas nacionais cá do nosso cantinho e farto-me de ver cartazes. Tipo...alguêm votará num candidato por ele ter um nome assim ou outro nome assado? Talvez... E poderá alguem não votar num candidato só porque tem um nome que nem por isso é muito jeitoso? - Talvez também. Há de tudo. Como há de tudo também há remédio para tudo. Por acaso agora lembrei-me que esta semana vi um candidato que se chamava Faustino qualquer coisa e a foto era mesmo má conseguida, aposto que poderiam haver momentos mais felizes para a objectiva, e pensei que nao votaria nele e depois condenei-me por isso...tipo, é o outro lado da pandilha publicitária que se mendiga pelo pelo povo. É sempre assim...somos assim e somo-lo assim e muito bem.
Se as pessoas que nada têm para fazer e vêm para aqui ler estas merdices que escrevo se sentem politicamente um zero á esquerda do género, esperam por ver os nomes dos candidatos (convêm ser nomes quase pomposos) e as respectivas fotografias ( olha, hoje muitos candidatos estão intragáveis para as objectivas de momentos felizes...o Benfas perdeu em Atenas e lá se vai a moral dos que com o partido partilham tambem o benfiquismo). Tu, por exemplo, que chegaste agora do teu gabinete cansada, ou tu que chegaste agora da escola como o "mete nojo do prof" ou tu que chegas aí de mais uma viagem com um secretário de estado...imagina:
chegas a casa desolado, esta merda não anda para a frente, tanta merda tanta merda e afinal ainda cá andamos na cauda da Europa, ainda batemos palmas ao gajo que é pop star e nos mostra o cú. Onde estão as promessas que ouvimos desde pequenos, quando apenas o 25 de Abril era para nós, um menino a pôr um cravo numa arma? Pois é...ás vezes chegamos a casa assim...e entramos, penduramos o casaco que nos protege, arrancamos os sapatos e sentamo-nos, em frente do pc. E o momento é um momento mau, sentimos que naquele momento estamos derrotados, sem forças e o que fazem?- Pois é, eu bem sei que frases como : "o dia está mesmo uma merda...deixa ver o que este gajo anda para aqui a escrever...a ver se acaba em grande a merda do dia" ou " Não há ninguem aqui...dass, que coisa, deixa ver os sites. Ena, enganei-me, vim aqui ao do Cao K Fuma...que se lixe, também não há nada pa fazer..." - constam dos vossos históricos, mas não me importa. Não me importa porque sou amigo dos que até vêm aqui e ás vezes quase lhes escrevo...hoje mando a "boca" a três deles por exemplo. Continuando...imaginai vós então que nestes dias em que somos inundados de carros com cornetas enormes a anunciar o partido x e o candidato y chegamos a casa com muitas interrogações. Somos questionados politicamente e não sabemos como nos definir. Amigos, não desistam...não se deixem ir abaixo. A hora da mudança pode estar a chegar. Mas como? Ora bem, antes que mais pega no carro e vai filiar-te num partido...ou em em dois, não vá a coisa mudar de repente o o tacho acabar. O 1º passo é ver quais os partidos que mais se alternam no poder ( a palavra "alternam" nada tem a ver com outro "alterne" embora tambem envolva chulos e filhos das putas) . O 2º passo é irem a outra sede filiar-se então na segunda força. O 3º passo é mostrar-se sempre disposto a tudo, desde subir aos postes ou simplesmente andar com uma bandeira atrás do candidato á Camara. Simples...é seguro, os partidos não têm tempo de ver quem é filiado em quem, portanto, assim está salvaguardado o seu tachito em caso de alternância ( esta aternância nada ter a ver com blá blá blá) de cor no poder.
Não se espantem pois, a vossa hora mudou e um destes dias não se admirem que vos ofereçam um carrão preto com um motorista devidamente apresentavél a conduzir-vos, além de vos darem casa, convites para bailes nos centros de idosos e outras inumeras regalias que o poder confere. Portanto, em vez de estares ai a ler esta merda já devias estar nas sedes de campanha dos partidos que escolheste a beber umas minis e a começar a desenhar o tacho...anda, que tás aí a fazer?
Tanta coisa e com sorte não voto outra vez...queria ter votado nas legislativas e népia, não tava cá, estava em França (je suis en La france, petit Sandale). Ouve-se de tudo também depois das eleiçoes e ouvir as rádios locais ou retalhos de campanha e lavar dos cestos, ouve-se cada coisa tão fixe, que só de pensar ou lembrar quase perco o controle do movimento mijatório que sinto... Em quem votou?- Eis algumas respostas a esta pergunta
-Não votei, ao Domingo vou mas é pá tasca, quero lá saber desses politicos- diz um velhote
-Votei no Portas que ele veio aqui ao mercado e deu-me dois beijinhos- diz a vendedora da fruta no mercado
-Votei Portas mas nao digo porquê...- diz um atrofiado
-Ah, não votei, gosto de ir bronzear-me á praia e o domingo é sagrado para o broze- diz uma morenaça
Eu já respondi...estava na França. Ao menos podiam ter-me posto a passar o fim-de-semana em Bruxelas, pelo menos vi-a se os Eurodeputados cá do Burgo, esses emigrantes de luxo, já começaram a mamar da têta da vaca gorda que lá se desenrola e descai para os bolsos deles...enfim. Mas ao que parece e voltando á alternância ( a palavra nada tem a ver...Quê? já nao é preciso lembrar? ok) de resultados, as Europeias foram laranja e agora nasceu de parto mais ou menos perfeito o novo governo...até darem com a têta para mamarem...e sao rosa. Mas depois volta a ser governo laranja de novo e lá voltaremos a ver que a vaca dá de mamar a todos que lá chegam, portanto...não esqueçam a tal filiação dos dois partidos (espero que nem leiam esta parte por estarem já a esta hora a receber o kit filiado no partido, com um cartãozinho, bandeira, boné e uma arrojada t-shirt com a foto do candidato. Se assim fôr estão no bom caminho, não me importo de estar a escrever para o tecto...). No fundo é tudo igual como em tempos do regime, os politicos escovas e sabujos a rodearem o chefe...é tudo igual, só que antes, o falecido não permitia que eles entre si se chamassem publicamente de Tachistas e chulos, agora sim...
E vou dar agora uma volta por aí...ainda não vi as fotos dos candidatos todos da zona e além disso é muito fixe verificar que as lampadas fundidas nos postes foram substituídas por lampadas decentes, pois que adianta um poste com o cartaz do candidato se de noite não se vê nada?
Por falar em lampadas...vou beber uma mini.

sábado, 12 de setembro de 2009

Ligeira curva descendente


sr fulano de tal...

