terça-feira, 9 de novembro de 2010

Vamos ao Baile, companheiro


Cimeira Portuguesa em Besançon...gostava mais de estar na Ibero-Americana


Sr fulano de tal...

Ando mais farto de contas e orçamentos de estado que cada vez mais me apetece ver o jornal da tvi...ao menos há aquele jornalismo de faca e alguidar e recolhido do meio do povo. Como qualquer outro cidadão que sobrevive em Portugal, ou tenta sobreviver na Lusa nação, procuro andar informado mas neste caso se a informação sobre o estado da nação, o risco de o FMI atravessar com os seus chicotes e as suas biblias numéricas de novas leis a fronteira de Vilar Formoso ou de o governo cair, tivessem reduzida quantidade de alcool, eu andaria borracho das 6 da manhã até ás 20 horas...hora em que a rádio publica fecha a sua emissão em onda-curta para os Portugueses espalhados pele Europa. Chega de propaganda...tanta informação até me leva a pensar que se eu não me manisfestar desagrado pela situação já me deverei sentir um Patriota a sério...daqueles que dá jeito ao poder ter debaixo de pé. Mas, pelo mal ou pelo bem, estou descontente com a situação embora não me passe pela cabeça fazer ou manisfestar-me na rua em qualquer tipo de greve. Dia de greve é para quem não quer fazer um "caraiii"*...não me acredito que um trabalhador isolado, sozinho, se ausentasse do seu posto de trabalho e fosse, com uma bandeira fazer uma manisfestação em frente á administração da empresa. Mas como é em grupo e como até se pode controlar uma qualquer gaja boa que pensa estar perto do fim do mundo e por isso vai também na manif (já vi manifestações e há sempre gajas boas...se não tivesse que trabalhar dia 24 ia ver gajas boas á manifestação),a malta até alinha. Se houver malta afecta ao bloco e com mortalhas, melhor.
Olho pelo retrovisor e vejo a porta de entrada de França...como só sei ouvir musica na rádio Francesa e não sou capaz de traduzir ou perceber o sentido de uma simples frase rádiofónica das terras de Napoleão, mudo para a rádio espanhola...Ah, assim está bem...ouço as mesmissimas merdas que ouviria se estivesse em Portugal mas só que em lingua de Cervantes. Crise é Crisis, Socrates passa a Sapateiro e mudam os nomes dos jogadores mas o formato é igual...depois do formato big brother que é igual para todos os países e onde apenas mudam nos interpretes, a politica tornou-se a mesma trampa*, mudam os nomes dos jogadores e estamos ali...a ouvir minuto a minuto ou a imaginar o que estará a fazer o Cavaco ou o Socrates porque já há meia hora não vem á rádio fazer as suas declarações preocupadas de fim de tacho. Sim, disse bem, fim de tacho. Ai porque ai e tal e coisa e os mercados desconfiam e temos de ser nós e tal e coisa por isso votem e mantenham-me aqui no tacho...Fosca-se*...farto. Parece alcatrão já de tão negro e roto que é o discurso. Tanta merda e tanta escória junta e o País entregue a gajos que se vergam perante a Chanceller alemã. Só vejo um homem de quem de resto não nutro qualquer admiração por ele que seria capaz de ir a palanque e dizer alto e em bom som o que a Sra Merkel deveria ouvir de um macho latino absorvido pela politica e engordado por ela:Alberto João Jardim. Mas como o homem não pensa como eu, cala-se e ataca antes o Socrates.
A mulher Merkel provou ao mundo que para ter a Europa na mão não precisava de exercitos e bombas, canhões e bombardeamentos como fez o homem do bigodinho com cara de Hitler...com desodorizante e batôn como peças de uso diário ela foi amarrando a corda ao tronco...pendurou a Grécia que está num caos agora devido ao surgimento de grupos de acção armada de extrema esquerda, geradores de tumultos. Pôs a Espanha em cima da cadeira á espera de lhe dar um biqueiro e estica-los pelo pescoço caso urinem* fora do penico. Portugal já sabemos...há cadeira, a corda ja cá está ao pescoço...depois de apertar o cinto para os portugueses de ouro se governarem, a malta agora é fechada pelo pescoço...regime para não esticar o cinto. O pequeno Sarkozy vergou-se e vergou a França ao querer e poder da sra...e sinceramente, admiro-me com o facto de o Presidente Francês fazer mais sacrificios e esforços por agradar á Sra da Alemanha do que faria pela sua esposa (e tão boa que ela é...).
Sem uma bomba, sem um tanque Panzer a derrubar arame farpado, sem uma única batalha em campo aberto a Europa finalmente marcha ao passo da Alemanha. E para eles, Bochs, não passámos de um povo muito simpático mas pacóvio...tipo gente de campo que vai ás couves á cidade. Profissional de sexo da esquina que o gerou*...
