segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Noites brancas


Sr fulano de tal...

Acaba o dia, acaba a estrada por hoje e acaba também o paz em mim. E é ao chegar ao fim do dia que também o tempo se encerra por detrás das cortinas fechadas do camião. Deixa de haver janela para o mundo, já não é montra, já não é expositor. Ao fechar as cortinas fecho um mundo visual que me entra diluído já em rests de prata da Lua que ainda consegue espreitar em algumas noites. Hoje já as nuvens não permitem ver essa Lua vadia, companheira na solidão dos homens tardios e noctivagos. A partir deste momento sou um homem no escuro, um corpo que me abandona e me deixa ficar entregue ao lento passar dos minutos. Sou um homem só...não adianta mudar nada, sou cativo num corpo que tenho por penitência arrastar.
Abro a cortina, espreito um mundo exterior e fico siderado, a neve prende-me o olhar na sua forma leve de cair. A noite não é escura lá fora, o manto branco devolve a ar a luz que os candeeiros lhe colocam. Não há pássaros nem cães vadios...só eu mesmo e além á entrada da fábrica o porteiro. Nunca senti tanto abandono na minha vida...já tinha visto e testemunhado casos de abandono quase total mas não pensei que pudesse gelar tanto a alma e o espirito. Talvez o jantar resolva...
Sinto os meus pés gelados diante das malas. Arranco o fogão e no refúgio do reboque desenho uma refeição forte. Arroz de chouriço caseira, sopa, um iogurte, uma laranja e uma maça. Para beber convoquei uma garrafa de vinho. A água quente espera para a lavagem da loiça...quanto mais cedo a lavar e arrumar, mais cedo fujo destes 11º negativos que me congelam até a sombra.
Amanhã um novo dia, acordarei em paz e bem disposto como sempre, navegarei a estrada de pensamento solto vadio, distante até...e não me sentirei só, até que volte de novo o silêncio do motor da xaleca a invadir-me o vazio que fica quando as paisagens param e os bosques parecem não respirar.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Vamos ao Baile, companheiro


Cimeira Portuguesa em Besançon...gostava mais de estar na Ibero-Americana


Sr fulano de tal...

Ando mais farto de contas e orçamentos de estado que cada vez mais me apetece ver o jornal da tvi...ao menos há aquele jornalismo de faca e alguidar e recolhido do meio do povo. Como qualquer outro cidadão que sobrevive em Portugal, ou tenta sobreviver na Lusa nação, procuro andar informado mas neste caso se a informação sobre o estado da nação, o risco de o FMI atravessar com os seus chicotes e as suas biblias numéricas de novas leis a fronteira de Vilar Formoso ou de o governo cair, tivessem reduzida quantidade de alcool, eu andaria borracho das 6 da manhã até ás 20 horas...hora em que a rádio publica fecha a sua emissão em onda-curta para os Portugueses espalhados pele Europa. Chega de propaganda...tanta informação até me leva a pensar que se eu não me manisfestar desagrado pela situação já me deverei sentir um Patriota a sério...daqueles que dá jeito ao poder ter debaixo de pé. Mas, pelo mal ou pelo bem, estou descontente com a situação embora não me passe pela cabeça fazer ou manisfestar-me na rua em qualquer tipo de greve. Dia de greve é para quem não quer fazer um "caraiii"*...não me acredito que um trabalhador isolado, sozinho, se ausentasse do seu posto de trabalho e fosse, com uma bandeira fazer uma manisfestação em frente á administração da empresa. Mas como é em grupo e como até se pode controlar uma qualquer gaja boa que pensa estar perto do fim do mundo e por isso vai também na manif (já vi manifestações e há sempre gajas boas...se não tivesse que trabalhar dia 24 ia ver gajas boas á manifestação),a malta até alinha. Se houver malta afecta ao bloco e com mortalhas, melhor.
Olho pelo retrovisor e vejo a porta de entrada de França...como só sei ouvir musica na rádio Francesa e não sou capaz de traduzir ou perceber o sentido de uma simples frase rádiofónica das terras de Napoleão, mudo para a rádio espanhola...Ah, assim está bem...ouço as mesmissimas merdas que ouviria se estivesse em Portugal mas só que em lingua de Cervantes. Crise é Crisis, Socrates passa a Sapateiro e mudam os nomes dos jogadores mas o formato é igual...depois do formato big brother que é igual para todos os países e onde apenas mudam nos interpretes, a politica tornou-se a mesma trampa*, mudam os nomes dos jogadores e estamos ali...a ouvir minuto a minuto ou a imaginar o que estará a fazer o Cavaco ou o Socrates porque já há meia hora não vem á rádio fazer as suas declarações preocupadas de fim de tacho. Sim, disse bem, fim de tacho. Ai porque ai e tal e coisa e os mercados desconfiam e temos de ser nós e tal e coisa por isso votem e mantenham-me aqui no tacho...Fosca-se*...farto. Parece alcatrão já de tão negro e roto que é o discurso. Tanta merda e tanta escória junta e o País entregue a gajos que se vergam perante a Chanceller alemã. Só vejo um homem de quem de resto não nutro qualquer admiração por ele que seria capaz de ir a palanque e dizer alto e em bom som o que a Sra Merkel deveria ouvir de um macho latino absorvido pela politica e engordado por ela:Alberto João Jardim. Mas como o homem não pensa como eu, cala-se e ataca antes o Socrates.
A mulher Merkel provou ao mundo que para ter a Europa na mão não precisava de exercitos e bombas, canhões e bombardeamentos como fez o homem do bigodinho com cara de Hitler...com desodorizante e batôn como peças de uso diário ela foi amarrando a corda ao tronco...pendurou a Grécia que está num caos agora devido ao surgimento de grupos de acção armada de extrema esquerda, geradores de tumultos. Pôs a Espanha em cima da cadeira á espera de lhe dar um biqueiro e estica-los pelo pescoço caso urinem* fora do penico. Portugal já sabemos...há cadeira, a corda ja cá está ao pescoço...depois de apertar o cinto para os portugueses de ouro se governarem, a malta agora é fechada pelo pescoço...regime para não esticar o cinto. O pequeno Sarkozy vergou-se e vergou a França ao querer e poder da sra...e sinceramente, admiro-me com o facto de o Presidente Francês fazer mais sacrificios e esforços por agradar á Sra da Alemanha do que faria pela sua esposa (e tão boa que ela é...).
Sem uma bomba, sem um tanque Panzer a derrubar arame farpado, sem uma única batalha em campo aberto a Europa finalmente marcha ao passo da Alemanha. E para eles, Bochs, não passámos de um povo muito simpático mas pacóvio...tipo gente de campo que vai ás couves á cidade. Profissional de sexo da esquina que o gerou*...
E é assim que se ouve a viagem...os olhos já pouco saltitam por algo mesmo novo e fantástico, mas os ouvidos da viagem é isto tudo que ouvem. É uma especie de viagem sonora...
Deixemos o País cair financeiramente. Dizem que Portugal entra em falência e fecha. Ando há uns dias atento aos placards de estrada, sobretudo aqueles que estão plantados de Salamanca para a frente em direccão ao pôr-do-sol, aqueles que nos dão informaçoes de trânsito. Sinto o frio granitico de um arrepio na espinha por temer encontrar algo do genero: Dirige-se a um país que entrou em falência e fechou. Penso até trazer comigo um kit de suicidio para quando esse momento vier e eu ler que depois de Fuentes de Onoro só existe restos de um País que foi o Império, a queda do mesmo e o enterro do mesmo. Havemos de conservar as enxadas...as batatas nascerão na mesma. Não morreremos á fome se os nossos dias não forem greves. Não perdemos o bilhete de identidade que ninguém reconhecerá na Europa como documento de cidadania Portuguesa...mas não precisaremos de BI para mostrar que ser Português é algo de muito valioso para muitos...para outros é só uma forma de serem Europeus. Deixemos cair todos os Governos que procuram receber com jantaradas os comilões que aparecem a petiscar bacalhau e marisco em Portugal sobre o pretexto de cimeiras Ibero_Americanas e ignoram a mâe viúva que tem 3 filhos e a casa lhe ruiu com o temporal. Se em vez de noites e programas altamente carrissimos com ementas de luxo os recebessemos com umas latinhas de atum, nunca mais haviam de quer fazer a cimeira aqui, á minha, á tua e a custa de cada um dos Portugueses que tem mesmo que ir ao atum que o caminho do talho agora é meio deserto...
Deixemos cair o Governo...Neste momento aquilo parece mais uma comissão administrativa. Tem por objectivo o saldo positivo...sem se importarem se há gente que já só defeca* 1 vez por semana e não é por mais nada...quem não como não "gaca". Como ninguém compra uma remessa de bacalhau se só come uma postazinha de vez em quando, também ninguém vai comprar um rolo de papel higiénico so porque se tem que se limpar uma vez por semana. Poupa-se no papel higiénico e voltamos ao jornal...de resto um papel digno e geralmente decorado com as caras de quem para dar do bom e do melhor aos forasteiros, nos vai impedindo de cagar á vontade.
Sr Fulano...queira desculpar se este texto parece mais um auto da minha destruição Lusa...não é.Digamos que é algo "fumentado" por motivos um pouco fortes. Certo é que já me orgulhei mas do meu Pais...cresci nele e transportei a minha bandeira na manga da farda durante daz anos. Durante dez anos pus-me em sentido e fiz continência a essa bandeira que o neo-politico agora agita como farrapo para limpar as pegadas que os forasteiros deixam. Que valor tem a Bandeira Nacional para esses mecambúzios que não sabendo dar seguimento á sua vida profissional se metem na politica? O Zé Maria das galinhas não teve que ir para a politica para aparecerem toda a hora na televisão. Porque é que não imitam o Ferreira Torres? Para quê dar biqueiradas no património do povo se com meia dúzia de dias na casa de Pêro Pinheiro tinha muito mais audiência? Quem sabe um dia não teremos o José das Beiras e o seu gang de gravatas lisas num formato desses e anunciados pela Julia Pinheiro.
Já não oico o motor do camião...apenas este mundo e este apelo geral me é atirado para os ouvidos. Posso afirmar que, se para os mamões que se/nos governam o País acaba, Portugal passa a ser terreno baldio, quando não houver dinheiro nossa na mão deles para desvios patrimoniais em off-shores , para mim não...porque o meu Portugal é muito mais que uma forma de cair numa salinha qualquer de Bruxelas...que de resto põe a tocar a musica que a sra Angela quer dançar. Velha do caraiiii, havia de dançar um vira minhoto que até se escangalhava. Mas está fora de questão...no minho para os forasteiros de alto calibre dá-se a morada do Santoínho e da Quinta da Malafaia. E há sardinhas e vinho...querem? sim senhor, são 10 euritos. Não querem? Então liguem ao vosso amigo Zé que ele orienta algo no Elefante Branco e reserva uma marisqueira com as mais simpaticas saudações do povo Português.
Não sei se alguém com o minimo de senso lê isto...é uma forma parva de passar o tempo, mas se um dia me expulsarem do Pais e me retirarem cidadania Portuguesa, mandem-me ou vendam-me á Jamaica...ando a precisar de experimentar ir ao Jamaica...mesmo que Ibérico. Quem anda na roda conhece o caminho...
Apaguem-me o rádio antes de sairam...