Só hoje senti o sol e senti que as minhas pernas caminhavam na rua sem saber para onde íam.É como se o meu corpo fosse apenas a minha anterior fraqueza.
Parei numa sombra, encostei-me á parede. Ninguém passou por mim, nem um cão.Só uns pombos voavam, como se fossem livres, desenhando arcos no ceu.Círculos imperfeitos, e no entanto só eles passam como se fossem livres e mesmo assim eles não me vêem. Senti que uma mão, um dedo talvez me apertava a garganta dando-me vontade de vomitar. Baixei a cabeça e o meu estomago contorceu-se vazio na barriga.Abro a boca, faço o som do vómito e nem o meu jejum vomito.
Olhei a imagem difusa do mundo, céu indiferente, as casas indiferentes e as ruas indiferentes. A indiferente existência das coisas.E continuei, continuei sem saber onde as minhas pernas me levavam.O silêncio talvez seja o murmurio que ouço, talvez seja a insistência que ouço que me repete um desespero e um desassossego mudo e ansioso e mais ansioso por isso.Eu sou a minha incerteza perante o momento que há-de vir.
Eu sou este momento e este momento sou eu e este momento é o meu fascinio porque assisto e não entendo. Eu sou o lugar vazio de mim, sou eu nos meus olhos, sou eu nos meus gestos, são os meus gestos a serem a minha ausência.E continuo, o meu corpo a levar-me.As ruas, uma ânsia e um desconforto.A minha vida a cumprir-se, alheia de mim e sem que eu mande nela, sem que eu exista.Sou eu sem mim, eu sem eu.Eu e alguém no meu lugar a ser eu.As minhas mãos mais fortes que a minha vontade.As minhas pernas a andarem sem serem minhas.O silêncio grita-me tudo o que eu não entendo, nem sei nem ouço. E bato com a porta do carro, deixando para trás a bagagem que não quero levar comigo. O carro para e eu entro á boleia...
E o veneno da manhã faz-me atravessar a serra insuspeito como qualquer outro homem, como um homem que não carregasse um mundo de sofrimento também na sua sombra numa manhã igual a tantas outras manhãs. Atravessei a serra a caminho de Viseu como se levasse uma raiva sem motivo, caminho nas ruas levando um peso, que descobri agora, era uma magoa profunda.Desamparado para dentro de mim e perdido, como que uma raiva sem motivo, com uma dor profunda. Fui a morte e nem sei o que é a morte. Fui a dor, fui o desalento, fui a tortura e ja nem sei sequer. Fui o não saber nada e a angustia sufocante. Caminhei nas ruas, conduzi nas serras e cheguei aqui.Cheguei aqui e não cheguei a lado nenhum porque ainda sou o mesmo.Estou na estrada que me levará a casa e ainda estou aqui sentado a seguir serra abaixo no sentido oposto.
O calor do sol queima-me apertando-me contra o asfalto.Se voasse o sol não queimaria nem mais nem menos nem a minha angustia seria menos.
O silêncio entristece-me agora e estou onde não avanço, estou onde não cheguei e paro e continuo e ainda estou aqui.Sou as minhas pernas a andar e não as seguro, sou esta angustia bem maior que eu, sou uns olhos que me vêem , sou a estrada que continua.Sou uns ouvidos que ouvem...
Entrego a mim, a este eu, a minha vida por resignação e o que sobrou dela.Atrás de mim, triste a ausência conformada.O suor do meu rosto é o suor de cem rostos e eu sou cem rostos.O mundo fechou-se e abre-se já de novo.Já nada existia aí onde estás.Aqui onde me enconto já nada se parece como lá, onde existia apenas o meu desespero e o meu abandono.No fundo do meu olhar e dentro de mim vejo a serra. E o carro pára no alto da Serra e eu saio e vou sozinho fumar o meu cigarro da praxe ali enquanto contemplo a natureza que aqui foi plantada por suprema mão. Neste momento sou a solidão que acaba numa história contada divertidamente por um amigo que desliza ao lado na mesma estrada.
Os meus olhos negros foram partida.O rasto de sofrimento que a ausência deixa antes de chegar á xaleca, como pé descalço que aguarda a sandalia que lhe amansa os passos. A certeza da ausência já era.
Asfixiava-me nesta angustia mais forte que a força.Eu sabia e saber assim dá-me tudo e tira-me tudo, torna-me homem e mostra-me o abandono obrigando-me a esquecer.Era dolorosamente pequeno dentro de mim.Era tudo o que era.Era pouco, insignificante, sou um passado de desencontros e enganos que agora segue em 4ª a fundo, sou gesto de olhar este céu, sou futuro que há-de vir e sou esta certeza.
O meu sorriso renasce, estendo essa passadeira a quem entra e sorrindo rio de mim próprio e arranco...Ninguém lamenta se o meu olhar é assim ou diferente porque já sei o que ele é e no entanto perdi-o e volto a encontra-lo.Lágrima a lágrima os meus olhos já secos escrevem inutilmente estas palavras.Porquê?
Porque existo, e nao sou o esquecimento já esquecido.O vento é o meu silêncio a caminhar diante mim...no cinza fumo que do cigarro vejo em fugindo.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Vazios


sr fulano de tal...
O ar denso que me desperta deste sonho faz-me acordar para a realidade. Mas esta realidade não é aquela que eu queria para mim, para a nossa história em conjunto ou por vias separadas, porque o destino pode pregar-nos tantas partidas. E agora pequena Xaleca, voltamos a ser só os dois. Bem sei que tudo o que digo e penso não parece de todo com o sentido mais certo, mas nunca me defini como uma mente brilhante e segura, tantas vezes encho de dúvidas o meu pequeno refúgio. Espero que um dia volte a encontrar esse ponto de fuga para o outro universo que é tão diferente dos meus passos, da minha rota que às vezes mais parece de colisão total e irreparável.
Não gosto de divagar só por divagar, preciso dos motivos certos ou que o estado das coisas seja de destruição eminente e de absurdos incompreensíveis. Por tudo parecer estar sempre ao contrário, o mundo, os pássaros desalinhados, as tuas palavras, por tudo fico agoniado e com vontade de agarrar o mundo com as minhas mãos e fazer as coisas acontecerem.Ou não acontecerem porque são erradas. Ou parar o tempo para descansarmos os dois deste desatino que nos troca as voltas todos os dias, fazendo-nos parecer máquinas a pilhas ou com bateria eterna mas frágil. Este rodopio que alguém impensadamente chamou de vida baralha-me os sentidos e a imaginação, já não sei o que fazer para ser único, toda a gente tem um clone ou uma fotocópia que processa os mesmos sentimentos supostamente autênticos. A única autenticidade na minha vida é a procura de uma essência só minha que todos querem roubar, eu quero dar-ta só a ti, tu vês-me como ninguém consegue ver, e eu sou assim porque sou para ti. Mas é difícil encontrar um sítio que ainda ninguém tenha pisado, ou uma frase que ninguém se lembrou de dizer.
Sem sentir o corpo dormente levanto-me do meu estado hipnótico e olho em volta. Mas só vejo papéis trocados, e só oiço discursos estranhos repetido até à exaustão, sinto-me confuso e perdido nas palavras que insistem em entrar pelos meus ouvidos, mesmo que ponha as mãos à frente continuo a ver os teus lábios a apertarem-me contra a parede. Parece que voltei novamente àquela fase de contenção e limites, pensei que já os tinha ultrapassado e podia encontrar livremente experiências diferentes todos os dias, sem me ver ser destruído com medos ou inquietações. O tempo parece mudar lá fora, mas não sei se está a chover ou se já é verão, perdi a noção até da temperatura do meu corpo, será isto a realidade ou voltei a mergulhar num sonho que não entendo? sinceramente já não quero saber. Deixa-me só ficar a olhar para ti no que guardei em mim, não digas nada, estragas o silêncio e ele é tão belo, deixa-me ser eu a dizer as últimas palavras. Deixa-me assim, está bem?
Afinal faz frio lá fora. O ar denso abafa-me um pouco os sentidos, por isso prefiro sair. Gostava que fosses comigo para outro lado mas não tenho coragem de te pedir mais nada hoje. Voltamos à realidade de prazos curtos e de clones dispersos por todo o lado, o negócio das pilhas deve dar bom resultado nos dias que correm. Talvez precise de trocar as minhas, talvez precise de um corpo novo. Talvez precise de algo mais. Mas o destino não muda nunca! Nem sequer os dias que abrangem os homens temporáriamente sós.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Dilatação das horas


