quarta-feira, 29 de julho de 2009

Os senhores dos Trabuncos


sr fulano de tal...

Perto das férias...estou tão pertinho das férias e não lhes posso tocar. Mas daqui a uma semana ja lhes sinto o cheiro. Mas ando cansado e sinto o meu corpo clamar por um descanso e a mente...a mente essa vai tirando férias aos retalhos quando me é possivel libertar de tudo e todos e seguir sem horários nem cartões, nem contas ao tacógrafo nem nada. São horas em que sou só meu...mas quero uns dias para ser só meu, uns dias para definitivamente arrumar de vez com umas cenitas que tenho que arrumar para então fechar a porta desses assuntos e sentar-me na sala da minha vida.

Esta semana fui para Alicante, a sul de Valência. O sol rompeu-me pela caminete dentro e queimou a pele...Que calor. Nestes dias a minha arca frigorico abre-se vezes sem conta porque se há coisa que procuro evitar é desidratar e a água fresquinha sabe sempre bem enquanto sob um sol ardente se rasga o silêncio e se desliza no asfalto.

Comigo pude contar com a presença de um amigo daqueles...daqueles de infância que o tempo não levou e que as circuntâncias mantiveram perto de mim. O Nuno Ferreira é a peça desafinada dos meus dias e eu adoro desafinar. Quando juntos fazemos trinta por uma linha e hoje até contava algumas cenas que temos juntos. Sim, porque o Nuno vive a 1 km de mim e se a viagem não é para o mesmo país de forma a irmos juntos por aí acima durante 2 ou 3 dias, resta o fim-de-semana para nos vermos e rirmos das merditas que criámos ou provocámos. Vou falar-vos deste amigo sportinguista nos tempos livres e companheiro a tempo inteiro. Por vezes viajámos juntos desde Penafiel a Viseu. Ou de Viseu para Penafiel. Uma vez dei boleia ao Nuno desde o parque onde repousa a "caminete" até Penafiel. Era tarde e a fome chegava á velocidade da chuva. Íamos a contar peripércias da viagem de cada um e o que é que nos aparece no meio da estrada, perdido na noite e sem documentos? - Um pato-

- Nuno, que é esta merda?- perguntei

-É um pato, man, pera aí.

-Tá tudo...paramos aqui e fumamos um cigarro. Se o pato não fôr para casa levamo-lo connosco.

-O meu cigarro já está a acabar e não me apetece fumar mais.Eu ja vouuuu

E lá foi ele a correr atrás de um pato em pánico. Eu ria-me de caralho a ver aquilo, o pato a correr e a dar á asa e o Nuno atrás dele tambem á dar curvas e a tentar apanha-lo...como se fora um pato maior tendo as asas nos braços. Arranquei estrada abaixo para iluminar a cena e o Nuno já vinha com o bicho pelo pescoço. Uma saca, pato lá dentro e mala com ele. Chegamos á terra e encontramos uma patuscada de um amigo que se despedia de solteiro. Contribuímos na ceia com um pato que foi logo morto.

- É pá, alguém que aqueça água, caralho, para depenar o gajo- diz um

- E panela? Alguém arranje uma panela que eu faço isso- dizia outro já bem maduro por uns copos bem bebidos, a julgar pelos bigodes nos beiços.

- Caralho, ninguem me ajuda, pa? Dass, não há quem meta uma merda de uma panela ao lume para depenar o pato? - diz o chefe da festa, enquanto não se lembrava que estava em sua casa e que deveria ser ele a indicar onde estavam as panelas e até, onde era a cozinha para as ir buscar.

Eu, não os conhecendo bem, até porque são amigos do Nuno, estava encostado á porta a fumar um cigarro e a observar o que me estava a saber tão bem, porque apesar de tudo não evitava rir á custa de tudo aquilo. No meio daquela confusão o Nuno apanha uma rebarbadeira e toca a depenar o pato com a rebarbadeira...parecia uma batalha de indios, era só setas no ar. Foi a primeira vez que comi aletria de pato...não havia arroz então foi aletria que se arranjou.

Mas as histórias com o Nuno não ficam por aqui...também nas piores lhe apareço porque no fundo é o meu melhor colega de trabalho, são muitos anos a crescer e muitos saltos de paraquedas.

Um dia encontramo-nos na casa de pneus afecta á empresa. Tipo, a gente até nem foi muito bem recebida, quando a empregada lá do sítio nos vê chegar deita as mãos á cabeça e reza um pouco, pedindo a Deus que sejámos breves por lá. Houve um sábado de manhã que lá fomos no meu xsara, tipo, tinha uns pneus com uns arames a saltar e achei que era hora de meter um bocado de borracha nas rodas. Para passar o tempo saquei da viola e o Nuno a cantar as mais belas musicas de encantar pessoal que se irrita pelos outros estarem bem. E assim foi aquela hora e meia, em que até houve quem fosse a um café comprar 2 minis para que continuassemos a cantar. Esse dia acabou já em Penafiel com o Nuno ainda a cantar e eu de viola em punho. Temos planos de um dia passar o dia em saltos de paraquedas...e estamos a elaborar um trabalho musical que se chamará "filhos da pauta no asfalto", já estou a fazer umas letras e ele também. Cada cd custará um balúrdio, e como somos amigos não queremos fazer algo muito belo, ainda se endividavam pessoas só para terem o nosso futuro cd ainda em fase de escavações. De qualquer forma já temos um concerto a ser tratado no Pavilhão Atlântico em Lisboa, parece que um dos seguranças daquilo era paraquedista com o Nuno na tropa e vai deixar-nos tocar nas escadas durante 10 minutos sem correr connosco por suposta mendicidade. Vida de artistas tem destas coisas.

