segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O meu ovo de chocolate

Estes são os amigos que acamparam comigo em Vila Flor, chamo-lhe "a corja", tudo pessoal da banda.


Sr fulano de tal...

Se lhe dissesse que geralmente se tira férias para descansar, não estaria a dizer nada que lhe fosse surpreender de nenhuma forma. Mas não seria novo se lhe dissesse que ando cansado, não de férias, mas das férias...Mal durmo, não quero perder cada nascer do sol, ás vezes deito-me só depois de ver a lua cruzar o largo de ponta a ponta é que então adormeço. Cansado talvez porque no fundo parecem-me vazias. Ocas talvez...mas com alguns momentos cheios, como se fosse um daqueles ovos de chocolate que são ocos, mas lá dentro andam aos tombos peças de algo que geralmente é positivo para os putos...ou não. Vou abrir o ovo a ver que coisas saiem de boas.

Vila flôr. É daqueles sítios que fazem parte da minha vida e o melhor é que nem sei explicar porquê. Sei que começei por ir sozinho, um dia, sem destino. Não sonhava ainda em conduzir camiões, talvez ainda não tivesse ido para Angola. Creio que foi em 95...Ainda era eu militar em regime de voluntariado. Tive férias e fui sozinho. Meti tenda e bicicleta na mala, cobertor, a viola e um mapa e fui... Fui conhecer um Portugal que não conhecia senão do que dava pela tv e por aguns sitios por onde passei quando fui para Lisboa, para a tropa. Nesses dias de Agosto, abri o mapa e vi Caminha...achei simpática a ideia de ir acampar para Caminha e lá fui eu. Duas tardes e uma noite, foi o que aguentei lá. O parque era numa zona arenosa, rodeado de tendas lá encontrei espaço para montar a minha (hoje ainda é a mesma) canadiana. A água do mar estava fria, parecia gelada e voltei para a tenda...era a minha 1ª viagem a descobrir mundo. Nessa noite o vento arrancou as endas todas do chão...eu andei atrás da minha dentro de uma daquelas tendas grandes, de uns bacanos estrangeiros. Ninguém dormiu nessa noite...só de manhã, ao nascer do sol consegui montar de novo a tenda, mas com menos de metade das espias...Dormi um pouco. Acordei ao meio dia com uma mordidela de um moscardo que me inchou o pescoço...Lá fui eu para uma farmácia mesmo no centro de Caminha, 3 minutos para lá chegar, explicar o que me aconteceu e trazer uma bisnaga de fenistil...quando cheguei já estavam dois militares da GNR a passar-me o respectivo talãozinho. Cheguei a tempo de lhes explicar e mostrar que era mesmo uma urgência e lá me deixaram seguir com o aviso de não voltar a estacionar na praça do táxi. Arrumei a tenda e decidi abandonar o Minho...a agonia era muita, mais que em Viana do Castelo e a sua Sra. Lembro de olhar para Mirandela e ver no mapa uma localidade de nome sugestivo: Vila Flôr. E lá fui eu, de costas voltadas ao pôr-do-sol, á água fria e ao moscardo.

E ao longo dos anos fui indo e levando amigos para lá, malta da banda, e agora é quase um hábito ir até lá e levrar instrumentos.

Tive um encontro, ou melhor, um convivio com umas das companhias de Infantaria que intregrei em Timor. Foi muito bom poder rever as pessoas em quem foi um privilégio confiar. Passados oito anos parecem todos iguais, ligeiramente carecas, ligeiramente mais gordos e muito mais pais. A alegria de ver pessoas que pensei nunca mais encontrar na vida...sim, porque a tropa é isso mesmo, a malta passa, há um ou tro que fica na nossa história e um dia vai-se embora e a vida continua. O tempo lá vai levando o sentimento breve da ausência de alguém a quem estavamos habituados a ter por perto, como camarada ou amigo. Mas um dia quando os encontro, deixo no araço toda a alegria qe possa sentir de ver aqueles gajos que não conhecia de nenhum lado mas eram quem me podia valer. Um bom dia para a alma.
O 1º convivio da 1ª Cat...poucos mas bons. Sou o que está ai, de viola...


Tive horas felizes, já apanhei duas bebedeiras muito fixes com os meus amigos, uma em Vila Flôr e outra na minha terra numa noite em que eram sete da manhã e eu esperava o dia com uma garrafa de whysky na mão e outra de cola. É mesmo muito feliz, podem crer.

Faltam mais uns dias, e haverá no ovo espaço para mais coisas boas qe me vão ser positivas. Um ovo assim, gigante, mas que rebente sempre de tão cheio, é o que vou esperar destes dias que ainda vou ver o sol nascer, sentado no telhado, de cigarro na mão. Também adoro deitar-me no telhado á noite, sem a luz dos postes que transbordam de luz curiosa por saber quem sob eles namora a lua. Ali é que eu tou bem...se quiser ver as estrelas e quem nelas vive. Por vezes parece que sinto que elas me olham como se fossem essoas que lá vivem e que já foram arrancadas dos nossos dias, das nossas horas. Talvez estas estrelinhas sejam coisas boas pequeninas polvilhadas do ovo. Ando cansado e não me apetece descansar. São férias para poder ser o que sou. Um gajo que não é bom em nada e se safa em quase tudo. Até se calhar na forma de abrir o ovo. Odeio os momentos vazios assim como os momentos cheios de nada. Valha-me ao menos o meu FCP que já vai dando umas alegrias, assim como o vosso SLB e no caso de outros o SCP. E o Cerveira também...

2 comentários:

Unknown disse...

Ainda espero que nesse ovo ainda saia a "estória" do galo que tramou 5 gajos armados. ;)

Anónimo disse...

Se procurares bem ainda vais encontrar nesse ovo um grande sorriso!!!
Os bons momentos estão às vezes onde menos esperamos…
Diverte-te Joca e continuação de boas férias.

Beijo
Ana