sr fulano de tal...

E vivam as férias, man. Estava tão habituado ao meu próprio rigor horário que até estranhei hoje ao acordar a marcha dos ponteiros. O meu chefe não liga, a minha caminete não me liga, não lhe sinto aquele som do motor que tanto me acompanha. Perdoem-me pois que na noite de hoje, em alto patamar cósmico lhe escreva algo que vocês podem ler mas jamais podem sentir...a cumplicidade e a lealdade que também lhe devo.

Cara Caminete:
Descansa companheira, descansa também que bem mereces...vamos depois rolar-te e fazer-te crescer mais ainda nessas estradas. Prepara-te companheira, vai ser duro mas vamos continuar unidos até ao Natal. Vamos chegar ao nosso 1º Natal. Chaleca, tou a pensar fazer uma t-shirt com um 07 a condizer contigo, só para que os do costume digam: lá vem o tolo. Eles nem sabem nem imaginam.
Chaleca...é em ti que durmo, és quem me embalas...como não hei-de gostar de ti? Conheço-te de cor, sei-te os cantos todos e sou o unico que sei toda a tua história. Nem o teu dono sabe tanto de ti como eu sei. Sei a história de cada "toque" ou risco teu. Sei porque tens o para-choques empenado e amassado, sei cada abelha que entrou aí...Sabes as horas que o meu corpo te pede para dormir, sei as horas que tens que parar para dares descanso aos cavalos que pulsam dentro de ti.
Como te poderei esquecer? Na primeira viagem, só porque não te sentia como sentia a Scania, rebestaste-me com o radiador da sofagem. Era janeiro, estava frio e deixaste-me gelar dentro de ti ás 4 da manhã. Não, não foi por medo das tuas ameaças de avaria que começei a gostar de ti...mas sim porque eras tu o meu abrigo também a partir daí. Conheces-me nas horas tristes, conheces-me nas horas em que cantamos 3 horas seguidas sem parar...conheces no teu volante as lágrimas choradas nas noites frias e escuras em que algo frio nos abraça com odor de solidão. Sabes pelo numero de cigarros que fumo se há tensão ou não, sabes exactamente convencer-me a um descanso. No fundo és aquele berço onde durmo e repouso, me escondo, me refugio quando a noite demora a desaparecer. E é em teu seio que descanso as horas em que o mundo fecha para obras, é em ti que escrevo, que fumo...e tu sempre aí, eterna á minha espera.
Ficaria triste se alguém na minha ausência se te levasse a passear ou em ti se viesse a deitar abraçando tudo o que me dás. Não pegues, Xaleca, não vás...aguarda-me aí porque terás tempo de ir e por lá rolar. Sei que te olham aí parada enquanto me aguardas, sei quantos gostariam de sentir aquilo que sinto ém ti, mas nem todos te veriam como Sacrário, o cofre de tantos segredos que velas sem abrir o trombone a ninguém. E não há computadores na Daf que te façam contar as horas em que juntos dá-mos de nós em busca de mais um fim-de-semana cá, eu no seio dos meus, da minha familia e tu...com as tuas manas lá no parque.
Xaleca, já as horas avançam e eu bebo uma mini e acendo um cigarro nesta noite de um frio quase granitico que não me deixa dormir...mas tem que ser.


Agora que escrevi o que me apetecia escrever á caminete, vou escrever o que me apetece escrever-vos. Até me lamentava da derrota do Porto contra o Aston Villa. Também me podia preocupar com a população de Oeiras vai ficar sem presidente Isaltino por uns tempos, porque coitado, está inocente e vai dentro. Ou deverei falar da grande luta da minha avô depois do 25 de abril: A minha greve ao barbeiro.É verdade, a minha avó quer que eu corte o cabelo e eu na verdade quero-o deixar crescer. E podem-me dizer que fica mal ou que é isto ou aquilo...habituei-me a não avaliar as pessoas pelo aspecto, profissão ou condição social que têm e como tal espero que sintam o mesmo. Além disso é algo que quis muito ter e não pude ter.
Dez anos da minha vida que andei com cabelo rapado e agora, mal ele me cobre a orelha a minha avó lá ve todos os dias com a ladaínha. Tipo...tenho pavor aos cortes de energia...vou ao barbeiro e ele simpático e tal lá pergunta ao que vou e ainda o ouço pôr o gerador a trabalhar lá atrás...dass, e se acaba a gasolina a meio da rapadela? Vou-me embora e ele de manhã vê-me, ri-se e eu pago-lhe o café de quando em vez. O meu patrão também virá um dia destes perguntar se eu preciso de 5 euros adicionais para cortar o cabelo e isso acaba por me irritar embora de forma disfarçada num sorriso e com a esperança que aquele minuto acabe logo. Penso que o meu cabelo grande não enfluencia nada até porque procuro andar sempre com um ar fresco, aliás, recuso-me envelhecer e é por isso que não quero que o tempo tenha aliados. Não me envelheçam o espirito...já que vim, deixem-me crescer e morrer como quero. Portanto, por agora cortar o cabelo não é lá muito viável.

O meu chefinho...O Zé Ricardo anda nas nuvens agora com o benfica...e tem razões para isso. Vencer o torneio do Guadiana, Amsterdão e do Guimarães é de facto um bom prenúncio para uma época em grande. Mas...todos os anos é a mesma história. Todos os anos eles ganham ao Lusitanos de Troisvierges do Luxemburgo, o Assoc. Desportiva dos Amigos do Cartaxo sem esquecer a habitual partidinha com o Oriental. Diz o Zé, com toda a ironia que lhe é afecta no acto, que o Porto está tão forte que nem é preciso haver campeonato. Acho que ele tem toda a razão até, mas eu acho melhor haver campeonato, senão nunca saberíamos se o Benfica terminava em 3º ou 4º. Quando muito ressuscitam, coitados.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Os senhores dos Trabuncos


sr fulano de tal...

