segunda-feira, 8 de junho de 2009

A bateria

Foi neste flash que iluminou todo o Porto de barcelona que a bateria se fod...lixou

Sr fulano de tal...


Ando a precisar de umas férias...o meu corpo já vai pedindo, o novo contexto familiar quase exige até para me situar e enquadrar com a situação. Quase deixei de ter tempo só meu...mas é por uma boa causa e então enquanto houver baterias eu cá estarei. E é de baterias que vos venho falar, não das baterias que por vezes nos irritam tanto quando não conseguem sequer fazer o motor roncar só um pouco. Não dessas que temos que ver a água ou pedir ao menino Jesus e a todos os Anjinhos que nos ajudem por milagre quando não houver carga electrica para devolver a marcha do veiculo ao caminho de casa. Falo das baterias da minha máquina fotografica digital. Ai, a minha cabeça precisa de férias...mas que raio de mês para a minha máquina fotográfica. Primeiro não sabia dela. Procurei tudo...fizemos mudanças em casa e ocupei outra parte e andei lá á procura e nada. Mergulhei no carro do sport billy (também tem quase tudo) e nada. Onde anda a máquina afinal? A semana passada encontrei-a, mesmo aqui a olhar para mim como quem ri e me chama carinhosamente cego. Mas que raio de mês...adiante.
A mais recente viagem fui para Lyon.O tempo de entrega ermitia e então seguiu-se pela estrada do centro...já havia muito não passava lá. N fundo pude comprovar tudo o que na anterior seca que vos dei (a quem parece que não tem mais nada que fazer e se põe a ler esta merda ), mas desta vez com mais tempo para certos pormenores. Vi muitas placas negras verticalmente expostas nas bermas, algumas asseadas com recentes ramos de flores, saudade traduzida de alguém, outras ali apenas para lembrar quem anda na estrada. Lembrei-me de fotografar algumas e depois mostar aqui nesta caverna vestida de blog. Estiquei-me enquanto conduzia e nada, não lhe chegava e não podia parar, não podia sequer perder a noção da condução por causa da máquina. E olhava para ela e ignorava-a ao mesmo tempo que a desejava na mão a fotografar a zona para mais tarde observar atentamente o que não olhei por estar a trabalhar. E fui naquela luta quase quatro horas, a ignora-la, a convencer-me que mais viagens teria por ali e que poderia até numa delas ter a possibilidade de parar mesmo para capturar o testemunho fotográfico da coisa. Qautro horas, momento de pausa para o corpo, para a mente...há que dar uma vista de olhos ás capas dos jornais expostos nas areas de serviço. O tempo passa rápido e regresso ao camião. Preparo que que entendo poder necessitar no próximo periodo de condução. Água fresca no frigorifico, sumos, duas sandes, uma peça de fruta, tabaco com força e a máquina. Sim, lembrei-me da máquina e toca a coloca-la aqui, mesmo junto ao volante. Passo Angouleme, sigo por Bellac, e já perto de Montluçon a beleza das estradas nacionais Francesas (algumas para passeio são fixes...mas para trabalho não me agradam...nada mesmo). Olho o retrovisor, nada na manga, nada no bolso e zás, ei-la ali na minha mão pronta a registar o momento. Tudo pronto para mesmo sem ver capture então as imagens que pretendo e siga, toca a dar ao dedo enquanto os olhos vão na estrada...e as putas das baterias népia. Nem para a luz piloto davam. Ora bolas...andei ali um dia a preparar o momento e as baterias tinham ido embora para sempre.
Á hora marcada para descarga lá estava a abrir o camião. Depois de confirmar a recepção correcta da mercadoria e recolher os documentos de carga saio da unidade fabril. Quase nem acendo um cigarro, uma msg cai e é daquelas mensagens que desejamos...carga.
Faço-me de novo á estrada, o trajecto escolhido para o local de entrega leva-me a Andorra la Velha...Ainda em Perpignan me despeço da A9 em direcção a uma nova fronteira pela qual nunca sonharia passar até porque nem o nome dela sabia mas la segui. A entrada da RN 116 até nos recebe bem...quase ao nivel do mar, abre-se como se uma auto-estrada fosse...a faixa larga é sempre muito apreciada pela malta do volante. O meu velho mapa de França dizia-me que iria apanhar estrada acidentada, com passagens por montanhas mas nunca pensei subir aos pirineus que ainda conservam neve no cume. Os ouvidos estouram, a subia é ingreme, a estrada é estreita e a xalecazita lá vai usando a potência para puxar as 24 tons Pirineus acima...Só para transmitir uma noção da estrada travei muitas vezes a subir e nem dos 40kmh passei...é que nem os 460 cavalos da xaleca tinham tempo ou espaço para galoparem. Liga o meu operador (é benfiquista e quem assim é só tem o que merece...) e eu transmito posição e informo-o da má aventurança da escolha de itinerário. Por um lado ía aborrecido, tipo, foi mesmo mau o tempo perdido, mas gratificante pela imponência dos Pirineus e as suas casas tão particulares. subi montanhas, serpenteei entre elas, pertenci-lhes...passei desfiladeiros com centenas ne metros de altura...onde escondi o meu medo para dar lugar antes á observação possivel de tudo quanto de belo a natureza deu e eu nunca houvera visto. E a descida acontece sob chuva...dos 1800 mts de altitude aos 700 foram pouco mais de vinte minutos. De novo os ouvidos, as garrafas de água a encolherem-se fruto da pressão, o motor surdo e montes de sons misturados que não distingui...os ouvidos estalam, eu tento manter todos os sentidos despertos...sim, o cheiro também, porque cheira a mimosas lá...ou outro perfume daquelas montanhas que dançam, que de noiva de Inverno se vestem para na Primavera se despirem em flores e aromas...olho a máquina e ela não tem pilhas, as baterias não aguentaram o abandono...há coisas que se perdem e essa viagem foi isso mesmo...perdi a oportunidade de partilhar algo tão belo mas ganhei nos sentidos, ganhei na alma e sobretudo descobri até algo de mim, algo novo... Mas enquanto escrevo olho para a máquina e penso que já é hora de mudar as pilhas. As tais baterias que não sao aquelas que nos deixam apeados quando menos esperamos. Talvez nas férias me lembre das pilhas e tenha tempo de ir á loja do Cheng comprar um par delas, com garantia de 2 horas de vida util...

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