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Folhas caídas

Esta foto foi fotografada com uma camera fotográfica que tira fotografias



Sr fulano de tal...

Um destes dias dou comigo a colher historias perdidas por ai nas bermas para escrever aqui. Não são histórias, não vejo assim estas coisas que aqui escrevo, são apenas relatos de momentos...ou uma sucessão deles, que me fazem rir, embora de forma timida e contida. Mas a recolher das bermas nesta época só existem mesmo as folhas caídas de árvores que se vão despindo ao ritmo de uma dança desconcertada diluída numa estranha musica ditada pelo vento.
Enquanto víamos as noticias a darem a cara sempre catita e linda dos nossos ministros ( o Engº Sócrates está para a politica como o Prof.Mourinho está para o futebol), o Outono veio e instalou-se e nem demos conta. O assunto do dia é o orçamento e a falência de Portugal e enquanto os noticiários se debruçam com noticias sobre a vinda do FMI e do D.Sebastião dos orçamentos, nós, aqueles que se lixam* sempre haja fartura de dinheiro no Governo ou esteja ele de calças na mão, preocupamo-nos mais com o frio. Não há noticias para as classes média e baixa Portuguesa, apenas para os senhores da finança e os donos do dinheiro que apanharam e que agora contam com toda a populaçao num esforço patriótico para o repor. A gente paga sempre qualquer coisinha por uma samarra, por um Kispo marroquino que nos ampare nos dias de frio...agora para o Governo e vaidades de quem lá está, só mesmo obrigado a fazê-lo...mas que eles não mereciam nenhum, isso não. No meu tempo não era nada disto.
Quem me dera descobrir por aqui, em Lyon, o cheiro das castanhas assadas, segui-lo e dar com um papelão aberto e pendurado num pau de vassoura com os escritos em Português - Há castanhas e vinho novo- e sentar-me aconchegado pelo calor do assador e a dar boas-vindas ao Outono. Essa é a minha novidade no ano, não é o orçamento nem a chegada do FMI. Lembro-me com saudade a escola primária...festejava-se a chegada do Outono com desenhos e com as redações sobre o tema. Eu acho que passei sempre no tempo que se reprovava na primária, por gostar de escrever redações e desenhar. Na matematica e estudo social ou meio fisico, já não me lembro, dava um jeito um pouco mais acima do mediocre.
-Vamos ás castanhas no intervalo?- Perguntava em surdina o companheiro de carteira. Respondia que sim e fazia o aquecimento dos tornozelos ainda sentado. Ir roubar castanhas era um risco porque os ouriços eram soltos á pedrada e só de capacete se estava bem debaixo do castanheiro, mas em couro cabeludo também não estava mal...com um bocadinho de jeito levava-se uma pedrada e apanhavam-se uns pontos. Durante esses dias era-se mais bem tratado por estar doentinho e nem reguadas levava por não fazer os trabalhos de casa. Levei tanta reguada na mão...acho que a professora se divertia com aquele espancamento de régua em riste e eu, de mão gelada na manhã de Outono ali a sentir o baque da régua numa mão que não sentia pelo frio mas que depois doíam enquanto aqueciam. De nada valeu...hoje sou exactamente o mesmo mas da velha professora levo 2 beijinhos quando me vê...a sorte dela é que nunca mas estragou muito as mãos. Em vésperas de S.Martinho não havia escola, era feito um magusto gigante para todos os alunos. Uns traziam castanhas, outros sal e outros traziam caruma ou "munha" como se diz na minha terra. Tudo acabava com meia dúzia de alunos totalmente enfarruscados pelas cinzas da fogueira...na altura não sabia que havia Amadora e Cacém, se soubesse iria pensar estar lá porque no final do magusto quase não se via uma pele branca...era tudo farruscado e como era festa, as professoras más e as ranhosas das empregadas da escola não castigavam a nossa vingança pelos dias e horas más que ás vezes pareciam ser aqueles de escola. Acho que tive mais medo das professoras de primária do que da minha mãe, embora se chegasse a casa e lhe dissesse que a professora me batera, a minha mãe ainda dava a dose caseira porque acreditava que se a professora castigou teve motivos para tal. Ora bolas...era comer e calar.
E vou fumando e escrevendo, e o meu olhar perde-se num relvado verde mas já inundado de folhas que lhe jazem até que passe o Sr do colete verde que as reagrupará num carrinho que transborda já de folhas caídas. Gosto do contraste das folhas caídas com a relva ainda de verde pigmentada. E nas árvores coabitam ainda folhas verdes com aquelas que ainda hoje cairão e ficarão no chão até que o sr de colete verde passe e as leve no seu carrinho de roda de bicicleta.
Por estes dias sou também uma folha seca, castanha com tons de amarelo, que fui largada de uma árvore...tambem gingo ao vento e arrasto-me pelo mundo ciente que a uma qualquer valeta eu irei ter. As folhas caiem porque as árvores que as sustentam as deixam cair, cortam-lhes lentamente a vida e despem-as para a rua. Só espero não acabar no Sr do colete verde e no seu ancinho.
Eu, por mim, festejo a chegada do Outono, não me resta mais nada a festejar neste momento, só mágoas a carpir e se possivel enquanto festejo. Assim, no meio de castanhas e vinho, entre o fumo que me aquece e alegra a alma nos dias em que morrer seria alternativa, nem se dá tanto conta da folha que somos e que alguém largou.