Perto das férias...estou tão pertinho das férias e não lhes posso tocar. Mas daqui a uma semana ja lhes sinto o cheiro. Mas ando cansado e sinto o meu corpo clamar por um descanso e a mente...a mente essa vai tirando férias aos retalhos quando me é possivel libertar de tudo e todos e seguir sem horários nem cartões, nem contas ao tacógrafo nem nada. São horas em que sou só meu...mas quero uns dias para ser só meu, uns dias para definitivamente arrumar de vez com umas cenitas que tenho que arrumar para então fechar a porta desses assuntos e sentar-me na sala da minha vida.

Esta semana fui para Alicante, a sul de Valência. O sol rompeu-me pela caminete dentro e queimou a pele...Que calor. Nestes dias a minha arca frigorico abre-se vezes sem conta porque se há coisa que procuro evitar é desidratar e a água fresquinha sabe sempre bem enquanto sob um sol ardente se rasga o silêncio e se desliza no asfalto.

Comigo pude contar com a presença de um amigo daqueles...daqueles de infância que o tempo não levou e que as circuntâncias mantiveram perto de mim. O Nuno Ferreira é a peça desafinada dos meus dias e eu adoro desafinar. Quando juntos fazemos trinta por uma linha e hoje até contava algumas cenas que temos juntos. Sim, porque o Nuno vive a 1 km de mim e se a viagem não é para o mesmo país de forma a irmos juntos por aí acima durante 2 ou 3 dias, resta o fim-de-semana para nos vermos e rirmos das merditas que criámos ou provocámos. Vou falar-vos deste amigo sportinguista nos tempos livres e companheiro a tempo inteiro. Por vezes viajámos juntos desde Penafiel a Viseu. Ou de Viseu para Penafiel. Uma vez dei boleia ao Nuno desde o parque onde repousa a "caminete" até Penafiel. Era tarde e a fome chegava á velocidade da chuva. Íamos a contar peripércias da viagem de cada um e o que é que nos aparece no meio da estrada, perdido na noite e sem documentos? - Um pato-

- Nuno, que é esta merda?- perguntei

-É um pato, man, pera aí.

-Tá tudo...paramos aqui e fumamos um cigarro. Se o pato não fôr para casa levamo-lo connosco.

-O meu cigarro já está a acabar e não me apetece fumar mais.Eu ja vouuuu

E lá foi ele a correr atrás de um pato em pánico. Eu ria-me de caralho a ver aquilo, o pato a correr e a dar á asa e o Nuno atrás dele tambem á dar curvas e a tentar apanha-lo...como se fora um pato maior tendo as asas nos braços. Arranquei estrada abaixo para iluminar a cena e o Nuno já vinha com o bicho pelo pescoço. Uma saca, pato lá dentro e mala com ele. Chegamos á terra e encontramos uma patuscada de um amigo que se despedia de solteiro. Contribuímos na ceia com um pato que foi logo morto.

- É pá, alguém que aqueça água, caralho, para depenar o gajo- diz um

- E panela? Alguém arranje uma panela que eu faço isso- dizia outro já bem maduro por uns copos bem bebidos, a julgar pelos bigodes nos beiços.

- Caralho, ninguem me ajuda, pa? Dass, não há quem meta uma merda de uma panela ao lume para depenar o pato? - diz o chefe da festa, enquanto não se lembrava que estava em sua casa e que deveria ser ele a indicar onde estavam as panelas e até, onde era a cozinha para as ir buscar.

Eu, não os conhecendo bem, até porque são amigos do Nuno, estava encostado á porta a fumar um cigarro e a observar o que me estava a saber tão bem, porque apesar de tudo não evitava rir á custa de tudo aquilo. No meio daquela confusão o Nuno apanha uma rebarbadeira e toca a depenar o pato com a rebarbadeira...parecia uma batalha de indios, era só setas no ar. Foi a primeira vez que comi aletria de pato...não havia arroz então foi aletria que se arranjou.

Mas as histórias com o Nuno não ficam por aqui...também nas piores lhe apareço porque no fundo é o meu melhor colega de trabalho, são muitos anos a crescer e muitos saltos de paraquedas.

Um dia encontramo-nos na casa de pneus afecta á empresa. Tipo, a gente até nem foi muito bem recebida, quando a empregada lá do sítio nos vê chegar deita as mãos á cabeça e reza um pouco, pedindo a Deus que sejámos breves por lá. Houve um sábado de manhã que lá fomos no meu xsara, tipo, tinha uns pneus com uns arames a saltar e achei que era hora de meter um bocado de borracha nas rodas. Para passar o tempo saquei da viola e o Nuno a cantar as mais belas musicas de encantar pessoal que se irrita pelos outros estarem bem. E assim foi aquela hora e meia, em que até houve quem fosse a um café comprar 2 minis para que continuassemos a cantar. Esse dia acabou já em Penafiel com o Nuno ainda a cantar e eu de viola em punho. Temos planos de um dia passar o dia em saltos de paraquedas...e estamos a elaborar um trabalho musical que se chamará "filhos da pauta no asfalto", já estou a fazer umas letras e ele também. Cada cd custará um balúrdio, e como somos amigos não queremos fazer algo muito belo, ainda se endividavam pessoas só para terem o nosso futuro cd ainda em fase de escavações. De qualquer forma já temos um concerto a ser tratado no Pavilhão Atlântico em Lisboa, parece que um dos seguranças daquilo era paraquedista com o Nuno na tropa e vai deixar-nos tocar nas escadas durante 10 minutos sem correr connosco por suposta mendicidade. Vida de artistas tem destas coisas.

Juntos partilhamos também o gosto pela paragem no alto da Serra de Montemuro, seja de Verão para uma mini fresquinha antes da descida da Serra, seja no Inverno, para na lareira aguardar, serenos e quentinhos, pela passagem do limpa-neves. Já quando esava em Viseu colocado no RI14 para seguir para Timor, ali parava no alto. É um mundo que se desenrola ali diante dos meus olhos...ficava ali horas se pudesse e se não tivesse mais nada para fazer. Subir de Cinfães para o alto da Serra é algo tão bom para quem gosta de sentir a estrada, um pouco de adrenalina no perigo que a estrada representa por ser sinuosa...mas adoro aquela parte, é tud a subir, é a ansiedade de chegar lá em cima e pedir um café, sentar-me no capot da xsara (aqui parei de escrever para me rir) a ver o sol em nascente, são os niveis de adrenalina se se espetam no meu tecto de tanto subirem...mexe em mim.

