Esta foto, na proa de um navio, faz de mim uma espécie de...Tom Sawyer dos Camiões...e eu gosto!!!
sábado, 20 de setembro de 2014
Não sei...Eu sei lá?
Sr fulano de tal...
Deslizo na estrada que me passa sob as rodas. Todos os sons e ruídos em breve se tornam num silêncio, vazio. Passo horas sem ouvir nada, horas em que os sons giram , os ruídos rasam os ouvidos, mas fingem não me ver e passam, sem me invadirem. Encontro o mais profundo silêncio enquanto conduzo, perturba-me a calmia da noite, perturbam-me as vozes nocturnas que nascem no meio da noite quando apenas tento dormir embalado pelo rádio que depois de uma hora, adormecerá também. Há uma cortina que se fechando, transforma tudo. o habitáculo eixa de ser a cabine, passa a ser apenas o único local de mundo quando o Chão Nosso me falta sob os pés. Não sei se tenho mais mundo para lá das vidraças da Xica enquanto, silencioso e mudo, rolo pelas estradas que desafio, ou se encontro mais universo oquando deixo de espreitar pelas vidraças e isolo o habitáculo do mundo. O inverso do mais fantástico Teatro que mostra o mundo quando as cortinas se abrem. Eu tenho o meu mundo e o meu universo ali, em pequenas coisas. Uma viola, uns cadernos para escrever, livros para ler, lápis para desenhar, filmes para ler e o telemóvel que me liga a outros mundos. É ali, de cortinas fechadas que encontro a paz de pensar. De sentir e lembrar cada palavra, cada sorriso, cada expressão bela. De cantar, de desenhar, de poder estar comigo mesmo sempre no mesmo sitio e ao mesmo tempo em locais diferentes. Pergunto-me: Porquê?
Ansiedade. Há um espirito de missão em cada viagem, tenho a minha função que não pode falhar no processo que envolve cada viagem. Cada descarga é um alivio e cada espera intranquila por saber que novo destino me espera. A ansiedade do regresso a Portugal apodera-se de mim. Pensar que cada dia é menos um dia que falta, pensar que cada km em direcção a Portugal é mais grato porque me leva ás raízes, a quem é importante para mim, leva-me a estar em lugares onde me sinto confortável. O instinto de ao passar Salamanca procurar a Antena1 para ouvir música em Português, para me sentir , ali já, numa antecâmera de fronteira onde já corre o vento de Portugal. Aponto á luz, a mente leva-me pelos mesmo caminhos. Parque, chegamos ao parque. O trabalho fica por ali...solto-me, deixo-me ir, há uma bussola em mim em que o norte me engana. Carro...estou no meu carro, rádio, preciso de rádio. Auriculares, água, tabaco e isqueiro, tudo pronto. Vou, mesmo no meu carro dou por mim a 90. Tenho tempo...se não tivesse faria como tanta vez fiz entre sinuoso percurso a arriscar demasiado. Vou com tempo, sem pressa. Sei que me levo para casa, mas um vazio se arrasta sempre comigo. Acelero, gosta da fase de subida á Serra de Montemuro...distraio-me dos pensamentos e coloco-me na estrada. Um prazer conduzir, assim, numa espécie de subida de seda para o lugar onde os olhos encontram, bem lá em cima, a imensidão do que o olhar consegue ver. Tudo me é cada vez mais familiar, passo a barragem do Torrão e eis-me: o sitio ao qual pertenço. brotei desta terra...Mas a cada noite, são menos as horas que durmo. Talvez a cama seja demasiado grande. Talvez o meu quarto me seja estranho por me faltarem aqueles objectos referencia, aqueles que me rodeiam por meros objectos que sejam. Pergunto-me: Porquê?
Talvez seja a pergunta que mais faço a mim mesmo. Talvez me irrite comigo mesmo por evitar sentir o medo de uma resposta que me desse, ainda que mais racional do que emocional, mas tenho a certeza da resposta que deixo como gorjeta na minha banca de auto-questionários. E essa resposta está no título deste texto que estes dedos a escorrer de fumo, escreveram. Está no título...porque ás vezes as melhores respostas estão no inicio de tudo.
Escrito ao som de...
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