* Uma senhora pediu que não escrevesse palavrões por isso substitui-se por outras palavras mais coloridas, o que em tempo de Outono é uma coisa fantástica.


Dicionário do escrivão: lixam - fodem

domingo, 3 de outubro de 2010

Vota BPN


Com o meu amigo Sousa


sr fulano de tal...

Desertei. Desertei de Portugal em direcçaõ á Suiça e tive direito a um fim-de-semana com sol de Geneve. Na verdade resguardei-me um pouco porque ao sair de Portugal, não me livrei de uma passagem pela farmácia de Vilar Formoso pois trazia comigo todos os sintomas de uma gripe e então decidi-me por um tratamento de choque que me repôs a saúde no lugar e afastou de mim os lenços de papel e o descongestionador nasal. Parece simples, mas não é.
Gosto de passar aqui o fim-de-semana. Encontro sempre como anfitreão o meu amigo Sousa, amigo de longa data das missões em Timor Leste e da banda que lá tívemos. Era uma banda de 4 elementos, Ginetos Band, eu tocava guitarra ele a bateria. Acabou-se o serviço militar e a vida continua a juntar-nos desta vez agora como civis e um pouco mais velhos, mas com o mesmo espirito.
Na hora em que escrevo este texto, diz-me uma amiga da banda onde toco, que o mau tempo derrubu o palco nde a bada iria actuar, numa festa na zona de Penafiel, e eu mantenho-me, aqui num chále ensolarado observar o céu azul e o sol...que contraste, o tempo anda mesmo trocado. Um destes dias até o clima é privatizado.
Tenho ouvido com atenção a situação politica Portuguesa...na verdade a malta é que ainda não garantiu a reforma e todos os protagonistas do orçamento e com direito de antena, já garantram a sua por serem deputados da Assembleia Nacional. E o que se vê? Ora aqui vai a minha opinião politica. Vê-se um partido que era de esquerda, O PS, a ser acusado por outro partido mais á esquerda (PCP) de exercer politicas politica de direita. Depois vê-se que realmente a coisa anda mais ou menos aos zigues-zagues e isso mantem a posição do PS entre a esquerda e a direita, retirando com isso espaço politico na direita ao PSD. Então, não havendo por onde ir vai-se pelo contra, já que pela direita e pela esquerda a coisa está dificil. Não me perguntem se estou disponivel para pagar para receber o Papa ou para dar ao Benfica ou para pagar as dividas do BPN e o TGV além de muitas utras coisas onde se polvilhou o suor da massa trabalhadora Portuguesa. Se me perguntarem vou mesmo ficar fodido porque neste momento interessa é que me perguntem se eu tenho condições para receber o que me deixam receber depois de ajudar a pagar submarinos e rombos de BPN. Isso é o que importa, porque enquanto uns parecem apenas tentarem garintir a sua velhice com um a reforma choruda, a malta comea a ver o bolso do avental da Maria sem uma codea de pão para a merenda. Que se foda a discussão do orçamento porque no final ele é aprovado porque esse é mesmo o nosso fado, o verdadeiro fado. Andar com carros em 2ª mão enquanto no Estado se anda de topos de Gama (verbo gamar) e a vomitar marisco. Vendam isto aos Espanhois aos Americanos e acabem de vez com Portugal e com a nacionalidade Portuguesa. Qualquer dia para um homem se casar tem de ir tirar a licença ao banco, porque o banco detem tudo agora...acabou o maravilhoso quadro do rapaz que va ao pai da noiva pedir a mao e o resto do corpo da filha para casar. Agora vai-se ao balcão de um banco e compra-se acçoes da pessoa em questão e pronto. Vota Freeport

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Improvicio...


Sr fulano de tal...