Numa qualquer semana de junho vinha eu a descer numa estradita no norte de França e ouvi a voz do Nuno no cb...Chamei e ele respondeu, vinha a descer também e estavamos a fcar perto, ele já vinha numa nacional onde eu iria entrar daí a minutos. Descemos juntos e sempre a falar ao rádio. Contado não dá para acreditar, mas aqueles rádios ferviam...a gente metia-se com toda a gente, todos riam de nos ouvir e alguns foram que se juntaram a nós na descida, rindo de caraiii connosco. No dia seguinte á noite já ficamos perto pe Irun, ficamos num parque maluco na recta de Bordéus. Estavamos no meu camião a fumar e a ver um gajo a rir-se sozinho enquanto andava a ver as rodas do camião. O nuno disse logo que o gajo estava a fumar um trabunco e chamou-o com uma pose autoritária...o gajo era de leste e lá veio, a medo. Eu estava no volante quieto, de viola nos braços a ver o que o Nuno ía arranjar desta vez...chega o gajo e o Nuno:

-Ei camone, falas Português?

- hmum?

-Paquito, hablas Espanhol?

-No

-Speak English?

-Oh, no

-Oh que caralho...como é que te pergunto se gostas de Pearl Jam? Vens sem saber falar nada morres á fome, desgraçado...

-Pearl jam? Ok

Começei a tocar Betterman e o gajo sabia-a toda...e lá ficou sem o caldo verde que estava nas suas mãos. E lá foi o amigo de leste embora segundos depois, estava a fazer uma pausa de meia-hora. Descemos para ir ás malas jantar, levei a viola, sempre curtimos e cantamos enquanto as batatas não cozem. Apareceu um colega Português creio que da TNC ou da Brites, cantamo-lhe uma canção em troca de um pouco de vinho. Na noite anterior tinha aberto a unica garrafa que trazia, sempre á espera que a mesma me servisse para um fim-de-semana que passasse fora...ajuda a dormir enquanto as horas parecem não passar. Diz o colega:

- Oh rapazes, até vos dou um copo de vinho, mas está ali a policia e é fodido passar para aqui com a garrafa. Dai aí um copo que eu encho e trago cá...

Levou uma cafeteira...e ainda o ouvimos reclamar e a comentar com outro que se estava a rir do que eu e o Nuno estavamos a armar :

-Ora ora, já me foderam, oh colega, está a ver estes gajos? este é o copo de pedir...o copo de dar deve ser uma chavena...

Que bela pomada bebemos...ainda assim eu e o Nuno fomos amigos do homem, teve direito a mais ma canção. Foi muito fixe mesmo. Com um quilo de morangos o Nuno fez um batido e juntou-lhe mais uns ingredientes e estava o máximo a sobremesa. Fomos para a cabine outra vez e quando já estava escuro ligamos o cb e ouviamos o pessoal falar enquanto passavam a recta...Eu e o Nuno simulavamos que íamos em viagem, cada um no seu camião e a rolar...eu falava com som de radio, passava ao Nuno e punha musica...quem ns ouvia parecia estarmos mesmo a rolar. Passado um bocado ouve-se um colega a comentar para o outro: Dass, que hoje as ondas rádio estão muito boas, estes gajs ainda se ouvem e bem e ja devem ter passado aí há 20 min...foi a gargalhada dentro da caminete. Eu e o Nuno tinhamos conseguido que alguém caisse na história do rádio potente. Lol.

Bem, estava a escrever-nos enfiado num barraco em Seia, enquanto me descarregam o camião e eu aguardo ansioso a sada daqui para o parque. Nao sei um carai de Francês, mas se me quero safar agora que andam aí os emigrantes, terei que saber expressar-me na lingua deles faladas nas esplanadas do meu rico Portugal. Portanto, aqui segue um pequeno ensaio como despedida deste texto:
Mons amis, Xsara, je va de vacances.

sábado, 18 de julho de 2009

Eram altas da manhã


sr fulano de tal...