E é assim que se ouve a viagem...os olhos já pouco saltitam por algo mesmo novo e fantástico, mas os ouvidos da viagem é isto tudo que ouvem. É uma especie de viagem sonora...
Deixemos o País cair financeiramente. Dizem que Portugal entra em falência e fecha. Ando há uns dias atento aos placards de estrada, sobretudo aqueles que estão plantados de Salamanca para a frente em direccão ao pôr-do-sol, aqueles que nos dão informaçoes de trânsito. Sinto o frio granitico de um arrepio na espinha por temer encontrar algo do genero: Dirige-se a um país que entrou em falência e fechou. Penso até trazer comigo um kit de suicidio para quando esse momento vier e eu ler que depois de Fuentes de Onoro só existe restos de um País que foi o Império, a queda do mesmo e o enterro do mesmo. Havemos de conservar as enxadas...as batatas nascerão na mesma. Não morreremos á fome se os nossos dias não forem greves. Não perdemos o bilhete de identidade que ninguém reconhecerá na Europa como documento de cidadania Portuguesa...mas não precisaremos de BI para mostrar que ser Português é algo de muito valioso para muitos...para outros é só uma forma de serem Europeus. Deixemos cair todos os Governos que procuram receber com jantaradas os comilões que aparecem a petiscar bacalhau e marisco em Portugal sobre o pretexto de cimeiras Ibero_Americanas e ignoram a mâe viúva que tem 3 filhos e a casa lhe ruiu com o temporal. Se em vez de noites e programas altamente carrissimos com ementas de luxo os recebessemos com umas latinhas de atum, nunca mais haviam de quer fazer a cimeira aqui, á minha, á tua e a custa de cada um dos Portugueses que tem mesmo que ir ao atum que o caminho do talho agora é meio deserto...
Deixemos cair o Governo...Neste momento aquilo parece mais uma comissão administrativa. Tem por objectivo o saldo positivo...sem se importarem se há gente que já só defeca* 1 vez por semana e não é por mais nada...quem não como não "gaca". Como ninguém compra uma remessa de bacalhau se só come uma postazinha de vez em quando, também ninguém vai comprar um rolo de papel higiénico so porque se tem que se limpar uma vez por semana. Poupa-se no papel higiénico e voltamos ao jornal...de resto um papel digno e geralmente decorado com as caras de quem para dar do bom e do melhor aos forasteiros, nos vai impedindo de cagar á vontade.
Sr Fulano...queira desculpar se este texto parece mais um auto da minha destruição Lusa...não é.Digamos que é algo "fumentado" por motivos um pouco fortes. Certo é que já me orgulhei mas do meu Pais...cresci nele e transportei a minha bandeira na manga da farda durante daz anos. Durante dez anos pus-me em sentido e fiz continência a essa bandeira que o neo-politico agora agita como farrapo para limpar as pegadas que os forasteiros deixam. Que valor tem a Bandeira Nacional para esses mecambúzios que não sabendo dar seguimento á sua vida profissional se metem na politica? O Zé Maria das galinhas não teve que ir para a politica para aparecerem toda a hora na televisão. Porque é que não imitam o Ferreira Torres? Para quê dar biqueiradas no património do povo se com meia dúzia de dias na casa de Pêro Pinheiro tinha muito mais audiência? Quem sabe um dia não teremos o José das Beiras e o seu gang de gravatas lisas num formato desses e anunciados pela Julia Pinheiro.
Já não oico o motor do camião...apenas este mundo e este apelo geral me é atirado para os ouvidos. Posso afirmar que, se para os mamões que se/nos governam o País acaba, Portugal passa a ser terreno baldio, quando não houver dinheiro nossa na mão deles para desvios patrimoniais em off-shores , para mim não...porque o meu Portugal é muito mais que uma forma de cair numa salinha qualquer de Bruxelas...que de resto põe a tocar a musica que a sra Angela quer dançar. Velha do caraiiii, havia de dançar um vira minhoto que até se escangalhava. Mas está fora de questão...no minho para os forasteiros de alto calibre dá-se a morada do Santoínho e da Quinta da Malafaia. E há sardinhas e vinho...querem? sim senhor, são 10 euritos. Não querem? Então liguem ao vosso amigo Zé que ele orienta algo no Elefante Branco e reserva uma marisqueira com as mais simpaticas saudações do povo Português.
Não sei se alguém com o minimo de senso lê isto...é uma forma parva de passar o tempo, mas se um dia me expulsarem do Pais e me retirarem cidadania Portuguesa, mandem-me ou vendam-me á Jamaica...ando a precisar de experimentar ir ao Jamaica...mesmo que Ibérico. Quem anda na roda conhece o caminho...
Apaguem-me o rádio antes de sairam...