Há dias como hoje...dias que de alegres se fazem tristes por um estranho sentimento de perda que não gostei de sentir. Dias que do sol se faz cinza, que o intenso fumo dos incêndios que lavram nos parecem o cheiro de algo que ardeu e se apagou. Dias que começam ensolarados e se perdem no seu infinito...
Derrotado e sem querer falar com ninguém nem ter necessidade de o fazer...sinto-me apenas derrotado e é uma derrota apenas...que se foda, enquanto as houver é sinal de que ainda cá ando, não para derrotas, mas para os desafios. Um homem só está erante um desafio quando não sente que está acabado. Purgarei eu mesmo neste canto a derrota e o sombra desse sentimento de perda. Tento pensar que amanhã há-de ser melhor e concerteza há-de...nunca acordei uma vez que fosse mal disposto ou a purgar tristezas ou mágoas...não é disso que eu vivo, embora se houvesse mercado de purgas eu mesmo teria uma pequena banca. Mas efectivamente amanhã será melhor e é com esse espirito que venho aqui escrever...amanhã será melhor.
Coisas positivas do dia: acordei na cama onde nasci, é nela que durmo e seria nela que gostaria de morrer. De manhã tinha a heidi, a minha doce cadelita, a lamber-me o ombro. Pude dar o meu beijo de bom dia na testita do meu avô, enquanto ele dormia ainda a sua madrugada. Entrar no café e ser recebido com um sorriso enquanto o sol vai rompendo a noite com a sua luz. E estou em Portugal, estou no meu cantinho, estou na minha Pátria. É sempre bom quando nos identificámos com tudo. Quando nos sentimos parte desse tudo imenso.
Coisas negativas...seria querer dar ás coisas negativas o protagonsmo que não quero que elas tenham na minha vida, no meu dia. Deixo-me ficar pela tentação de vos descrever as coisas negativas do dia numas miseras palavras mas tão expressivas: este estranho sentimento de perda. Que desãnimo, caralho, quando paro aqui neste parágrafo de apenas o defino em tao poucas palavras. Nem sei que escrever...acho que vou se calhar falar de mais, mas esta cena do blog é isso mesmo, uma parede contra a qual se mija e se larga carga a mais ao mundo.
Rédeas...imaginem a vida como especie de carroça na qual vos estão a ser confiadas as rédeas. Sinto que vou perdendo as rédeas da minha carroça...não estou a saber gerir a minha vida como pensei que ía poder gerir. Hoje dei por mim a pensar que começo a ter de pensar retirar-me das bandas de música...não porque cansei, mas sim porque sinto que não me posso comprometer. As bandas de música. Até isto me sabe a perda e nada defini, mas é concerteza o que vou ponderar nas próximas viagens.
Cresci junto aos coretos...da esplanada da casa do meu avô ouvia as bandas tocarem aqui nos coretos, a 10 metros da montra com vista para o lago e para os coretos. Um dia lá fiz a vontade ao meu avô: ir para a escola da banda aprender música e gostei daquilo e desenvolvi uma relação forte com aquilo e pronto...a banda. Oxalá eu seja capaz de conseguir para o ano lembrar este ano e tirar as férias no periodo em que haja mais serviço.
Gosto do que faço, gosto da minha profissão, está a ser uma cena fantástica ver a europa desenrolar-se aqui, dem diante dos meus olhos. Mas além de um motorista há um homem, um gajo que vive também para o trabalho mas também que é um homem normal mas que está quase sempre ausente, fruto dos "ossos do oficio" que o seu desempenho profissional implica. Perda..perda de ver a minha sobrinha crescer, serviços da banda, pessoas das quais se perde o fio. Não poder combinar uma saida com amigos numa cena planeada, não poder confirmar presença em casamentos, não poder planear nada e então usar o improviso e aguardar que alguém amigo apareça no café. Viver de improviso...é isso mesmo.Viver de improviso.
Oxalá esta onda qe hoje me assola amanhã passe. Oxalá amanhã seja um dia cheio...e um dia cheio é apenas um dia em que enchemos o nosso coração, tal como um balão de saudades, o sorriso num rosto amigo, um mini e uma conversa de improviso, uma saída qualquer tomar um café com alguém que goste de tomr café com amigos. Oxalá não seja rompido como o balão de hoje...que não se lhe atravesse e rebente, o alfinete pontiagudo do vazio e da deserção dos dias. E quando o balão rebenta...tudo se inunda num estranho sentimento de perda. Uma perda de improviso.