Hoje, como homem e como animal me assumo...e faço-o quase por desespero por não aceitar, não saber entender, porque é que um gajo há-de ser sempre a parte de baixo onde bate qualquer martelão. Chega...não venham com merdas, há homens que cresceram de formas diferentes, uns impregnados de educação e sentimentos,outros há que correspondem ao que se diz, mas nada que não aconteça em todos os ramos de serviço. Hoje venho aqui falar-vos de um gajo amigo...chama-se Joca, professor de Geografia ou outra qualquer disciplina cuja designação não lembro ou não me interessa. Naõ o conheço pessoalmente mas sei que somos amigos até porque já se passou da net, mas que encontrou na TIR um desafio interessante e talvez enriquecedor enquanto foi engrossar listas de professores não colocados. Melhor que eu ele define até que ponto as atitudes que se tomam podem tocar o alvo quando a intençao é falar mal...não de todo, mas mal. Arrepio quando entro no seu blog e leio a pagina que guardei nos favoritos. Eu vou colocar o link para deixar que entendam por palavras de quem as sabe utilizar devidamente, a diferença de trato a uma pessoa. Enquanto motorista, enquanto professor (felizmente colocado em Portimão e feliz a dar aulas...ensinar, afinal o que sempre gostou). O joca é um gajo do qual não sei a idade, sei que é mais novo que eu e que tinha um sonho, um ideal e foi atrás...Eis o blog: http://joni-driver.blogspot.com/2008/12/faz-hoje-um-ano.html
Arrepio ao ler isto...arrepio pela imposição de palavras, de um homem que esteve deste lado e agora está no outro.Palavras frias e cinzentas que o assunto impõe.
Apresento-vos todo um mar que não sei desenhar, mas no qual artilho tanta onda e tanta alga. Na verdade é detro da cabine que devems permanecer, orque não podemos pensar, não podemos sentir, não podemos sair á rua e vir tomar um café...ai e tal porque parecem os gajos das cavernas. Se soubessem...
(passam dois dias...)
A camineta hoje parou...parou mas não foi muito...apanhamos o Tour de França a subir de Barcelona para Andorra. Fintei o esquema todo e atravessei para o outro lado da estrada por um caminho secundário, a reboque lá dum simpáico Catalão que me mostrou como poderia passar para o outro lado do super vigiado c-58. E não pude deixar de parar e de ver em segundos algo que será eterno e depois de ver o grosso do pelotão vazámos. Por acaso penesei sempre poder aproveitar uma viagem deste que casualmente se cruzasse com a Volta á França...e se mais o sonhei mais foi possivel de o ver...mas na Espanha. Torço pelo Amstrong, porque a força do homem e brutal e depois ver um gajo, que em pequeno idolatrei, Bernard Hinault, sempre a descascar no Lance, ainda mais motivos encontro para gostar do Lance. Porque o Hinault venceu a volta, o Tour, mas nunca o fez por sete vezes, sete vezes que o doping foi sempre uma suspeita, sete vezes que as analises davam todas negativo...Foram sete vezes a correr por correr, pedalar por não se querer saber fazer mais nada, sete vezes campeão. E com 36 anos, vai terminar no pódio, porque quem nasce para ganhar fá-lo-á até acabar e o Lance não terminou...vai lançado.
Caramba, sempre que chego aqui apetece-me parar e dormir aqui, como que berço emprestado, como que embalo que reconheço pela forma como se escreve: Penãfiel.`verdade, tenho 9 horas e pouco feitas, e já avisto a rotunda...no alto ergue-se um castelo que altivo espreita o povo que a seus pés se desenrola. Penãfiel não é seguramente Penafiel, mas é seguramente terra onde gosto de pernoitar. Um destes dias aviso o meu "chefinho" e a meio da tarde faço lá a pausa de subo ao Castelo. Tentar perceber a importância dele ali e se era dali que se controlava o acesso ao Douro ou teria sido por outr motivo que a sua construção seria ali afectuada. Paro, o dia acabou...a minha chaleca dá agora a sua ultima volta ao motor. Caiu agora num silêncio profundo, enquanto arrefece e respira para mais 4 horas e meia de viagem que de manhã ligarão Penãfiel (Valadolid) a Viseu, terras do General pastor, Sr Viriato. Vou fazer arroz com carne estufada. Há vinho e a música está excelente, além disso vem aí um companheiro jantar ás malas. Hoje sinto paz...sei lá porquê. Do outro lado da rua um plasma mostras as corridas de touros em honra de S.Firmin, em Pamplona. Há touros de morte e eu confesso, não aprecio e viro a cara ao lado. Respeito a tradiçao...nao me peçam á qe aprecie. Mas adoro ver o que acho ser a verdadeira tourada. Os grupos de Forcados. Isso sim, isso aprecio porque não é para qualquer um ir aos cornos do touro, literalmente falando...Podem vir com a história de estar com os amigos no café e dizer: "oh, tás a ver? até eu fazia aquela merda merda, os cornos do bicho estão serrados"- não, não venham com coisas, porque tivessem as astes do animal almodafas, com air bags, seja là o que fôr...500 kgs embalados são muito peso para a minha caminete. Até porque na verdade ir á frente do touro qualquer pode ir...é livre. Pode é não fazer então o que o forcado sabe tão bem fazer: olhar na cara o touro, anda para trás e assim amortece o choque mas sempre antes que o touro entre no pique máximo e então, num gesto forte e eximio encaixa os braços no touro e segue ali, numa viagem que imagino durar horas, esperando ajuda do grupo nas costas e o amontoado de corpos atrás de si, ou então o duro golpe nas tábuas da cerca...dass, eu morria logo. Só iria para a praça muito bebido e com um trabunco bem enrolado á mistura. Mas para ir para o meio da praça chamar benfiquista ao bicho para ele se indignar e dar a correr em direcção a mim, eu teria que estar mesmo todo fodido. Ora, eu quando tou já nesse estado quero é rir, cantar, tocar viola e rir outra vez, portanto, acabaria por pôr o touro a rir. Mas pronto, ali estava...eu e o touro. Eu, na paz, a rir de caralho dos cornos do bicho e ele a vir em diracção a mim...Portanto, ele mandava-me uma cabeçada que de mim apareciam apenas as asas e uns ossinhos...para enterrar. Ou então atirava-me para o chão e ele andava ali armado em jojador da bola, aos toque de habilidade comigo. E porquê? Porque eu não tenho a coragem de me colocar assim como um forcado, porque não saberia segurar-me...eu sei lá. Ele sai a rir, eu sairia todo empenado. Uma vantagem do caralho...matar um boi com a espada. Pode até ser interessante e o gajo também te coragem porque primeiro lida o touro, mostra-lhe a capa vermelha e o touro investe no vazio ( outra alusão ao benfica...mas juo que esta foi sem querer) do vermelho mas quanto a mim fode tudo ao matar impiedosamente o bicho aos olhos do povo. Portanto, mariquices. Gostava de os ver pegar um touro. Eles já viram...vêm a Portugal e é se querem.
Como não podia deixar de ser aqui a parte mais rádiofónica da coisa. Ouvi um top qualquer da rádio alto ave ou coisa parecida, enquanto descia a Serra de Montemuro já em direcção a Cinfães. Casualmente encontrei o locutor dessa rádio a dar a conhecer o 3º lugar das musicas mais pedidas e ouvi Gaivota, interpretado ( e muito bem, diferente e muito bem sem tirar qualquer brilho a esse deusa Amália) pela Sonia Tavares enquanto tambem vocalista dos Amália Hoje. Adoro a música, fantástico...descer aquela serra ao som de Gaivota. Em segundo lugar Pedro Khima e em primeiro uma musica tipo Nel Monteiro ou Jorge Ferreira, com quadars marotas a insinuar uma descida de lingua pela mulher abaixo...cortei. Bolas...a coisa prometia, Amália Hoje no 3º posto e eu pensava o que viria depois...espera grandiosidade musical e sai-me um acordeão e um tambor. Népias...não me apetece ouvir mais nada. "Deixem-me navegar na estrada de cabeça vazia só uma vez , não vou suplicar,não vou pôr-me de joelhos, não estou em condições de dar luta".
PS- São quase 4 da manhã e eu aqui a escrever...fim-de-semana, mini fresca e tal e alguns erros acontecem. Este post contem linguaguem obscena...Mãe se vieste ler, esquece a cena da pimenta na lingua por causa das caralhadas, porque eu não disse nada, apenas escrevi. Agora já se sabe que castigo maior é pimenta nas pontas dos dedos que escreveram as palavras que o povo consagrou. São dez dedos...qual castigas? Escrevi todos os palavrões com um só dedo. Qual será? Ao qual vais pôr pimenta? Hm...dizes-me? Não vais castigar dedos inocentes, pois não??

domingo, 5 de julho de 2009

Rádio Pirata


sr fulano de tal...