Juntos partilhamos também o gosto pela paragem no alto da Serra de Montemuro, seja de Verão para uma mini fresquinha antes da descida da Serra, seja no Inverno, para na lareira aguardar, serenos e quentinhos, pela passagem do limpa-neves. Já quando esava em Viseu colocado no RI14 para seguir para Timor, ali parava no alto. É um mundo que se desenrola ali diante dos meus olhos...ficava ali horas se pudesse e se não tivesse mais nada para fazer. Subir de Cinfães para o alto da Serra é algo tão bom para quem gosta de sentir a estrada, um pouco de adrenalina no perigo que a estrada representa por ser sinuosa...mas adoro aquela parte, é tud a subir, é a ansiedade de chegar lá em cima e pedir um café, sentar-me no capot da xsara (aqui parei de escrever para me rir) a ver o sol em nascente, são os niveis de adrenalina se se espetam no meu tecto de tanto subirem...mexe em mim.

Numa qualquer semana de junho vinha eu a descer numa estradita no norte de França e ouvi a voz do Nuno no cb...Chamei e ele respondeu, vinha a descer também e estavamos a fcar perto, ele já vinha numa nacional onde eu iria entrar daí a minutos. Descemos juntos e sempre a falar ao rádio. Contado não dá para acreditar, mas aqueles rádios ferviam...a gente metia-se com toda a gente, todos riam de nos ouvir e alguns foram que se juntaram a nós na descida, rindo de caraiii connosco. No dia seguinte á noite já ficamos perto pe Irun, ficamos num parque maluco na recta de Bordéus. Estavamos no meu camião a fumar e a ver um gajo a rir-se sozinho enquanto andava a ver as rodas do camião. O nuno disse logo que o gajo estava a fumar um trabunco e chamou-o com uma pose autoritária...o gajo era de leste e lá veio, a medo. Eu estava no volante quieto, de viola nos braços a ver o que o Nuno ía arranjar desta vez...chega o gajo e o Nuno:

-Ei camone, falas Português?

- hmum?

-Paquito, hablas Espanhol?

-No

-Speak English?

-Oh, no

-Oh que caralho...como é que te pergunto se gostas de Pearl Jam? Vens sem saber falar nada morres á fome, desgraçado...

-Pearl jam? Ok

Começei a tocar Betterman e o gajo sabia-a toda...e lá ficou sem o caldo verde que estava nas suas mãos. E lá foi o amigo de leste embora segundos depois, estava a fazer uma pausa de meia-hora. Descemos para ir ás malas jantar, levei a viola, sempre curtimos e cantamos enquanto as batatas não cozem. Apareceu um colega Português creio que da TNC ou da Brites, cantamo-lhe uma canção em troca de um pouco de vinho. Na noite anterior tinha aberto a unica garrafa que trazia, sempre á espera que a mesma me servisse para um fim-de-semana que passasse fora...ajuda a dormir enquanto as horas parecem não passar. Diz o colega:

- Oh rapazes, até vos dou um copo de vinho, mas está ali a policia e é fodido passar para aqui com a garrafa. Dai aí um copo que eu encho e trago cá...

Levou uma cafeteira...e ainda o ouvimos reclamar e a comentar com outro que se estava a rir do que eu e o Nuno estavamos a armar :

-Ora ora, já me foderam, oh colega, está a ver estes gajos? este é o copo de pedir...o copo de dar deve ser uma chavena...

Que bela pomada bebemos...ainda assim eu e o Nuno fomos amigos do homem, teve direito a mais ma canção. Foi muito fixe mesmo. Com um quilo de morangos o Nuno fez um batido e juntou-lhe mais uns ingredientes e estava o máximo a sobremesa. Fomos para a cabine outra vez e quando já estava escuro ligamos o cb e ouviamos o pessoal falar enquanto passavam a recta...Eu e o Nuno simulavamos que íamos em viagem, cada um no seu camião e a rolar...eu falava com som de radio, passava ao Nuno e punha musica...quem ns ouvia parecia estarmos mesmo a rolar. Passado um bocado ouve-se um colega a comentar para o outro: Dass, que hoje as ondas rádio estão muito boas, estes gajs ainda se ouvem e bem e ja devem ter passado aí há 20 min...foi a gargalhada dentro da caminete. Eu e o Nuno tinhamos conseguido que alguém caisse na história do rádio potente. Lol.

Bem, estava a escrever-nos enfiado num barraco em Seia, enquanto me descarregam o camião e eu aguardo ansioso a sada daqui para o parque. Nao sei um carai de Francês, mas se me quero safar agora que andam aí os emigrantes, terei que saber expressar-me na lingua deles faladas nas esplanadas do meu rico Portugal. Portanto, aqui segue um pequeno ensaio como despedida deste texto:
Mons amis, Xsara, je va de vacances.

2 comentários:

Joni disse...

Boas Férias Joca.
Aproveiota-as bem que passam de forma fugaz.
Grande abraço!

Anónimo disse...

Ola,favo de mel! Neste andamento vou ficar c diabetes ;)

bem,passei pra te dizer k o formato de texto do teu blog ta mto mais fixe assim...facilita imenso a leitura;podes continuar!!

Sei k hj foi o teu primeiro dia de férias...disse me o Zé Ricardo :)
E entao,o k fizeste hj??Começaste as ferias em grande ou nem por isso??

Va!! desejo te umas boas ferias...aproveita bem a tua familia,os teus amigos,a musica e claro o teu Xsara k coitado,das lhe pca assistencia.

Bjinho meu kerido!
Boas Ferias pra ti;Sandalita