domingo, 8 de agosto de 2010

A verdadeira aquisição


sr fulano de tal...
Pois é...as férias acabaram e o trabalho lá voltou em força. Diz o povo que o que é bom acaba num instante, e para mim não há expressão mais Portuguesa que esta que o povo que não era muito letrado criou. Aliás, nem eu sou letrado...o meu 6º ano foi o suficientemente forte para que soubesse ler e expressar-me e deu-me as bases que precisei para viver a minha vida e poder descobrir nos dias e mediante as situações vividas o que me era necessário para viver. Ainda vou descobrindo coisas novas e se tivesse a explicação de todos os fenómenos que me acontecem de vez enquando, a agitação da vida não faria qualquer sentido. Seria uma especie de Americano: muito limitado de uma forma geral e pouco desenrascado...mas na area para o que se formou é de facto um ás. Ou seja, tornaria-me num sujeito cinzento, de ar leve contudo, que a conduzir seria um exemplo, no trato com os clientes muito prestável e semi-poliglota e falaria um pouco da lingua oficial de cada país de destino. Embora noutras coisas fosse um morcão e não tivesse a minima noção de como se faz um arroz (o cientista da nasa é bom mas não sabe fazer nada, nem sequer um arroz mal enjorcado) não teria o minimo problema em dizer na Alemanha que quero o bife mal passado ou chegar ao Tirol e querer entender-me com uma senhora que também não sabia Português. Após um desenho lá me explicou onde era o cliente que eu procurava. Seria conhecidissimo e todos os motoristas como eu sou haveriam de ter vergonha de estacionar ao meu lado, em suma, seria um convencido da merda que no meu trabalho era mesmo bom e de resto não sabia mais nada.
Mas, para contentamento meu e dos meus amigos eu não assim...sou um gajo normal que gosta de ver a europa abrir-se em alcatrão diante dos olhos. E também um pouco descuidado. Não sou bom em merda nenhuma, não sou sequer excelente em nada e no entanto já garanti 36 anos de vda o que não é mal para quem não é bom em nada e desenrasca-se num pouco de tudo.
O calor aperta, antes da viagem as habituais compras como sempre de bens alimenticios. Dou a volta por um outlet em Viseu e por 5 euros adquiri algo fantástico: um bonito guarda-sol e somente por 5 euros o que é de facto uma pechincha. Enquanto recolhia da prateleira do modelo o pack de cerveja mini parece que já imaginava sol a queimar e eu,com o precioso contributo do guarda-sol, a passar o fim-de-semana nas malas a comer e a beber, a fumar e em amena cavaqueira com eventuais colegas que possam passar tal como eu o fim-de-semana numa qualquer area de serviço a caminho de casa. E a viagem começa no sabado de manhã...
Acordei de manhã no domingo com mau tempo, não há chuva mas não há sol...o dia na recta de Bordéus está cinzento e frio e eu adio para outro dia o grande momento de estrear a magnifica aquisição de 5 euros, o meu guarda-sol fantástico. Mal sabia eu imaginava que na manhã seguinte, segunda-feira iria sair da area de serviço sob forte trovoada e fortes chuvadas. O frio começa a fazer-se sentir e eu começo a duvidar se a França não tem direito a mês de Agosto. Sigo viagem até perto de besançon , aliás, onde me encontro a escrever-vos nesta manhã de Domingo por ter acordado com a chuva forte a lavar a terra e a xaleca.
O destino desta viagem foi a Austria, de facto não tive nem um raiozinho de sol para estrear o guarda-sol mas não posso deixar de vos contar como achei fantástica a beleza que associei imediatamente a Timor Leste. As nuvens carregadas que circulam entre a densidão de montanhas e picos que o Tirol nos mostra. Ainda há neve e frio na Austria e a chuva é uma fartura. Enquanto no meu rádio de ondas-curtas ouvia na rdp internacional que Portugal estava debaixo de elevadas temperaturas e a arder, eu estava de sofagem ligada, molhadinho até ao pêlo a pensar no quanto seia bom ter um pouco de sol para estrear o meu guarda-sol sem ser na funçao de me guardar da chuva. Na verdade não me informei nem me preocupei em saber que tipo de clima iria encontrar ou poderia encontrar de facto na Austria e quando precisei de agasalhos e de mais uma mantinha para a cama apenas tinha t-shirts e mantas nem vê-las. Diluí-me no tempo que passei até que a carga que trago para Portugal estivesse pronta a olhar a natureza e recordei Maubisse em Timor. As chuvas, a nevoa que se solta do chão parecendo fumo de um chão em chamas que não ardem mas que criam cortinas de nevoa e vão subindo em anel o pico da montanha. Não fora não ter tido possibilidade de estrear o guarda-sol e a viagem teria sido perfeita.
Ontem lá foi a estreia do acessório de verão justificado pelo elevado calor e pelo sol agreste que se derramava já na França. Na vedade acordei com o calor dentro da cabine da minha xalecazinha. Abri um olho e depois outro e em seguida abri uma fresta na cortina e vi que o sol dançava no ar e dessa forma me arrancava ao sono que teimava esticar para umas 12 horas de descanso. Saltei da cama e fui ao banho e quando vim pude então abrir o meu guarda-sol e ficar sob ele a apreciar as horas de calor e a beber com uns colegas umas minis geladas e umas garrafitas de vinho fresquinho enquanto se cantava e se tocava viola.
E a noite caiu e a aquisição da semana está guardada. Fecho as cortinas e ligo o rádio em onda-curta e acompanho o jogo da supertaça entre o Benfica e o FCPorto que viriamos a vencer por 2 a 0 o que é normal. Engraçado que recentemente o SLB venceu o torneio do Guadiana e após a sua expressiva vitória sobre o Aston Villa, Jorge Jesus disse que só uma equipa de top se conseguiria bater com o Benfica sem sofrer golos, de facto o Benfica fez uma pré-época avassaladora, aliás, até lhe faltou jogar o torneio onde costuma jogar com os Lusitanos do Luxemburgo, equipa da malta Portuguesa que trabalha no Luxemburgo e tem no futebol amador de tipo solteiros e casados o seu escape.O benfica já venceu desses torneios tambem mas este ano não jogou, com pena para a comunidade Portuguesa no Luxemburgo. Agora falando mais a sério, admito que o Benfica neste momento é um clube que tem recuperado um pouco do estado em que algusn dos seus directores e técnicos o deixaram, tenho que admitir que o LFV e o Rui Costa têm de facto tornado este Benfica de novo no grupo dos temiveis da Europa, graças também a um treinador, Jorge Jesus,que além de fazer anos no mesmo dia que eu e da minha sobrinha Alice, conhece bem a realidade do clube e do futebol tendo feito de facto um bom trabalho a época passada. Tenho um amigo, Carlos Vieira, que tem a puta da mania de achar que desde o ano passado é tudo favas contadas a favor do Benfica...ontem, enquanto estreava o meu guarda-sol, ele dizia-me no msn que menos de 3 era derrota para o Benfica. De facto foi...mas com 2 na peida para os fazer voltar á terra. E o discurso do Jorge Jesus mudou...se há uma semana o discurso era de campeão que "só uma equipa de topo europeu pode jogar com o Benfica sem sofrer golos", ontem já o discurso acentava em jogadores abaixo de forma, outros que não estão entrusados e desculpas do genero que faz com que sinta que de facto em escassos dias o Benfica deixou de brilhar e passou a ter jogadores que não treinam, que não estão motivados e que não sentem a garra de jogar contra o maior rival de sempre. Mas como diz o Jorge Jesus, foi mais um jogo de preparaçao em que em causa estava um troféu e coitados então dos adeptos do Benfica que mereciam bem melhor do que ver o seu clube perder contra o meu...enquanto se fazem experiências para defrontar agora a sério, a Académica de Coimbra. Não me fodam, se o ano passado o Porto este menos forte e o Benfica melhorou e em muito o seu futebol e forma de encarar os jogos, este ano dá-se o processo inverso porque acima de tudo também é preciso ter hábitos em lidar com o sucesso e ter estaleca para lidar com o sucesso e não me parece que se passe isso na cabeça de alguns jogadores que parecem ser ou pelo menos julgam-se dantescos já para consumo interno, ou seja, jogadores que ja sentem que o nosso futebol não pode suportar estrelas como possivelmente eles se acham.
E nesta manhã de Domingo em que a chuva me acordou para que visse depois o sol espreguiçar-se sobre a area de serviço onde me encontro,escrevo-vos...só para vos informar que vou de novo arrancar o guarda-sol do estojo porque o calor começa a subir e o sol ja justifica o meu investimento de 5 euros apenas.
Um abraço a todos e boas férias para quem de facto esteja sem fazer um caraiiii

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Retalhos da alegria





Sr fulano de tal...

Talvez tenha achado a minha ausência um pouco prolongada mas cá estou eu a dar noticias minhas. Desde o meu último texto que aconteceram muitas coisas na minha vida, umas muito boas e outras que nem por isso, mas gajos como eu só se referem a coisas boas ou positivas.
Vim de férias, pude conciliar alguns concertos mais significativos da banda em que toco graças a ter podido tirar férias numa época um pouco apertada para o serviço, mas sinceramente, gostava de nunca ter de deixar a música e por agora a coisa está a correr bem e posso acompanhar os ensaios da banda ao fim-de-semana e os concertos, além de e dar ainda possibilidade de ter uma noção de vida própria. Pequenas coisas que não quero que se extingam da minha vida. Estou consciente que o meu ganha-pão reside no meu trabalho mas se puder fazer da música o meu ganha-cerveja pra acompanhar o pão, melhor ainda. Aproveito já agora para vos mostrar um pouco do ultimo grande concerto onde se pode ouvir, embora que distante, um excerto de "Moment from Morricone" e de "1812" de Tchaykovsky.

http://www.youtube.com/watch?v=uHouX-jfGXI

E eis-me hoje com 36 anos, véspera do regresso ao trabalho e á estrada e mais uns meses de endiabradas viagens mas agora com mais coração, graças ao nascimento da minha 1ª sobrinha...a minha sbrinha Alice que nasce precisamente no dia dos meus anos. Maravilhosa prenda de aniversário. Tenho acompanhado todas as suas primeiras horas e ver a felicidade do meu irmaõ papá enternece-me o coração e a alma. Já peguei nela e é de facto uma bébé muito linda, mesmo.
Agora cessam os dias de férias, e a Austria será o meu destino no próximo sabado...lá se vai um concerto domingo, mas para o seguinte já ca estarei por certo. Foram mais umas férias que passaram e que voltaram a juntar-me ao meu grupo de amigos que anualmente se deslocam até Vila Flôr para uns dias bm malucos a tocar onde calha e ás horas que calha...e a animação não esmorece no calar do ultimo acorde, mesmo que entre quem nos ouve haja pancadaria e soco a ver quem nos paga a grade seguinte...acreditem que aconteceu. Liderados pelo Vasquinho, o nosso gang espalhou em Vila Flôr alegria e animação. Oito homens e um bébé...oito homens a olhar e a zelar pelo bem-estar do Vasquinho que mesmo apesar de toda a vigilância na piscina infantil conseguiu pontuar bem mais que nós todos juntos, ou seja, 3 pontos num joelho resultantes de uma passagem menos feliz do seu franzino joelho no fundo da piscina onde existem azulejos partidos e que ferem com profundidade as crianças. Um pormenor infeliz num local que gostamos imenso mas que ano para ano vai dando mostras de não ter condições de segurança.
Especial tambem o regresso da Sandalita...e muito. Novos rumos e sempre comigo no meu coraçao. Obrigado por tudo Sandalita.

terça-feira, 22 de junho de 2010

O regresso

Sr fulano de tal...