Durante muitos meses andei enfiado numa Scania marreca que de resto adorava. Era a minha companheira de estrada, sempre amiga e leal companheira. Lembro do dia em que me foi distribuída pelo responsavel lá do parque da empresa. Meti-me nela, coloquei as coisas dentro e arranquei naquilo. A primeira impressão foi de que naquela bombaça não passaria da subida de Mangualde...e olhava em volta a localizar o extintor ou então a treinar o gesto de largar cinto e abrir porta...subi a medo, a bombassa ía subindo com os seus cavalos, penso que 380...ou seriam 400 - sinceramente, falar de cavalagem e cilindrada de motores é como falar de lagares de azeite, não entendo um caraiii. Ia avançando na estrada, as subidas iam sendo ultrapassadas e eu procurava identificar-me com o pequeno cubiculo. Olho para o aparelho de som, um rádio leitor de cassetes...-"tá tudo"- pensei. Desprevenido sem cassetes lá fui galgando a serra até Vilar Formoso...a marrequita não ardeu. Tive caminete até ma arrancarrem. Passei a fronteira, perdi o sinal da rádio Portuguesa e toca a levar com a rádio espanhola...fiz de uma estação de rádio espanhola a minha companhia sempre que me encontrava na Pátria de Cervantes. Ainda hoje menos, mas ainda a oiço pela manhã...Quarenta Principales, o nome da estação. Talvez devido á vizinhança um gajo sempre lá foi entendendo uma ou outra palavra em Espanhol e de facto eu começei a compreender a Lingua Espanhola como consequência do facto de fazer muitos milhares de quilometros em estradas Espanholas e tendo por companhia só a rádio...com todas as limitações próprias das ondas rádio, umas vezes fortes outras vezes não. Não me sei expressar, aprendi apenas a interpretar cada palavra sem a saber dizer. Na França...era o caos. Não tenho uma de preferencia embora a RFM se oiça bem e a RTL2. Mas não entendo nada de Francês e não me seduz minimamente o idioma. Já tentei gostar, a começar por uma introdução através da musica. E encantei-me por Brell e Piaf ( Amsterdam e La vie en rose), Aznavour e Dassin...e adorei. Adorei sem saber o que diziam, sem ter a noçao do que cantavam. Pude enfim compreender como é que os Japoneses adoravam Amália...mesmo sem entenderem Português. Havia ali um supremo derrame emocional porque bastava ouvir a voz e o tom triste da frase que Amália cantava, para se deixar ir onde aquela voz as levava. Sem perceber um caralho de Francês (sou bem capaz de morrer á sede e á fome por nem pão e água fresca saber pedir...ok, sei, mas não me desenrasco mesmo com eles), eu mergulhava em coisas que a voz e a emoção colocada ao serviço da palavra produziam em mim...Eu já ando a tratar de aprender Francês, pelo menos o Franciú Emigrantino (sem desprezo pelos nossos emigrantes, obviamente) que sempre dá para um gajo se orientar pelo menos com utilidade para a parte profissional da coisa. Aos que ainda resistem desse lado a ler estes autênticos ataques de caganeira mental, surge agora uma questão : Mas então este cromo, porque não levou então cassetes? Cassetes...toca a gravar cassetes com as minhas musicas referência...aquelas que posso ouvir em qualquer estado de espirito em que me encontre. Lá arranjei um aparelho que me gravasse as cassetes. Muito Pearl Jam, Guns, Trovante, Gnr, algumas canções de Coimbra do mano e uma ou outra mais coisa... Segunda viagem a bordo da bombassa. Ligo o rádio e aproveito para ouvir a RR ou TSF até se esgotar a informação...sigo um pouco para a RNE para ouvir noticiários e zás, enfio a primeira cassete. Nada, algo se passa que a cassete não toca. Tiro a cassete e não é que o filha da mãe do aparelhómetro comeu a fita á cassete? Lixo com a cassete. Uns dias mais tarde, outra cassete...dass, tenho que ganhar coragem para pedir ao menos uma puta de uma grafonola para eu ouvir o que me apetecer ouvir. E assim foi...um dia o patrão comentou qualquer coisa de eu me fazer acompanhar sempre da viola e eu disse: só há rádio...não há cds nem cassetes além. O emu espanto foi quando cheguei ao parque para arrancar...tinha uma prenda! Um aparelho que alem de ser digital lia cd, mp3 e o carraiii...era um aparelho turbo diesel. Desde aí ouvia noticiários e mudava para os cds que então me consolavem e me consumiam o tempo irmanado na solidão da cabine. Agora a minha cúmplice é outra...equipada com um som fixe ( vou ver se me metem as colunas atrás para eu então tornar aquilo o meu auditório) proporciona-me momentos arrepiantes quando estou apenas a ouvir musica...Mas é também aí que oiço as noticias e não posso deixar de constatar que há maquinas poderosas e a rádio é uma delas. Vamos a exemplos, já vos introduzi no espirito em que me encontro neste momento e será mais fácil entenderem. Aqui vai: Nos noticiários Espanhois dá-se destaque a factos politicos e debates construtivos sobre politica e a situação dificil que agora atravessa a Espanha. Informa tambem os relevantes factos que ocorrem no mundo e dos mais diversos quadrantes. Há informação diversa em noticiários que não se regem pelas exigências publicitárias. Adiante...em contra-partida explora-se a toda a hora a contratação do Cristiano Ronaldo por tão elevado preço numa altura em que o país atravessa uma crise gravissima. Há debates e foruns. O que penso eu do negócio Ronaldo? - è de facto um grande futebolista, um mágico e um génio mas alguém a quem reconheço falta de humildade. Podemos ser ambiciosos sem contudo perder a humildade. Um clube ofereceu umas condições de trabalho fantásticas para um profisional de futebol. Ele iria ter vantagens monetárias e consequentes melhorias condições de vida e decidiu trabalhar para outro patrão que da mais e compra a sua licença de trabalho ao futuro ex-patrão. Nada confuso. Eu continuarei a torcer pelo Barça, talvez por tambem ser um clube que se opôs aos clubes da Capital...tal com cá. Mas não deixa de ser uma afronta á miséria e á pobreza onde vão sendo mergulhadas a todos os dias mais pessoas...em todo o mundo. Falava do noticiário...apercebia-me que Espanha está em crise e o momento politico é conturbado até por causa das regiões que querem independência. Porreiro páh...passei Salamanca há 20 minutos e já apanho a RR. Noticiário das 9 da manhã...Benfica e as suas eleições. Mas que raio...ouvir logo falar do Benfica ás portas de Portugal. Mudei de rádio...não acreditava. O que penso eu? - Respeito Benfica como instituição que tem uma equipa da bola que não vale nada. Sou Portista mas Português e se os noticiários abriram os seus blocos com a esmagadora vitória do Luis Filipe Vieira é porque o assunto é realmente de grande interesse nacional. Rapidamente agarrei uma opinião. Um candidato queixa-se que as eleições são ilegais mas burro como o caralho, não só foi votar numas eleições que ele não reconhecia como válidas. Ganhou quem se esperava da forma que se esperava. No fundo há uma tentativa clara de o LFV querer ser um presidente á altura do Pinto da Costa e de querer copiar o modelo de organização do campeão. Claro que negam...jamais assumiriam como o Bettencourt que pretendia um Sporting parecido com o modelo do FCP. Segundo...as palavras do Vilarinho que em vez de dizer qe não queria saber do assunto usou a expressou "estou-me cagando". Bolas...tá bem, tá mal, mas quem é que não pode dizer uma palavra, ter um desabafo que represente tudo em poucas palavras. Quando começei a ouvir depois excertos da declaração da vitória mudei de rádio...népias,ouvi uma local qualquer que passava musica. Parei em Vilar Formoso, banho e de novo estrada e de novo rádio. Encontro um programa do António Sala em que entrevista uma sra que era muito próxima de Amália. Fiquei a ouvir pois tenho m fascinio pela Amália. Qando terminou, novo bloco e mais Benfica, agora a informar ao Pais que o candidato Bruno Carvalho vai num sei quê e tal e não sei que mais. Fodasse, não há paciência....scan TSF. Pedro Mexia, Ricardo Araujo Pereira e outro artista, num programa onde a sátira é alimento e é ali, no meio de bocas cómicas e piadas que só mesmo o Ricardo sabe, que sei que o ministro fez cornos ao Bernardino Machado. Fiquei a perceber a dimensão do caso á medida que ia rindo da forma que encontraram para me informarem. Dass...e nada nos noticiários? Outra, vou criar o instituto da protecção á mosca preta. Se o governo nao me der tacho passo a ser cidadão Maltês. É uma ameaça séria. Está bem que a Maria João Pires é uma pianista reconhecidissima a nivel mundial e que de certa forma muito contribuíu para promover Portugal no meio musical, mas caramba, uma atitude destas não é castigar um ministro que não deu tacho, também não é uma forma de retaliação para com a entidade que foi fiscalizar as contas do instituto de Belgais e que detectaram demaiados erros de má gestão que acabaram por gerer milhares de euros em dividas. O gesto da Sra Maria João é uma ofensa ao povo Português, claro que está no seu direito de ser de outra nacionalidade, mas não o faz por querer ser Brasileira, fá-lo com vergonha de ser Portuguesa, portanto, deixa-la ir. A Fátima Felgueiras também foi e ninguém a chateou. Mudei para cd para ouvir o meu irmão ( http://www.youtube.com/watch?v=flOjKaSjkxQ )...muda logo tudo. E assim cheguei a casa, inundado num abraço do mano e cansado de tanto quilometro. Aos que resistiram até aqui confesso que sofro de amores e esta semana foi complicada...a tristeza vem sempre ao de cima...mas já vou aguentando como nos velhos temos...estou quase bem. Bem. até um destes dias.