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Folhas caídas

Esta foto foi fotografada com uma camera fotográfica que tira fotografias



Sr fulano de tal...

Um destes dias dou comigo a colher historias perdidas por ai nas bermas para escrever aqui. Não são histórias, não vejo assim estas coisas que aqui escrevo, são apenas relatos de momentos...ou uma sucessão deles, que me fazem rir, embora de forma timida e contida. Mas a recolher das bermas nesta época só existem mesmo as folhas caídas de árvores que se vão despindo ao ritmo de uma dança desconcertada diluída numa estranha musica ditada pelo vento.
Enquanto víamos as noticias a darem a cara sempre catita e linda dos nossos ministros ( o Engº Sócrates está para a politica como o Prof.Mourinho está para o futebol), o Outono veio e instalou-se e nem demos conta. O assunto do dia é o orçamento e a falência de Portugal e enquanto os noticiários se debruçam com noticias sobre a vinda do FMI e do D.Sebastião dos orçamentos, nós, aqueles que se lixam* sempre haja fartura de dinheiro no Governo ou esteja ele de calças na mão, preocupamo-nos mais com o frio. Não há noticias para as classes média e baixa Portuguesa, apenas para os senhores da finança e os donos do dinheiro que apanharam e que agora contam com toda a populaçao num esforço patriótico para o repor. A gente paga sempre qualquer coisinha por uma samarra, por um Kispo marroquino que nos ampare nos dias de frio...agora para o Governo e vaidades de quem lá está, só mesmo obrigado a fazê-lo...mas que eles não mereciam nenhum, isso não. No meu tempo não era nada disto.
Quem me dera descobrir por aqui, em Lyon, o cheiro das castanhas assadas, segui-lo e dar com um papelão aberto e pendurado num pau de vassoura com os escritos em Português - Há castanhas e vinho novo- e sentar-me aconchegado pelo calor do assador e a dar boas-vindas ao Outono. Essa é a minha novidade no ano, não é o orçamento nem a chegada do FMI. Lembro-me com saudade a escola primária...festejava-se a chegada do Outono com desenhos e com as redações sobre o tema. Eu acho que passei sempre no tempo que se reprovava na primária, por gostar de escrever redações e desenhar. Na matematica e estudo social ou meio fisico, já não me lembro, dava um jeito um pouco mais acima do mediocre.
-Vamos ás castanhas no intervalo?- Perguntava em surdina o companheiro de carteira. Respondia que sim e fazia o aquecimento dos tornozelos ainda sentado. Ir roubar castanhas era um risco porque os ouriços eram soltos á pedrada e só de capacete se estava bem debaixo do castanheiro, mas em couro cabeludo também não estava mal...com um bocadinho de jeito levava-se uma pedrada e apanhavam-se uns pontos. Durante esses dias era-se mais bem tratado por estar doentinho e nem reguadas levava por não fazer os trabalhos de casa. Levei tanta reguada na mão...acho que a professora se divertia com aquele espancamento de régua em riste e eu, de mão gelada na manhã de Outono ali a sentir o baque da régua numa mão que não sentia pelo frio mas que depois doíam enquanto aqueciam. De nada valeu...hoje sou exactamente o mesmo mas da velha professora levo 2 beijinhos quando me vê...a sorte dela é que nunca mas estragou muito as mãos. Em vésperas de S.Martinho não havia escola, era feito um magusto gigante para todos os alunos. Uns traziam castanhas, outros sal e outros traziam caruma ou "munha" como se diz na minha terra. Tudo acabava com meia dúzia de alunos totalmente enfarruscados pelas cinzas da fogueira...na altura não sabia que havia Amadora e Cacém, se soubesse iria pensar estar lá porque no final do magusto quase não se via uma pele branca...era tudo farruscado e como era festa, as professoras más e as ranhosas das empregadas da escola não castigavam a nossa vingança pelos dias e horas más que ás vezes pareciam ser aqueles de escola. Acho que tive mais medo das professoras de primária do que da minha mãe, embora se chegasse a casa e lhe dissesse que a professora me batera, a minha mãe ainda dava a dose caseira porque acreditava que se a professora castigou teve motivos para tal. Ora bolas...era comer e calar.
E vou fumando e escrevendo, e o meu olhar perde-se num relvado verde mas já inundado de folhas que lhe jazem até que passe o Sr do colete verde que as reagrupará num carrinho que transborda já de folhas caídas. Gosto do contraste das folhas caídas com a relva ainda de verde pigmentada. E nas árvores coabitam ainda folhas verdes com aquelas que ainda hoje cairão e ficarão no chão até que o sr de colete verde passe e as leve no seu carrinho de roda de bicicleta.
Por estes dias sou também uma folha seca, castanha com tons de amarelo, que fui largada de uma árvore...tambem gingo ao vento e arrasto-me pelo mundo ciente que a uma qualquer valeta eu irei ter. As folhas caiem porque as árvores que as sustentam as deixam cair, cortam-lhes lentamente a vida e despem-as para a rua. Só espero não acabar no Sr do colete verde e no seu ancinho.
Eu, por mim, festejo a chegada do Outono, não me resta mais nada a festejar neste momento, só mágoas a carpir e se possivel enquanto festejo. Assim, no meio de castanhas e vinho, entre o fumo que me aquece e alegra a alma nos dias em que morrer seria alternativa, nem se dá tanto conta da folha que somos e que alguém largou.


* Uma senhora pediu que não escrevesse palavrões por isso substitui-se por outras palavras mais coloridas, o que em tempo de Outono é uma coisa fantástica.


Dicionário do escrivão: lixam - fodem