Só hoje notei que há muito tempo não vinha aqui deixar mais um testemunho de um dia ou de uma fase. Digámos que nestes dias até que apetece escrever sobre as mais variadas coisas que me sobrevoam e se me alojam no muito vago tempo de meditação, mas confesso, há preguiça de nesse momento aberto de ligar o computador. Quando sinto essa preguiça, a vontade de escrever mistura-se no fumo do meu cigarro e com ele esvoaça, vidro fora.
A xaleca está como nova...há uns textos falava da porta amassada mas hoje já durmo a noite descansada pois está reparada e como nova. A sandalita encontrou o seu pé de sempre e Portugal iniciou a sua participação no mundial da África do Sul. Entretanto morre o escritor José Saramago e as reacções (já vos disse que me estou a cagar para o acordo ortográfico? Então pronto, é verdade) foram as mais cuscuvilheiras e brejeiras.
Naõ havia engano...era de facto sábado e o rádio da xaleca jorrava detalhes paralelos é morte do escritor. Sem duvida que estava a chegar a Salamanca e já apanhava a radio portuguesa. Até ali vinha a ouvir as emissões culturais dirigidas aos emigrantes Portugueses no meu radiozinho de ondas-curtas, depois enquanto me aproximo do meu Portugal o sinal enfraquece e perco a emissao ligando o rádio na emissora nacional Espanhola, a RNE1. E era assim que vinha, a ouvir os noticiários vizinhos.
Saramago, não vou dizer que conheço a obra dele, se o dissesse seria mentir, mas li a Jangada de Pedra. Gostei. Mas também gostei de outros livros que li sem ter que colocar o escritor de cada um no trono da minha prefência. Mas Saramago jazia na sua urna ainda em Lanzerote, a rádio espanhola dedicava directos informativos sobre a morte do escritor. Figuras publicas Espanholas dos mais variados meios comentaram a noticia do dia. Há "especiais" informativos nas grelhas programativas, a radio anuncia que nessa noite ás 22h iria para o ar um programa de 2 horas com excertos de entrevistas do Saramago. Além dsso mais informava que no 1º canal da TVE dariam documentários, entrevistas do Saramago ao longo de 13 anos. Notava aí que se a perda para os Espanhois era assim tão grande a nivel cultural, então para a sociedade Portuguesa seria dantesca. Quase me orgulhava outra vez de ser Português. Notei um elevado respeito entre Espanha e o seu inquilino Português.
Salamanca...vou a rolar em Salamanca. Salamanca ja cheira a pinheiro e eu reconheço laivos de odor dos pinheiros lusos. Portugal está perto. O sol vai-se pondo no mar...dá impressão que o sol dorme ali na direcçao de Aveiro. A mao que estico diante dos meus olhos para tapar o sol em descendo, sobe ao rádio e eis-me a ouvir uma rádio Portuguesa. Já se ouvem as emissões principais do nosso Portugal e o tema nacional eram as cinzas do homem...a unica coisa material de um corpo que se reduz diante de ma cremação. Não seria respeitado um desejo importante. Interessante tambem depois o assunto do dia ser a ausencia do Presidente Cavaco Silva. Ora bolas...Espanha perdia um homem, nós ganhavamos uma polémica. Fantastica a ladaínha de comentários de importantes homens da nossa praça politica. Não sou Cavaquista nem nada que se pareça mas começo a ter pena do homem...não se ataca moralmente ninguém assim. Não se levanta isso enquanto um corpo o é pelo seu ultimo dia. Rapidamente ouvi desde um recanto dos Açores o Presidente justificar-se. Como o entendi, como o percebi...ele esteve bem na argumentação e daí lembrou que se calhar estando ausente estaria mais presente na perda que quem usava a ausencia como ataque cerrado á posiçaõ. Estava mais pobre culturalmente o seu País e da presidência seguiram as respectivas condolências do Palácio de Belém. Além disso não eram amigos, não tinham sido apresentados. Não era um funeral de Estado.
Desportivamente a semana era o caos. Não conseguia ver a nossa selecção jogar contra a Costa do Marfim. Nem conseguia ouvir o relato.Estava em Espanha quando a selecção espanhola caía sobre a Suiça em campo, mas o que conta é que a Suiça meteu uma lá dentro e a Espanha não. O povo cabisbaixo abalou para casa...era grande a expectativa. Gigante a dor desportiva. Segui a minha viagem, Paris foi o destino. Procedo á descarga, sigo para o local de carga onde chegado, esperei 5 horas para carregar. Acabada a carga saio do complexo industrial da gigantesca marca do mundo automovel, dirijo-me á recepção e népias. Nenhum estava aberto. Eu ainda poderia andar nesse dia e como é que não há ninguém na recepção para me dar os documentos de carga? A resposta á pergunta que ninguém me respondia viria em Português. Três motoristas portugueses que aguardavam já para o dia seguinte explicaram-me que a essa hora jogava a França contra o México. O futebol que eu não pudera ver ainda, estava a atrasar os meus propósitos. Tive de pernoitar ali, no parque gigante de Flins. O dia seguinte foi deprimente para os Franceses...
A teoria da Conspiração. Sintonizo a rádio alfa de Paris no meu rádio. A frança perdeu. Mais um dia em que vou ver "in loco" a tristeza de um país. Vou-me habituando. Em sobressalto tive a terrivel sensaçao de que poderia também ser mau Karma para os gajos. Perguntei-me se deveria ver o jogo contra a Coreia em Portugal. E não achei resposta. A resposta chegou ontem á hora do almoço. Estaca cá em Portugal e seria cá que veria o jogo. Ganhamos 7 a 0 e dava-me conta de que eu nao sou mau Karma. A Espanha não marcou e a França jogava mal ou nem jogava.
Voltei a ler esta semana o livro "A ilha das trevas" de José Rodrigues dos Santos. Um livro que li já 3 vezes e que irei ler mais vezes, embora a próxima seja daqui a uns anos. Fala de Timor, conta relatos impressionantes de lugares que conheço, e ao ler esses relatos é como sentisse ainda o calor do chão vermelho debaixo da sola da bota da tropa. Guardei tempo ainda, muito tempo ainda para pensar nas pessoas que me são queridas, que gosto de ter na minha vida. Tempo para perceber tantas coisas.
O meu fim-de-semana foi em Figueira de Castelo Rodrigo com a companhia de alguém bem especial. O tempo foi pouquissimo, apenas umas horas, mas com a sensação que nas minhas férias itinerantes em busca do local perfeito me levarão lá de novo com a minha maralha do costume e a parafernália de clarinetes e trombones, tubas e pandeiretas. Pelo menos passar por lá um serão como os que fazemos em Vila Flôr todos os anos quando vamos acampar. Era tão fixe que Portugal fosse descentralizado. Vi uma ou duas miudas de jeito, de resto pessoas de idade e a sensação que a juventude já há muito encontrou nos estudos uma forma de fugir aquela paz...
E mais uma viagem se inicia hoje aqui, em Ovar, onde me encontro. E mais umas horas virão para eu ser nada ou ninguém.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Até breve, amigo

sr fulano de tal...