sábado, 27 de junho de 2009

Mosquitos por cordas


sr fulano de tal...


Não fossem a merda dos mosquitos "kamikaze" que se esborracham contra o para-brisas da minha companheira, seria fantástica a jornada diária. Mas não, cabrões dos mosquitos têm sempre que vir de encontro ao camião. Imagino-os ainda de peito feito, fanfarrões, como quem diz: "ja vais ver...vais levar um encontrão que te vou virar o camião ao contrário". E zás...mais um naco de merda ali a impossibilitar a visibilidade ou simplesmente ali a meter nojo como quem pensa que é apesar de tudo um ornamento apreciável mesmo depois de um choque frontal com uma caminete...estupidos mosquitos. E são borboletas, passaros, tudo o que possa voar...espero que não venha ái um dia destes um airbus meio enganado com as coordenadas. Um gajo fuma um cigarrito, abre o vidro para respirar um pouco de ar natural e lá vem eles cá para dentro. E as abelhas?? Um destes dias fui mordido por uma abelha que entrou na cabina...mas já passou o inchaço mas acreditem, não estou pronto para outra. A abelha não era a Maia, a destonada ferrou-me mesmo perto da nalga, eu estava de calçao e ela entrou perneira acima. Tipo...a conduzir e uma abelha dentro dos calções...Imaginam o pânico? - Certo..."paniquei". Tipo...senti medo até de mexer a perna para ir ao travão...em movimento lento e cuidado la retiro o pé do acelerador e meto no travão...um olho na estrada outro nos calções. Urgente parar...4 piscas, encosto á berma, vou travando as 40 ton que trazia nos delegados pulsos e quando paro e tento localizar a entrusa em tão delicado (e doloroso ) lugar sob-calças, quando sinto o ferrão a entrar em mim. - "Puta do caralho"- gritei eu antes de a desfazer em pedaços na palma da minha mão, a tortura-la á medida das dores de uma ferradela de abelha na virilha me provocavam.
A viagem desta semana foi cansativa, é certo, mas por outro lado permitiu-me passar por experiências tão raras...foi quase um porta a porta com emigrantes Portugueses como clientes. Pessoas que me receberam com um copo, um lanche ou jantar. Pessoas que pareciam estar a receber alguém da familia tal a forma como franqueiam as portas. Para mim também acaba por ser bom, está certo que exige bem mais de mim, mas por outro lado também me sinto bem mais Português em locais onde não oiço falar outra qualquer língua. A lingua de Camões ainda é uma Pátria, p'lo menos para mim e para muitos mais como eu.
(passam uns dias e não me apetece falar de mosquitos...nem de abelhas)
Hoje apetece-me falar do outro Verão...o Verão de verdade, aquele Verão de estar com os amigos, todos de férias, as noites em que uma viola á meia-noite rasga o silêncio do largo que me viu crescer, de um largo em que cada pedrinha tem a sua história. E os vizinhos mais velhos, aqueles que sse deitam mal a galinha fecha o olho, sobem ás janelas e sacadas e vão ouvindo e pedindo mais porque afinal de contas está fresca a noite e sabe tão bem. Por agora observo só, só lhe sinto o sabor nos dias bons...os dias estar em casa com a familia. Há sempre esta coisa de ver os amigos que há 11 meses ou 6 meses a distância colocou do lado de lá, sentir que afina a cena de ouvir Zé Malhoa de vidros abertos até nem é mau de todo...são tantos os dias em que não somos surpreendidos por uma musica em Português num qualquer país estrangeiro. O meu Verão aqui dentro não deixa de ser fixe (não fosse a merda do mosquitame), até se rola. Esta semana ainda não vi muitos, mas lá se vai vendo um ou outro carro carregado de malas, com o cachecol da equipa lusa, com um bom chapéu de palha atrás e muita saudade a viajar. E é tão fixe quando passam por nós...tocam, apitam e acenam como quem diz: "este Tuga do camião já vai para casa...e nós tambem" - e lá seguem. Nas areas de serviço carros com os nossos emigrantes começam a ser vistos todos os dias, por vezes até se encontra malta amiga que desce da Suiça ou França...mas há festa, sempre. Pressupõe-se que talvez o trabalho, o desempenho ou forma de estar de um homem definem o que ele de facto é mas eu não me baseio nisso para definir uma pessoa. Mais uma vez lembro o Joca, meu migo ali do blog do lado (http://joni-driver.blogspot.com/), que sendo professor veio á estrada de certeza beber algo que lhe será útil para a vida. Hoje é o Sr Prof, mas ontem talvez fosse mais um "motorista Tuga, que mija contra as rodas do reboque em pleno parque". Na verdade até sabe bem ouvir um ou outro artista cá do Burgo a saltar vidros fora em qualquer estrada europeia que em si leve um carro carregado de saudade e um chapeu de palha atrás colocado... E após correr os mosquitos da cabine, vou ali dormir e amanhã volto...
PS- Dass, um gajo entra em Portugal e sente-se o quao bom é encher os pulmões com o ar que adoça a Serra da Estrela, procura-se noticiário para nos actualizarmos e ouvimos cada puta...Portugal está de cangalhas e eu sou cumplice, concerteza. O bloco defende a liberalização da coisa?? Era nesses, era nesses que o meu xis era bem colocado. Andou tudo a desviar e o povo que se lixe...e népias.