Hoje estámos cá...amanhã não sabemos. Não pertencemos aqui.
Seja para onde fôr que vás, amigo, faz boa viagem...apaguei o teu número, prefiro lembrar-me de ti pelas recordações das fatias de bolo e das conversas do Sai de Gatas, do que por ver que o teu numero de telemóvel está aqui mesmo agora tendo a noção que do outro lado não estárás...não lerás msgs.
Descansa em Paz amigo...até um destes dias.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Marcha atrás


sr fulano de tal...

Quantas pessoas mais deixarei cair da mão? De repente a chaleca passa a ser o sacrário de tudo quanto sofro, de todo o silêncio ensurdecedor das palavras que não disse...
Á medida que o tempo de vida que resta se esgota, vou-me isolando porque nem adianta abrir o jogo e dizer o que se passa comigo. Acho que acima de tudo perdi as redeas da minha vida e com elas alguns pilares que me suportavam e porquê? Porque a ausência leva a isso e a exigência que hoje se cobra a um motorista quase que o faz trocar os amigos e familia, a sua vida pessoal que vai além do volante pela profissão que assumiram. E por quanto? Por quanto tempo?
Não há mutos mais meses para me perguntar isto...e depois que importa, se ás pergunta que eu coloco não me respondem. Quando ter um caso em que a base é sexo, seja num parque de supermercado, numa garagem, num gabinete, numa praia é muito mais fáci que criar uma amizade sustenada noutros valores, pouco resta para meditar na vida. O na ausência dela.
E é a ausênca que me tortura, o desapego, o desinteresse...sinto a tua falta apesar de nunca ter tido um pouco da tua alma, senão o teu corpo nú. E apesar de tudo, o que sito falta é da alma do que eras para mim. São escolhas...

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Avionetes e caminetes


sr fulano de tal...

Ás vezes deito-me a pensar que um dias destes o meu "boss" se vai virar a mim e vai dizer:
-Oh Sr Sicrano (o sicrano neste caso sou eu :D ), veja bem a sua caminete, toda remendada já e você não lhe manda uma estucada. Ao menos dê-lhe uma também, mas pequenina, tipo simbólica, é que andam outros a estreá-la...
Na verdade está um pouquito matratada, nada de grave, apenas eu sei todas de cor e sei a história de cada marca.Mas elas lá estão. Na verdade posso ter uma porta amassada por uma carrinha Francesa, o que acho chiquérrimo, mas contente fico por estar vivo, contente por sentir que a minha caminete também tem os cavalitos todos saudáveis (embora me pareça que um deles deva ter tosse, a média acusa uma décima crescente a cada viagem), contente por ter uma caminete de que sei toda a história, cumplice, companheira, colo meu, casa,refugio, abraço, meu cantinho de mundo, regaço...Um dia chamarei todos os seus cavalos pelo nome.
Esta semana lá fomos...o destino Emden, norte da Alemanha. Foi uma dura jornada para mim, uma vez que era de noite de fazia os percursos mais criticos, susceptiveis de imenso trafego em horas de ponta. Vi a todos os dias o sol romper a noite, vi tulipas, vi Amsterdam e lembrei a cançao com o mesmo nome do Jacques Brell. Vi e captei com a camera do telemóvel um avião que passa lentamente o viaduto sobre a auto-estrada no Charles De Gaulle (sei que não se pode mas o fascinio por aviões...), vi putas a atacar nos recheados parques de Paris, vi troços de estrada abaixo do nivel das águas do mar, passei numa auto-estrada que passa sob um rio. Vi com olhos de turista esta intensa e exigente semana de trabalho.
Porta amassada mas ela lá foi, galgando fronteiras, devorando quilometros, esforçada mas sempre leal, a Xaleca lá me foi servindo e guardando em si o seu mais precioso bem: o seu motorista (parece-me bem). O ar-condicionado avariado não é problema por agora. A todas as manhãs esperei as emissões da RDP internacional. Quando amanheceu num dos dias já sabia que haveria cinzas de um vulcão em erupção na Islândia. Tal como as más noticias correm rápido, também as nuvens negras são céleres e em poucas horas a negra nuvem de minusculas articulas vulcánicas causaram o caos no negócio das "avionetes".
"Ai e tal porque num sei quê e as cinzas entopem os motores do avião e tornam opacos os vidros e os pilotos, coitados não podem vêem nada" - diz um perito aviador em tom de caso. E tem razão. Se é perigoso então espera-se que haja condições de segurança para aliviar um pouco a estrada. Param as "avionetes" mas as caminetes desafiam tais particulas e népias, não entopem. As "avionetes" são pois meios de transportes maricas, tossem com pouco. Ainda se fossem alérgicas ao enxofre...
E é sob um ceu azul amarelado que o regresso se faz, sem perpectivas de ver um A-380 passar numa das pistas que se sobrepõem á faixa larga continua ao mais movimentado aeroporto Francês. Um regresso sem ver uma única mini-saia nas pernas das zelosas automobilistas francesas. Irónico é que há um léxico próprio que a malta usa como codigos. Paris é precisamente a "Capital da mini-saia". Designa-se assim quando pelo radio cb nos referimos á cidade luz. Espanha é monarquia, fronteira é arame farpado, ausencia de contratempos que impeçam a normal circulação explica-se com um "tá tudo limpinho, é só dar canha á burra", um café é um "chico escuro" e patrão é Calça Larga. É curioso este léxico porque surge para despistar quem esteja a ouvir sem se falar nas palavras chave, ou seja, mesmo que autoridades estejam a ouvir-nos, há a ausencia de palavras-chave que eles possam entender.
Seja como fôr, a viagem vai a meio, vou para a monarquia e depois logo se vê se volto á capital da mini-saia antes de ir até casa. O fim de semana será na zona dos Pirineus, onde algo em mim me disser: Ei, pára. è mesmo aqui que ficas bem. Só esper que a nuvem negra me permita ter um fim-de-semana descansado apesar de ausente e me permita encontrar malta amiga que queira alinhar numa patuscada bem regada e que tenha um certo jeito para cantar. Será bem melhor assim.

sábado, 10 de abril de 2010

Enfeite de camião


sr fulano de tal...

Começam a pairar sobre mim os mosquitos e as moscas noctivagas que não permitem que coma sossegado. Anda um gajo a puxar do fogareiro, fazer um arroz com atum para depois ser incomodado em tao faustoso repasto por esses minúsculos abutres, que seja eu ceguinho, se não me apeteceria vê-los num cartaz como insectos em vias de extinçaõ. Trocava-se o lince ibérico que desde putos vemos em anuncios alertando para a preservação do lince da Malcata pela mosca e pelo mosquito (como bónus uma vez que a mosca á tão pequena...). Mas seria impossivel tal coisa. O lince ibérico situa-se sobretudo na peninsula ibérica (Joca, corrige-me se estiver enganado). Deve ter sido fácil fazer o cartaz que desde a 1ª classe vem nos meus livros: Salvem o Lince da Malcata. Agora obra seria quem conseguisse fazer um cartaz a dizer: Salvem a mosca da Etiópia, da area de serviço do suco, a mosca o Urzebiquistão, a mosca de Istambul, a melga de Rio de Moinhos (?), o mosquito das Cestas... Muito mais fácil também dar uma paulada no lince para lhe arrancar a pele para fazer um casaco de peles para a amante costureira, do que dar um par de estálos ao mosquito, sacar-lhe 3 dentes e oferecer á legitima esposa um fabuloso anel de marfim feito com os mais afiados dentes dos mais atrevidos mosquitos que o encomodaram...Tou tão cansado que nem me apetece pensar.
Só sei que a partir de agora, a minha Xaleca, trará a enfeita-la um milhar de moscas esborrachadas e espraidas em minusculas manchas de sangue, sugadas aqui e ali. Por isso o vermelho me impressiona. Sentir-se-á também em certos recantos um cheiro nauseabundo que é mijo...mijo sêco queimado e esturricado pelo mais requintado raio de sol da zona mijatória.
Com o mosquitos também regressam as gajas boas que conduzem os seus automóveis, lentamente, lado a lado com a nossa janela, naquelas solarenga fila de trânsito do imenso mar de alcatrão. Julgando-se boas como o milho são capazes de provocar até o mais incauto dos motoristas e distrações de boa perna por vezes dão em acidente. Eu olho, mas sempre atento á estrada.
Espero agora que com a nuvem de cinzas proveniente do vulcão Islandês as moscas sejam retidas também pousadinhas, sem voar, a ver se me deixam descansadinho uns dias. A ver vamos. Eu agradeço e concerteza que a Xaleca tambem

segunda-feira, 22 de março de 2010

Olhar transbordante


sr fulano de tal...

Trazia sem saber em mim a recordação clandestina viajante dos teus olhos. Tinha-a guardado em mim sem sequer ter percebido isso. Pensei nunca mais te encontrar, nunca mais te ouvir, nunca mais me sentir sob a mirada discreta e fugaz desse teu olhar...e o mundo nunca parou e deu voltas e mais voltas sobre si mesmo e sobre mim e hoje trago o teu olhar a transbordar coração fora. Tantos dias se passaram...
Há três anos não te vejo mas acredito que as meninas dos teus olhos ainda dançam como bailarinas numa imensidao branca e imaculada mas que julguei ser sempre gelo. Os teus olhos grandes como janelas por onde entram os raios de sol que te iluminam o interior e só hoje te consigo compreender, perceber que caminhos cruzaste e que galerias conservas dentro de ti, menina do mar com perfume de acácias em flôr. Fui inebriado pelo perfume que se soltou com o eu olhar guardado em mim, clandestino olhar, e o silêncio de uma noite foi apenas musica e o sono foi um sonho. Talvez tragas em ti o perfume dos campos em flôr e dos montes que atravessas a cada manhã. Aposto que no regresso ainda colhes pequenas gotas de sol que ainda resistem quando voltas a casa e te mantêm iluminada por dentro.
Guardei um olhar, guardei um sorriso e guardei também a vontade de um abraço por desses olhos ter visto lagrimas caírem num fim de tarde de Inverno em que bloqueada apenas choravas...tudo carga clandestina em mim mas agora autorizada. Na vida como na estrada...sempre na escolha do melhor rumo. Cuida desse olhar que um dia verei a rir...e as tuas meninas, soltas e bailarinas, desfilarão de novo no branco imaculado de uns olhos que me são unicos enquanto eu, bloqueado por eles, tentarei fazer de conta que estou atento ao que vieres a dizer.

domingo, 7 de março de 2010

O meu rádio de ondas curtas


sr fulano de tal...

Vai diminuindo o coro dos aquecimentos de parque, as noites vão clareando mais cedo...para trás parece ficar a dependência do aquecimento para passar a sr apenas opção. Dependo do local onde se durma. Já dormi esta semana duas noitas sem ter que recorrer ao mecanismo mágico que nos aquece pelo menos o corpo. Os dias tornam-se maiores.
Muda agora a rotina de novo...acordar pelas 4 da manhã e andar até o sol romper...aí cresce em mim uma firme e incontornável vontade de parar a cabine virada para nascente e esticar-me nessa hora. Uma pausa de 45 min que passo a dormir, geralmente, porque enquanto a intensidade de luz vai crescendo cada vez mais, os olhos, vindos do escuro vão-se adaptando exigindo pois um certo esforço e daí sentir aquela moleza que sinto ao romper da luz. Aquela pausa ou corte, como se siz na giria, deixa-me tão bem disposto.
Há uma nova rotina porém que agora me ocupa ao longo de toda a manhã...o Pai Natal trouxe-me um rádio de ondas curtas e assim já posso ouvir as emissões matinais e vespertinas da rádio Antena 1 Internacional. Tem uns horários malucos, as frequências variam muito mas lá vão ficando já mais ou menos sabidas a olho e com mais ou menos qualidade de sinal tento-me manter informado e actualizado daquilo que diz respeito á musica Portuguesa. Raro o momento musical que não seja em Português.
Á noite, mais ou menos a partir das 20 horas, o meu pequeno equipamento já não apanha nada em Português a não ser uma emissão russa que transmite noticias da Russia em Português. Mas é nessa hora que parte considerável das comunicações cessam, há uma maior facilidade em ouvir em am as emissões do RCP ou seja a Rádio Clube Português. Ouve-se o programa diário sobre futebol dirigido pelo Fernando Correia que se inicia ás 19 e termina por volta das 20 e 30. Se por um lado até que agradável ouvir falar de futebol de quem dele percebe, já por outras se torna lamentável ouvir o programa porque tem linha aberta á opinião do ouvinte e a tónica geral é dizer-se o que se quer e apetece sobre os Portistas. Uma sensação nitida da escolha das chamadas a ir para o ar surpreende-me. Em cada 10 que achincalham Portistas como adeptos e como pessoas, lá vem um ou outro lembrar que é de futebol que se trata...ou de outro qualquer tema desportivo mas sempre com um convidado. Enervo-me e desligo e faço-o porque depois do programa a grelha é quase toda ela preenchida de musicais, não que eu não goste de musicais mas os noticiários escasseiam e a musica e maioritariamente em lingua estrangeira. Tipo, tenta-se a emissão am da Antena 1 mas o sinal é tão fraquinho que ponho na rádio nacional Espanhola e assim vou estando mais ou menos informado do que se passa.
E cada dia é diferente mas todos os rituais iguais...e quando sigo aquela rotina sinto a falta do gesto que não fiz. Acordar com o despertador e programa-lo para 15 min mais tarde e tentar voltar ao sonho que já nem lembro o que era, esticar o braço e dar á chave, aquecer um pouco o motor, carregar o ar, descarregar um pouco o ar para a humidade nele diluída não crie qualquer especie de particula solida na tubagem do ar dos travões...levantar, meter qualquer coisa á boca e ir comendo qualquer coisa enquanto o corpo vai despertando também. Espreito que tempo tenho de descanso contínuo, pôr música e vestir e arrumar a cama e cabine a cantar...Ao abrir as cortinas estou a apresentar-me ao mundo, a apresentar-me a mais uma etapa. A água fria desperta o mais adormecido dos rostos. Trata-se da higiene pessoal. Arde um cigarro sempre que tomo o café que sabe tão bem ainda com a noite cerrada antes de arrancar. Ultimos preparativos e lá sigo...já sem cantar mas agora atento ao que aconteceu enquanto adormeci. E há uma enormidade de coisas que acontecem enquanto durmo...
E espero agora todas as manhãs que se inicie a emissão da Antena 1, a onda é curta, é certo, mas chega onde as outras não chegam...